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Sessão Solene Especial José Sarney (Discurso do Deputado Roberto Costa)

19 de junho de 2024

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Transcrição

O SENHOR DEPUTADO ROBERTO COSTA – Quero saudar aqui a nossa Mesa, em nome da nossa Presidente Iracema Vale, saudar aqui o nosso querido Governador Carlos Brandão. Saudar aqui o nosso ex-deputado Estadual dessa Casa, Deputado Federal, hoje, Ministro dos Esportes, nosso querido André Fufuca, que também essa semana que passou foi homenageado também nessa Casa. Saudar aqui nosso Presidente do Tribunal de Justiça, Desembargador Froz Sobrinho, feliz com a sua presença e todo o Tribunal que sempre se faz presente e toda a Justiça do Maranhão. A gente vê aqui também a Justiça do Trabalho, Doutor Jerson, Doutora Ilka, o nosso Ministério Público também aqui presente. Quero saudar a nossa querida Deputada Federal e nossa eterna Governadora Roseana, da qual nós temos todo um carinho especial por tudo aquilo que ela fez de transformação no Maranhão e que, até hoje, é marcado também na história do nosso Estado. Quero saudar aqui o nosso Primeiro-Secretário da Mesa Diretora, nosso querido Deputado Antônio Pereira. Saudar aqui o nosso Procurador-Geral de Justiça, doutor Danilo Castro, na qual também saúdo a todos os Procuradores, Promotores. Aqui também, eu estendo esses cumprimentos ao doutor Eduardo Nicolau também que foi um grande parceiro nosso, enquanto Procurador-Geral e que sabe que tem todo nosso respeito também desta Casa. Quero saudar o nosso Presidente da Famem, o nosso prefeito de Santo Antônio dos Lopes, Bigu de Oliveira, que também se faz presente, saudar o nosso Presidente da Academia Maranhense de Letras, Desembargador Lorival Serejo, queria saudar também aqui Dom Xavier de Gilles, que se faz aqui presente nosso querido Dom Xavier. Saudar o ex-Governador também Zé Reinaldo Tavares que faz presente nessa cerimônia e, de forma muito especial, saudar o ex-governador, João Alberto, que é uma pessoa que tenho, digamos, a minha vida marcada pela nossa relação de ensinamento de tudo aquilo que eu consegui fazer também como político devo muito ao Senador João Alberto. E saudar o nosso querido Presidente Sarney. Me perguntaram há pouco, quando eu cheguei se eu estava nervoso, eu disse: presidente que é uma mistura de nervosismo, apesar de estar na quinta legislatura nesta Casa e felicidade e muito agradecido a Deus por ter me dado essa oportunidade, primeiro, de ser deputado e de estar hoje aqui nesta tribuna podendo fazer as homenagens a esta figura para mim extraordinária. Esse encontro, eu nunca disse isso para o Presidente Sarney, Governador Brandão, ele era para ter acontecido há quase 40 anos, em 1985, na primeira chegada do Presidente Sarney, o filho ilustre do Maranhão, que visitava o Maranhão pela primeira vez como Presidente da República. Eu tinha 11 anos de idade, eu comentei essa história com a Presidente Iracema, ela disse que eu era menino de rua, e, realmente, não deixava de ser menino de rua, menino ali do bairro do Codozinho, ali da rua Euclides da Cunha, da região ali que eu digo para ela que é o estado Madre Deus. E, realmente, a gente vivia ou em um bloco de carnaval que era nosso, era a Turma do Saco, ou vivia na rua, brincando. E eu escutei uma notícia – na época, com 11 anos – que ia ter uma mobilização no bairro, porque estava chegando o Presidente da República no Maranhão, pela primeira vez, que era o filho do Maranhão. E aí houve uma grande mobilização na cidade do Maranhão para receber o Presidente Sarney e, na minha rua, tem uma brincadeira carnavalesca chamada Turma do Saco, e as brincadeiras culturais todas foram mobilizadas – a Turma do Saco, a Turma do Quinto, a Flor do Samba –, todas as brincadeiras culturais, e eu, Dr. Buzar, com 11 anos, entrei no ônibus para ir até o aeroporto, disse que para ver o Presidente da República