15/02/2022 - Grande Expediente Daniella Daniella

Daniella

Aniversário: 27/07
Profissão: Nutricionista

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A SENHORA DEPUTADA DANIELLA (sem revisão da oradora) – Senhor Presidente, Senhores Deputados, Deputadas, imprensa, telespectadores que nos acompanham por meio da TV, ouvintes da rádio, internautas. Bom dia a todos vocês. Hoje, eu poderia subir a essa tribuna para falar sobre as nossas inúmeras ações parlamentares como deputada. Poderia subir a essa tribuna para falar sobre nossa extensa agenda no final de semana. Mas hoje eu peço licença a essa Casa. Eu peço licença a todos os deputados que aqui estão, para eu abrir meu coração para todos vocês. Eu venho aqui para falar por mim, eu venho aqui para falar por todas as mulheres, deputado Roberto. Eu venho aqui para falar pela minha família e para falar especialmente pela minha filha Júlia, que tem apenas 10 anos de idade. Nos últimos meses, eu tenho sofrido inúmeros ataques do tipo: mulher bonita é como alça de caixão - quando um larga, já tem outro botando a mão. Deputada Daniella Tema é a nova novinha do velho da lancha. A máscara da Deputada Daniella caiu. A Deputada Daniella se recusa a trocar sobrenome. Após traição, deputada maranhense rompe casamento com ex-prefeito... Dessas matérias que eu li, talvez a única que tem um pouco de verdade do título seja essa aqui: Após traição, deputada maranhense rompe casamento com ex-prefeito. Realmente, após as inúmeras traições que eu sofri, eu resolvi dar um basta nesse casamento e hoje eu vim aqui para romper o silêncio e para contar para todas V. Ex.ªs que estão me acompanhando um pouquinho da minha história com o meu ex-marido. Acho que está na hora de todo mundo saber. Eu me casei aos 23 anos de idade. Eu me apaixonei, naquela época, por um homem envolvente, por um homem experiente. Eu fui contra a minha mãe pela primeira vez, porque eu nunca tinha contrariado nem meu pai, nem a minha mãe na vida, mas eu fui contra os meus pais, eu fui contra a minha família e fui julgada, na época, por estar me envolvendo com um homem mais velho, com um homem mais experiente, mas eu me apaixonei e resolvi viver aquela paixão, eu resolvi viver aquele amor. Eu me casei, fui muito feliz por muito tempo, por muitos anos, até começar a descobrir as inúmeras traições que eu vinha sofrendo dentro do meu casamento, algo doentio. Todas as vezes que eram questionadas, todas as vezes que ele era questionado, eu ouvia dizer absurdos, que eu acho que não vale nem a pena trazer a esta tribuna. Eu era diminuída, dizia que ele havia me feito, que eu era quem eu era porque ele havia me feito. Quando a gente brigava, ele dizia: “Pois sai, vai embora, sai da minha casa”. No entanto, suportei como mulher, assim como muitas mulheres aguentam e suportam, porque querem manter a família, porque querem criar seus filhos. E eu tenho uma filha de 10 anos de idade que, infelizmente, presenciou muita coisa. Quantas vezes eu cheguei em casa e tive que enxugar as lágrimas para minha filha não me ver chorar. Agora, diante de tudo isso, talvez, aliás, talvez não, eu acho que ninguém sabe o que eu passei nos últimos dias, porque é difícil acolher uma mulher, é mais fácil apontar. O homem não, o homem todo mundo aplaude, bate palmas, agora a mulher é muito mais fácil ser apontada e julgada. Agora em janeiro, minha filha completou 10 anos de idade e, no dia do aniversário dela, eu fui escorraçada de casa, esse é o termo que eu vou usar aqui para todos vocês, porque foi o que aconteceu. Eu saí da minha casa com a roupa do corpo porque ele veio do interior e todo mundo começou a me ligar pedindo para eu sair de casa. Eu saí de casa com a roupa do corpo no dia do aniversário da minha filha. Eu tive que dizer para minha filha que nós estávamos indo para aquele hotel porque eu queria dar um dia diferente para ela, porque não é justo uma criança de 10 anos saber tudo o que estava acontecendo, simplesmente porque eu quis colocar fim numa relação falida, que já não existia há mais de um ano, que nós já estávamos separados de corpos há muito mais de um ano. Eu dei entrada no divórcio no mês de setembro. Até isso a gente tem dificuldade. É impressionante: uma coisa que era para simples a gente tem dificuldade. Eu estou separada de corpos do meu ex-marido há mais de um ano. E ele sabe disso. Nós dormíamos em quartos separados. O que mais me dói é porque, durante todo esse tempo, eu sempre