28/04/2016 10h00

Quando pensávamos que a imprensa brasileira não poderia nos surpreender,

eis que surge a mais vendida Revista semanal e arrebenta todos os critérios de

noticialibilidade. Fase difícil a nossa!

“Bela, recatada e do lar” soa tão período colonial. Chego a ter vergonha alheia

de quem escreveu tamanho disparate. Não sei se o pior é a infâmia, a piada,

ou o mais puro preconceito mesmo.

A matéria da revista gerou polêmica e milhares de pessoas, publicaram em

suas redes sociais "memes" ironizando as características atribuídas pela

publicação à vice-primeira- dama, consideradas misóginas.

Antes de tudo é bom lembrar que o termo Primeira-dama já é um termo

machista porque não existe equivalente pra homem. E em nossa sociedade

machista, não existe porque o que se espera é que o homem seja o político

que está no poder, enquanto a mulher seja apenas sua esposa, decorativa.

O texto nada mais é que um elogio, pobre e bobo, ao fato da vice-primeira-

dama ser discreta, falar pouco e usar saias na altura do joelho. Conteúdo

comum, nas revistas de comportamento feminino da década de trinta.

É claro que houve uma clara intenção de impor um estereótipo do que seria o

comportamento adequado de uma Mulher. É como se dissessem: mulher boa é

a esposa, a “que está por trás de um grande homem, a submissa”.

A imprensa conservadora não satisfeita com a manipulação e a tempestade de

matérias tendenciosas, agora quer impor o perfil da Mulher ideal. Com este

desserviço, conseguiram, na verdade, vender um pouco mais de revistas e

uma superexposição da pior forma possível. Pobre, machista e infeliz!

Quero deixar claro que não vejo problema algum na Mulher que escolhe ser

dedicada a família e ao lar. Afinal, o importante é ela ter o direito de ser o que

bem entender. Também não existe nenhum problema com a vice-primeira-

dama. Quem criou o constrangimento para a personagem “Bela, recatada e do

lar” foi a própria mídia.