chegar, a inocência da criança, fui para o aeroporto e, naquele tempo, vocês imaginam o tamanho da mobilização de pessoas que tinha no aeroporto. Claro que eu não consegui olhar o Presidente da República José Sarney. Mas Deus é tão perfeito nas suas decisões, Dr. Alberto Tavares, que ele é capaz de fazer que o impossível possa se tornar possível. Queria eu, por vontade dele, por essa Assembleia aqui, que tem quase 190 anos, ter passado despercebido durante a vida política do Presidente Sarney, não ter tido essa oportunidade de já ter saído esta homenagem. Às vezes, não é que se esqueceu da homenagem; às vezes, é pela importância que o Presidente teve no Maranhão, no Brasil e no mundo; às vezes, a gente acha que a homenagem se torna pequena. Mas eu costumo dizer, o Presidente Sarney, no Poder Legislativo, a maior homenagem que nós poderíamos fazer para ele já foi feita e se encontra aqui atrás: “Não há democracia sem Parlamento livre”. E hoje eu estou aqui para fazer, meu Presidente, aquele encontro do menino do Codozinho com o Presidente Sarney. Dizer que, quando eu propus a concessão da Medalha do Mérito Legislativo Manuel Beckman ao homenageado, deparei-me com uma situação especial para mim. Homenagear José Sarney, o homem com quem convivo, mas que é a maior personalidade do nosso tempo. Estou falando do José Sarney que se fez jornalista aos 16 anos e que, aos 22, se tornou Membro da Academia Maranhense de Letras, aos 36 anos, elegeu-se Governador do Maranhão, liderando o movimento de renovação que criou um Maranhão moderno e que, anos depois, Presidente da República, comandou a transição do Regime Militar para a democracia plena no Brasil. Me refiro ao José Sarney que, ao longo das décadas envolvidas nas árduas lutas políticas, conseguiu ao mesmo tempo ser intelectual e ter gênio para produzir uma obra literária vasta e rica. O José Sarney, que hoje recebe as honras deste Parlamento, é um homem que, sob a tenção das lutas partidárias, conseguiu produzir obras do quilate literário de “Norte das Águas”, “O dono do Mar”, entre outras que o levaram à Academia Brasileira de Letras, da qual hoje ele é decano. O José Sarney, que recebe as honras dos atuais deputados estaduais do Maranhão, é um homem que, em meio a tudo isso, muitas vezes, sob tensão extrema, tornou-se um ícone da gentileza, da afabilidade, da atenção, do sorriso fácil, da boa conversa, do respeito a todos os credos religiosos e políticos. Senhora Presidente, senhores deputados, senhores convidados, o homem por nós escolhido para homenagear com a Medalha do Mérito Legislativo Manuel Beckman é o José Sarney estadista, no mais amplo sentido da palavra. Fiz a escolha porque o estadista José Sarney é o resultado da soma do político, do intelectual e do homem gentil. O Mérito Legislativo Manuel Beckman lhe cabe, porque ele é o político que enxergou e continua enxergando o Maranhão e o Brasil com os olhos do futuro e com a luz do otimismo. José Sarney é o melhor exemplo do político ousado que foi suavizado pelo poeta, e cuja visão do mundo real, complexo foi construída a quatro irmãos pelo escritor, em especial, o cronista que enxergou mais longe e certamente inspirou o político na construção do seu legado. O José Sarney nasceu do José Sarney advogado. O estadista se transformou exatamente por essa sua veia jurídica, que cedo compreendeu que o direito é a base da democracia, e jamais fugiu dessa régua. Daí surgiu o jovem líder que teve a coragem e a ousadia de iniciar a transformação do Maranhão velho para o Maranhão novo. O jovem José Sarney encarnou a mudança, encantou os maranhenses e recebeu, nas urnas de 1965, a missão de transformar o Maranhão. Ele mudou aquela realidade com a ajuda de uma geração de maranhenses comprometidos com o futuro do estado. Com um governo dinâmico e envolvente de apenas três anos e meio de duração, transformou a realidade maranhense criando as bases de um estado