o apoiei, eu sempre comprei as causas dele e, todas as vezes que eu precisei, comigo não aconteceu. Vocês que aqui estão são testemunhas durante o tempo que eu estou aqui nessa Casa. Quantas brigas já foram compradas por mim? Quantos eventos importantes vocês já me viram acompanhada dele? Quantos eventos eu já deixei de ir por não ter companhia para me acompanhar? Mas eu tinha que aguentar isso porque a sociedade exige isso da gente. A sociedade exige isso da gente. Infelizmente a gente vive hoje em uma sociedade machista, misógina, onde o homem ele é aplaudido e a mulher tem sequer o direito de falar. E hoje eu venho aqui nessa tribuna não só por mim. Eu tenho uma filha. Eu venho principalmente pela minha filha, porque hoje a minha filha tem 10 anos e tudo que está sendo feito contra mim, minha filha vai estar acompanhando daqui algum tempo. Eu acho que o mínimo que se poderia ter era respeito pelo menos por uma criança. Ontem eu cheguei em casa à noite, mais ataques, mais ataques, mais ataques, porque os ataques não param. E tive que enxugar as lágrimas. Cheguei, ela estava na sala e tive que enxugar as lágrimas para entrar em casa e não mostrar para ela o sofrimento que a mãe estava tendo, porque ela sente. Ela chora junto comigo, ela já entende, ela já pergunta, ela já questiona, então eu evitei muito. Não queria, de forma alguma, usar esse espaço. Eu evitei me pronunciar todo esse tempo. Eu aguentei tudo calada, em respeito principalmente a minha filha, afinal de contas, esse homem de quem eu estou falando é o pai da minha filha e eu não queria trazer esse tipo de coisa. Eu não queria dividir esse tipo de coisa com todos vocês. Quem me conhece sabe que eu sempre fui muito reservada com a minha vida particular. eu nunca fui de expor a minha vida privada. Eu nunca fui de expor a minha vida particular. Eu sempre impus respeito para todos os meus colegas parlamentares aqui da Casa, que conhecem a minha trajetória, que conhecem o meu trabalho. E, infelizmente, ver isso tudo acontecer, você não ser acolhido, você ser julgado, você ser apontado sem buscar sequer conhecer a realidade de todos os fatos, eu nunca pensei em ter que vir aqui nesta tribuna, ter que fazer isso. Mas eu acho que tem coisa que é inevitável. Tem coisa que é inevitável. Eu não me preparei para este momento. Eu não me preparei para passar por tudo o que eu tenho passado. Tenho tentado. Eu preciso continuar trabalhando. Eu acredito muito, vou continuar buscando o meu propósito, principalmente agora por tudo que eu estou vivendo, que é de defender todas as nossas mulheres maranhenses, eu me defendendo, eu falando, eu acredito que eu estou sendo voz de tantas mulheres que têm sido vítimas de violência psicológica como eu tenho sofrido nos últimos dias, e o recado é: ‘Te prepara que não vai parar por aí!’, eu ouço coisas absurdas, eu vou te destruir, eu ouço, me desculpe os termos que eu vou usar, mas, são os termos que estão sendo usados por esse homem que se diz político, que é o meu ex-marido, por onde ele anda, eu tenho certeza que alguns de vocês talvez já até tenham ouvido isso dele, é de “puta”, é “vagabunda”, são esses os piores adjetivos que eu tenho recebido. Eu tenho certeza que eu não mereço isso. E de repente, eu virei uma “puta”, de repente, eu virei uma “vagabunda”, de repente, eu virei uma “bandida”, por que simplesmente eu não quis dar continuidade numa relação falida, porque simplesmente eu não quis atender a proposta que ele me fez de continuar um casamento de fachada, como nós vínhamos vivendo. E é impressionante, é impressionante a forma que as pessoas se comportam, eu não desejo para ninguém passar, que nenhuma mulher passe o que eu tenho passado, e tenho passada calada, até aqui, porque, a partir de agora, eu vou romper o silêncio, a partir de agora, eu vou falar, eu não vou mais aguentar todos esses abusos, todos esses insultos calada, como eu tenho aguentado até aqui. Eu espero de verdade que outras mulheres também rompam esse silêncio, porque eu tenho certeza que a minha dor hoje, não é uma dor que é só minha, eu tenho certeza que muitas mulheres vivem essa dor. A diferença é que eu tive coragem de romper um casamento falido que já não existia, um casamento de fachada. Eu sei que as retaliações vão vir; eu sei que os ataques vão continuar, mas agora eu não vou estar mais silenciada. Agora, eu vou falar. Agora, eu vou me defender, porque não está sendo justo eu viver tudo isso e não falar.

