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Pequeno Expediente Carlos Lula
18 de setembro de 2024
Transcrição
O SENHOR DEPUTADO CARLOS LULA (sem revisão do orador) – Exmo. Senhor Presidente, senhores deputados, senhoras deputadas. Eu subo a essa tribuna, Deputado Cláudio Cunha, par falar do fato que tem tomado as manchetes da política brasileira desde o dia de domingo, que é a cadeirada de Datena no Pablo Marçal no debate em São Paulo. A gente não pode, isso é fundamental quando vão analisar esse fato lamentável, analisar apenas somente a violência de se jogar uma cadeira em outro candidato, no adversário. Mas, na verdade, entender todo o contexto de violência, que tem piorado a política brasileira nos últimos anos, Deputado Ariston, a linha que o Datena passou, partiu para agressão física, ela foi ultrapassada há muito tempo por um monte de gente, inclusive pelo próprio Pablo Marçal. Pablo Marçal acusou a Tabata Amaral de ter contribuído para o suicídio do pai dela; acusou, durante a campanha, o Boulos de ser usuário de drogas; e acusou, durante o debate, o Datena de ser estuprador. Só estas acusações são tão graves quanto a cadeirada, porque a gente está cruzando a fronteira da política, está cruzando a fronteira que, durante muito tempo, a gente estabeleceu. Há temas que não devem ser enfrentados durante um debate, uma disputa política, há fronteiras que a gente não deve passar, e, infelizmente, a política brasileira, mais do que isso, a política mundial parece ter ultrapassado, por inúmeras razões, que não vai caber aqui eu, no Pequeno Expediente, tentar explicar. Mas esse mundo que a gente vive hoje, onde a polarização, o debate é influenciado sobretudo em razão das redes sociais, que o algoritmo conta o que dá mais like, o que dá mais audiência, e o que dá audiência é sempre o que causa mais confusão, não necessariamente é o melhor para a política. Como o algoritmo, ele não consegue identificar se aquilo é bom ou ruim, legal ou não é, ele, simplesmente, consegue observar que as pessoas dão mais atenção para aquilo, ele maximiza aquela conduta, ainda que seja uma conduta de ofender, pessoalmente, moralmente, um adversário na disputa eleitoral. Só que vejam só como é curioso, Deputado Wellington, e como é grave o que tem acontecido. O nível de violência é tão alto, mais tão alto que no lugar da sociedade condenar a pessoa que deu a cadeirada, a sociedade está defendendo a cadeirada. Pesquisa qualitativa feita logo após o debate, apontou que as pessoas justificavam, a maior parte do eleitorado, justificava e dizia que o Datena foi provocado o debate inteiro, ele tinha que reagir, estava sendo ofendido na sua honra, mas do que isso, Pesquisa Quest, de hoje pela manhã, já aponta que o Marçal que dizia, matar tubarão com o soco no meio do mar, que até ensinava como se fazia isso, de repente, apanha por uma pessoa com mais 70 anos de idade, ele perdeu pontos, exatamente, porque se provava ser um engodo e não um machão que ele vociferava ser. No final das contas, eu quero apenas tão somente dizer, não vale tudo na política, há fronteiras que não devem ser ultrapassadas, ainda que a população justifique a cadeirada, a gente tem que condenar. Condenar tanto quanto os atos de violência praticados por uma campanha como a que o Marçal faz, com ofensas pessoais, com mentiras, com ódio e com agressão, para sempre tentar fazer a campanha sobre ele, não sobre os outros, não só do que São Paulo precisa debater e discutir. Isso serve de modelo, porque São Paulo é quase um outro Brasil, mas serve de modelo e de imitação para todo o país. E a gente sabe que há políticos no Estado, que tentam mimetizar esse tipo de coisa. E é algo que a gente pede, não dá para a gente tolerar esse tipo de conduta, nem aqui no Maranhão, nem em São Paulo, e nem em lugar nenhum do Brasil, Deputado Antônio Pereira. E só para finalizar, no dia de ontem, o ex-Presidente Jair Bolsonaro, esteve na cidade de Imperatriz, Deputado Antônio. Como ele não tem nenhuma obra no Maranhão, nenhuma obra em Imperatriz, nem uma obra em canto nenhum para mostrar, ele foi lá olhar uma obra do ex-Governador Flávio Dino, que ele fez o seu comício, lá na Beira Rio, ao final da motocada lá dele. Só um tiquinho de gente, mas, mais uma vez, na falta do que falar, ofende, agride, não faz sentido a gente admitir um tipo de conduta como essa, na política nacional. A minha esperança é que a gente possa ter melhores debates, discutir as cidades, discutir o país, e discutir os problemas reais das pessoas.