promissor. Nós somos testemunha de que as bases do atual sistema rodoviário maranhense são as linhas que ele traçou. No eixo econômico, o melhor exemplo é o Complexo do Itaqui por ele projetado, foi a senha para trazer a ferrovia Carajás para o estado. No seu governo, São Luís viveu uma verdadeira revolução urbana com a abertura para o São Francisco, para a região do Bacanga e na direção do Tirirical. Começou, naquele tempo, a ser a cidade que é hoje. O Maranhão que José Sarney recebeu, em 1965, foi transformado e incluído no mapa da modernidade. Ao passar a faixa, eleito senador da República, o jovem ex-governador já tinha os traços nítidos de estadista. Foi como senador que se consolidou como um ás da política, e foram a sua habilidade e seu aguçado senso de realidade que o levaram a deixar o Arena e criar a Frente Liberal, quebrando a base do regime militar. Nesse processo, filiou-se ao MDB, tornou-se vice na chapa de Tancredo Neves, o líder mineiro a quem as forças democráticas entregaram a liderança do movimento que daria fim à ditadura e restauraria a democracia. Assim aconteceu. Só que, por obra do destino, o Presidente Tancredo Neves faleceu, e a desafiadora tarefa de fazer a transição caiu nas mãos de José Sarney. Era o homem certo, no lugar certo, na hora certa! Com calma, paciência, tolerância e resiliência, mas também com firmeza e determinação, o estadista José Sarney fez o mais difícil: comandou uma mudança sem traumas, sem tiros e sem mortes. O viés democrático do estadista José Sarney se cristalizou num dos seus primeiros atos como presidente. Ele legalizou, por decreto, o Partido Comunista do Brasil, tirando-o da clandestinidade. E trago um fato também importante. O presidente assinou, enquanto presidente, em novembro de 85, a Lei dos Grêmios Livres, já que tinha sido tolhido pelo governo militar o direito dos estudantes de se organizarem. Foi por meio da presidência do Presidente Sarney que os grêmios voltaram a ter atividade dentro do movimento estudantil. Consolidou-se, no momento maior da primeira etapa da transição, a convocação da Assembleia Nacional Constituinte que, em 1988, daria ao Brasil a Constituição Cidadã que hoje nos rege. O governo Sarney restaurou a dignidade dos brasileiros por ser voltado para o bem-estar da sociedade. Vieram o Plano Cruzado, o Programa do Leite, o Vale Transporte, o SUS e outras ações que chegaram onde o braço do Estado nunca havia chegado. O estadista José Sarney superou a diversidade no Maranhão, foi acolhido pelo Amapá, o qual representou por mais de duas décadas no Senado, que presidiu por duas vezes, mais nunca se esqueceu do Maranhão. Esse é o homem que mudou o Brasil e ganhou respeito do povo brasileiro e admiração dos líderes do seu tempo, como o português Mário Soares, o argentino Raul Alfonsin, o cubano Fidel Castro, a Rainha Elizabeth, os norte-americanos Ronald Hegel e Jimmy Carter, o venezuelano Carlos Andrés Peres, o colombiano Virgílio Barco e o uruguaio Juan Maria Sanguinetti. Liderou a comunidade dos países de língua portuguesa. Ele foi também amigo dos escritores Jorge Amado, Gabriel García Marques, Maurício Druon, do poeta Carlos Drummond de Andrade e de muitos outros homens de letras e do pensamento. Foi o pensador mexicano Carlos Fuentes que o definiu com precisão. Sarney, o Poeta da Democracia. Esse é o José Sarney integral que esta Assembleia Legislativa homenageia nesta data e o faz presidida por uma mulher, a Deputada Iracema Vale, que como presidente cultiva e preserva a máxima sarneysista que inspira esse Plenário. Não há democracia sem Parlamento livre. E, presidente Sarney, essa Comenda ela já foi feita há uns dois, três anos. Nós fazemos o nosso projeto e Deus faz o projeto dele e o que prevalece é o projeto de Deus. Pela sua história como democrata e fico feliz de ver aqui nas figuras que ouvi muito falar do senhor, do Dr. João Alberto de Souza, do Governador Brandão que, em