O SENHOR DEPUTADO WELLINGTON DO CURSO (aparte) - Deputada Daniella, depois a Senhora me conceda um aparte, Deputado Wellington do Curso, por favor.

O SENHOR DEPUTADO DUARTE JÚNIOR – Deputada Daniella, Deputado Duarte Júnior.

A SENHORA DEPUTADA DANIELLA – Pode ficar à vontade, Deputado.

O SENHOR DEPUTADO WELLINGTON DO CURSO – Deputada Daniella, nesse momento que dirijo a palavra a V. Ex.ª é com dever de justiça. Por que dever de justiça? Primeiro que eu passei a conhecê-la na tribuna da Assembleia Legislativa no Estado do Maranhão, nessa legislatura, eu não a conhecia, e eu pude perceber a grandiosidade da mulher que habita nesse mandato, e trago à memória uma viagem que nós fizemos em representatividade na Assembleia Legislativa, na UNALE, no Estado da Bahia, e o seu comportamento, as suas atitudes, e a partir daquele momento, a Senhora sabe que o meu tratamento com V. Ex.ª é de amizade e de irmandade. Eu estava com um evento na cidade Urbano Santos, me desloquei durante toda a noite para chegar a tempo, para prestigiar um evento de V.Exa., lá na cidade de Tuntum, e capotei o carro, chegando na cidade de Tuntum, porque eu tinha me comprometido com V. Ex.ª. É o respeito, é amizade. E digo para V. Exa., neste momento, que hoje é um marco na história da Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão. Nós, com os nossos mandatos, a nossa representatividade, trazemos as angústias, as dores das pessoas para a tribuna da Assembleia, mas, muitas vezes, não somos ouvidos, somos silenciados, somos calados no exercício do nosso mandato. Hoje tem uma parlamentar, uma mulher que vem sofrendo no seu dia a dia, tendo que ficar em silêncio e é a procuradora da Mulher na Assembleia, que recebe as denúncias, o clamor de pedido de socorro de muitas mulheres. Hoje V. Ex.ª passa por cima de sua vaidade, passa por cima da sua vergonha, trazendo à tribuna da Assembleia e para todos nós, para o estado do Maranhão a sua vida pessoal, com sua filha criança. Como a senhora tem sofrido! Receba a nossa solidariedade, receba o nosso apoio incondicional. O rompimento do silêncio, na manhã de hoje, conta com nosso apoio ao seu mandato, apoio a senhora como mulher. Nosso apoio incondicional a V. Ex.ª. Que outras mulheres, neste momento, possam sentir não só representada, mas para que possam romper o silêncio diante da angústia e do medo. Hoje V. Ex.ª rompe o medo, hoje V. Ex.ª rompe o silêncio, hoje é um novo marco na sua história, hoje é um novo marco na história da cidadã, da mulher, da parlamentar Daniella. Hoje é um novo marco, que Deus cubra de benção sua vida, que Deus lhe proteja de todo mal, de todas inverdades, falsidades, covardia. Conte conosco. Conte com o Deputado Wellington para enfrentar essas adversidades, arbitrariedades, injustiças que V. Ex.ª tem sofrido. Como parlamentar, como seu amigo e como irmão, que eu me intitulo porque eu tenho um carinho especial pela senhora e conheço a sua conduta, conheço as suas atitudes, inclusive por onde eu vou, eu falo que eu a protejo, nas nossas viagens, nas nossas reuniões, eu tenho um carinho especial pela senhora, e a senhora pode contar comigo neste momento e para sempre. Que Deus a abençoe!

A SENHORA DEPUTADA DANIELLA - Amém. Obrigada, deputado.

