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O SENHOR DEPUTADO NETO EVANGELISTA (sem revisão do orador) – Senhor Presidente, senhores deputados, senhoras deputadas, todos que nos acompanham por meios digitais, TV Assembleia, imprensa que se encontra presente aqui nesta sessão. Presidente, Deputados Vinícius, eu quero tratar de um assunto aqui que ontem o STJ julgou e que, talvez, não esteja entendendo o que está julgando. Inclusive nós vamos propor aqui, na Assembleia Legislativa, uma audiência pública para trazer as autoridades deste estado para compreenderem, Deputado Hélio, o que é hoje a realidade das famílias que têm pessoas com autismo, porque, data venia, desculpem os senhores deputados, o que o STJ fez ontem foi um crime, porque este rol taxativo na ANS é excludente e mata. Primeiro que o Sistema Único de Saúde do país não dá conta de atender as pessoas com autismo. Aqui no estado, agora, até crianças com autismo só são atendidas até 12 anos de idade, Deputada Betel, como se com 12 anos acabasse o autismo. Se o SUS já não dá conta de atender as pessoas que têm condição de pagar um plano de saúde, que por uma questão lógica, óbvia, aquela resolução da ANS não vai falar sobre todos os tratamentos que existem, senão, ela vai ter fazer uma resolução com a quantidade enorme de papel que vai ser para colocar todos os tratamentos que existem. É por isso que a justiça entendia que aquele rol de atendimentos que tem na ANS, Deputado Hélio, era apenas exemplificativo, porque isso é lógico, isso é racional. Existe um negócio chamado “empatia” que as pessoas têm que procurar se colocar no lugar dos outros. Vá saber como é o dia a dia de uma família que tem uma pessoa com deficiência dentro da sua casa. Quando a família, muitas vezes com medo de sofrer, não aceita aquela deficiência no seu filho. Começa por aí. Não dá para apontar o dedo para essa família, porque ali começa uma labuta. Agora, se o Estado tivesse condições de fazer o tratamento em todas as crianças com autismo, tudo bem, o STJ podia ajudar desse jeito, mas não dá conta. Não dá conta e mais uma vez o Judiciário vem e legisla, porque aquilo é legislação. Nós temos que chamar a atenção da bancada federal do nosso Estado, para provocar e colocar em pauta, todos os tratamentos devem estar lá, então, na resolução da Agência Nacional de Saúde. Você quer resolver um problema? Você quer ajudar alguém? Se coloque no lugar! Sabe, já não basta a dificuldade do dia a dia, o sofrimento familiar, ainda vem autoridades criar mecanismo novo, de autonomia pedagógica, vem a Justiça dizer que não precisa fazer todos os tratamentos nessas crianças. Ah, rapaz, paciência! Vá viver um dia dessa família. Se coloque no lugar. É por isso que nós vamos fazer uma audiência aqui e vamos chamar as autoridades para que eles possam entender, graças a Deus e à luta dessas famílias, pela primeira vez o IBGE vai dar o número de pessoas com autismo que existe nesse país. Porque, por enquanto, ainda estava tudo no escuro. Nós estamos em 2022, gente! Nós estamos com um número altíssimo de crianças que nascem com autismo e as autoridades não se tocaram ainda para isso. A gente vive momentos ainda de preconceito. Preconceito é uma das maiores ignorâncias que a humanidade pode ter. De exclusão. De não aceitar aluno dentro de escola, porque simplesmente tem autismo. Que isso?! Que mundo é esse! Ontem a gente viu vários pais na porta do Ministério Público pedindo socorro. Socorro! Ou o poder público acorda para isso, ou nós vamos adoecer os pais dessas crianças também. Sabe, tenha a empatia, se coloca no lugar do outro. Você não tem. Muita gente, pergunta, Neto você alguma pessoa com autismo na tua família? Não tem, meu irmão! É só tua de colocar no lugar do outro. No dia que a gente entender isso, pode ter certeza que todas as políticas públicas, todas as decisões judiciais vão melhorar. Eu disse aqui, Deputado Vinícius, V.Exa., estava lá na vista do atual governador em exercício, o presidente do TJ. Que o maior ganho que o nosso estado vai ter com essa passagem dele no Poder Executivo é porque ele está rodando no estado enquanto governador, está conhecendo a realidade de cada ponto do nosso estado, o sofrimento das pessoas e eu pedi a ele que quando ele retornasse ao Poder Judiciário como chefe daquele Poder aqui no estado da justiça comum, ele passasse o que ele ganhou de conhecimento social, do conhecimento humano para os pares, porque naturalmente o processo é um papel, ele é frio, ele não passa emoção do que aquelas famílias estão vivendo quando um juiz vai decidir. Sabe então o que a gente tem que fazer com os nossos poderes, seja Legislativo, Executivo, Judiciário é humanizar e colocar uma palavra à frente disso tudo. Empatia. A gente vai resolver muitos problemas. Tenho certeza disso. Desculpa pela forma como me excedi, senhor presidente, senhores deputados, mas é porque realmente são coisas que revoltam no dia a dia da gente. Agradeço ao presidente da sessão.