todos os momentos, realça, primeiro, a alegria dele de ter a sua amizade e ele de todas as formas procura sempre trazer um pouco do Sarney, da história do Sarney, da experiência do Presidente Sarney para suas atividades diárias. Mas Deus queria que hoje fosse essa entrega, porque o senhor está em dois momentos importantes aqui, duas figuras importantes também da história do Maranhão: uma é, que eu já disse isso para ela, a Deputada Roseana, Governadora Roseana, a primeira Governadora do Maranhão e do Brasil. Eu disse que pode passar 200, 300 anos, mas a história vai lá dizendo, quando se perguntar quem foi a primeira governadora da história do Brasil. E vem oriunda também do seu sangue. A outra teve o apoio importante do Governador Brandão, que é a primeira Presidenta da Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão, a Deputada Iracema Vale. Isso mostra que a sua história Deus queria que fosse nesse momento essas homenagens não apenas do Deputado Roberto Costa, não apenas dos meus outros 41 colegas, mas, acima de tudo, do povo do Maranhão, porque é um momento muito especial. Eu me sinto feliz pela relação que mantenho com José Sarney que nos ouve e nos faz sentir importante e com quem aprendi muito e continuo aprendendo. Eu sempre digo que o Presidente Sarney, a gente conversa com ele, Deputado Joaquim, a gente se sente importante porque ele consegue na delicadeza dele, na forma de tratar as pessoas. E aí eu digo a todos, independente da posição que se ocupe, ele faz com que a gente se sinta importante, às vezes, mesmo a gente não sendo, tendo aquela importância para o momento. E ele é de uma gentileza, de uma educação todas as vezes que o Presidente recebe alguma pessoa, isso é experiência, que é que pelos momentos que eu tive também compartilhando da presença dele, ele tem a delicadeza de deixar, todas as vezes, as pessoas na porta. Ele acompanha as pessoas, mas eu fiz uma visita com ele, com a Presidente Iracema, com Dr. Marcos Brandão, com Orleans, em Brasília. E o Presidente tinha tido um acidentezinho, estava com ombro machucado, com dores ainda e sentado. Se levantou para receber. Nós sentamos, ele contou exatamente dos momentos de dores que ele vinha sentindo. Mas, na hora de sairmos, ele fez da mesma forma que fez com todos, mesmo com dor, se levanta e acompanha até a porta. Isso, como eu disse, não é para todos. Isso, por mais que seja uma coisa que a gente tenha que ter dentro do nosso coração e dentro do nosso comportamento, mas é nesses momentos que a gente vê a diferença, ele merece todas as homenagens. Mas hoje, aqui na Casa, me perguntaram o que é que a gente achava da homenagem que nós estávamos fazendo a ele, e eu disse “Não, nós não estamos fazendo hoje homenagem ao Presidente Sarney. Nós é que estamos sendo homenageados por ele, com a presença dele nesta Casa”. E é por isso, Presidente, que eu acho que este plenário está cheio, a Assembleia cheia, com os seus amigos, com os seus familiares, com os seus admiradores. Esse momento não é apenas hoje, desta legislatura de que nós fazemos parte com meus outros 41 colegas. Eu tenho certeza de que a história da Assembleia se faz presente hoje dentro desta homenagem. De todos os deputados que puderam passar por esta Casa, que não estão mais aqui, são hoje inclusive ex-deputados, mas que têm o respeito, a admiração, o carinho e, acima de tudo, a motivação de ver no senhor ainda o seu vigor, a sua vontade e a sua forma de pensar o futuro, isso nos estimula para que a gente possa continuar nesse caminho. É com muita honra que nós que fazemos esse Poder Legislativo entregamos a esse mito vivo a Medalha do Mérito Legislativo Manuel Beckman, a nossa maior honraria. Eu, para encerrar, tem uma coisa que o Ex-Deputado Joaquim Haickel fala muito do Sarney, ontem eu estava falando sobre isso: quem não gosta de Sarney, melhor não chegar perto dele, porque, se conhecer, passa a gostar. Obrigado.