O SENHOR DEPUTADO DUARTE JÚNIOR - Deputada Daniella, eu queria nesse aparte expor uma situação. Na semana passada, eu pude testemunhar e eu lhe disse naquela oportunidade, Daniella, os maranhenses lhe conhecem como uma mulher forte e não têm ideia de quanta dor V. Ex.ª sente neste momento e o quanto se necessário faz esse acolhimento dentro desta Casa e fora. Para isso, as pessoas precisam saber dessa dor que V. Ex.ª sente. E eu lhe digo aqui, de coração, a mesma coisa que eu lhe disse quando eu entrei na sua sala, no seu gabinete, na semana passada, para pegar algumas assinaturas, para discutir alguns projetos com V. Ex.ª, e me gerou uma grande surpresa, um espanto o seu choro, a sua dor. O tempo ali passou mais de uma hora e V. Ex.ª chorando, e eu não sabia o que lhe dizer naquele momento. Eu tenho certeza de que a sua iniciativa de vir à tribuna da Assembleia, expor essa dor, dar esse testemunho é mais um ato da Daniella corajosa, porque, mais uma vez, Vossa Excelência, por essa atitude brilhante, vai ser julgada. E, nesse sentido, eu trago aqui uma reflexão: no mundo em que nós vivemos, algumas pessoas vão nos amar muito pelas mesmas razões, pelos mesmos motivos, que outras vão nos odiar, que outras vão nos criticar. E como destacou o Deputado Wellington, Vossa excelência, como deputada, mulher, Procuradora da Mulher da Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão, não podia ficar calada nesse momento, não só por aquelas maranhenses que, por vezes, são criticadas e são julgadas injustamente e que as suas vozes quase nunca não ouvidas, mas que quando tem a coragem de gritar, ainda sim, não conseguem ter o acolhimento e a força necessária nesse meio de tanta dificuldade. E eu tenho certeza que Vossa Excelência está fazendo este depoimento, este testemunho não só pelas maranhenses, não só pelas mulheres, mas principalmente pela sua filha, que hoje tem 10 anos. Mas, daqui a dez anos, ela vai acessar o YouTube e vai ver a mãe corajosa que ela tem. E não há forma melhor de educar um filho que não seja através do exemplo. E quero lhe parabenizar, Deputada Daniella, pela coragem e deixar aqui, por fim, uma reflexão, porque, ao fim de um relacionamento, que infelizmente é normal, quando um homem dar início a uma outra relação, ele merece aplausos, ele merece elogios. E quando uma mulher busca aquilo que todos nós devemos buscar, que é a nossa felicidade, busca sua paz interior, por que essa mulher merece ser julgada? O que eu peço a todos e todas que nos acompanham é mais respeito, é mais empatia. E, mais uma vez, parabéns, Deputada Daniella, pois causas como essa precisam ter visibilidade para que nós possamos educar a sociedade em que nós vivemos. Parabéns, Deputada Daniella, estamos juntos e conte conosco.

A SENHORA DEPUTADA DANIELLA – Obrigada, Deputado Duarte. Eu quero aqui agradecer o apoio do Deputado Wellington, que tem sido um grande amigo durante toda essa minha trajetória, um grande companheiro, porque a nossa amizade ultrapassa os limites desta Casa. Quero também agradecer ao Deputado Duarte. Como ele mesmo falou, ele chegou na semana passada em meu gabinete e se deparou com uma Daniella que poucos conhecem. Porque a imagem que a gente tenta passar para as pessoas é a imagem realmente de uma pessoa forte. Eu me vejo como uma pessoa forte, mas eu me vejo também como um ser humano, um ser humano que tem sentimentos e que por momentos fraqueja. E ao Deputado Duarte entrar no meu gabinete, na semana passada, foi com essa Daniella, Deputado Duarte, que V. Exa. se deparou, com a Daniella humana, que tem sentimentos, que não é essa fortaleza toda que as pessoas veem, que por momentos fraqueja, cai, chora. Isso tem acontecido muito nos últimos dias. Eu nunca pensei que eu como defensora das mulheres, que eu como Procuradora da Mulher, fosse viver na pele tanta violência, tanto ódio. Eu nunca pensei isso. Eu quero dizer para todos que estão aqui me acompanhando, para todas, que talvez isso seja até um propósito, não é? Viver na pele, sentir a dor, para continuar a luta. E a partir de agora, eu vou transformar toda essa dor, toda essa humilhação que eu tenho passado em motivação para continuar lutando. Me despeço aqui de vocês usando um versículo bíblico que inclusive tem me dado muita sustentação, que é um versículo de Josué 1-9: “Seja forte e corajoso, não se apavore, não se desanime, pois o senhor teu Deus está por onde você andar.” Muito obrigada. Bom dia a todos!

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