Transcrição

O SENHOR DEPUTADO CARLOS LULA (sem revisão do orador) – Senhora Presidente, Senhores Deputados, Senhoras Deputadas, eu subo a esta tribuna, Senhora Presidente, para fazer uma reflexão que eu considero necessária não só para Casa, mas para a sociedade maranhense, de um modo geral. Deputado Adelmo Soares, ele acabou de sair daqui e ele proferiu uma frase que para mim é reveladora do momento político pelo qual passa o Estado do Maranhão. Sua Excelência, Deputado Adelmo, me disse o seguinte, e eu peço até auxílio das notas taquigráficas, se não disser ipsis litteris: O legado de Flávio Dino ficou para trás. Então, eu queria primeiramente fazer uma retificação. Obviamente, o Governo de Flávio Dino pertence ao passado. Porque todos os mandatos encerrados pertencem ao passado, mas o legado do Flávio, a despeito de ele não estar mais na política, porque agora ostenta uma toga sobre seus ombros, ele permanece, ele permanece vivo nas instituições fortalecidas, nas escolas dignas que foram construídas, nas escolas de ensino médio, nos IEMAS, nos hospitais regionais, nos leitos de UTI, na expansão dos leitos de diálise, lá no Hospital Macrorregional de Caxias, Deputado Adelmo. Faço até uma retificação também à Deputada Mical, que disse que estava inaugurando um programa inédito. A Deputada Cláudia Coutinho está aqui. Ela trabalhava lá no macrorregional de Caxias. Fizemos milhares de cirurgias plásticas há muito tempo. Cirurgias não só para correção de orelha, mas ginecológicas também, mamoplastia. O legado que fica do Governo Flávio Dino, inclusive lá no Hospital de Viana, que a Deputada Mical tanto fala e hoje é uma aliada dela que o administra, eu pude entregar quando era Secretário de Saúde do Governo Flávio Dino. Então, o primeiro ponto que eu queria destacar é que o legado não se apaga, sobretudo, porque muitos dos que estão aqui nessa Assembleia, nós somos, em alguma medida, vozes, frutos e confirmadores desse legado, Deputado Othelino. Então, hoje fazer papel feio até, para estar o tempo todo pulando de galho em galho, tentando se aproximar do governador de plantão ou do dirigente de plantão e para isso ter de negar os avanços daquele período, isso não é só divergência política, é tentativa de reescrever a história recente do Maranhão. E isso eu não vou permitir. Não vou permitir mesmo. Ainda assim, eu vou querer aqui conceder o benefício da dúvida. Porque eu vou considerar que isso não é má fé. Mas isso tem acontecido recentemente na política brasileira. Já lhe concedo o aparte, Deputado Adelmo, que é o seguinte, às vezes, a gente tem um fenômeno de amnésia política, uma amnésia seletiva. Mas aí fica para reflexão de cada um e de cada uma. Foi uma decisão do Governador Carlos Brandão trair esse legado, virar as costas para esse legado. É ele que, em todos os dias, nos porões do Palácio dos Leões, da forma mais suja e mais vil, que há pelo menos 50 anos não se via na política do Estado, todos os dias tenta achincalhar o passado. Foi ele quem decidiu governar com quem não fez campanha para ele. Foi ele que decidiu governar com quem o xingava, chamava ele de “governador tampão”, dizia que ele não seria eleito nunca. Foi ele quem decidiu virar as costas até para o Presidente Lula. Estão aí todos os bolsonaristas no Governo do Governador Carlos Brandão. É uma decisão dele, absolutamente dele. Mas não venham aqui querer apontar incoerência. Não fomos nós, Deputado Adelmo, que abandonamos o barco. Foi o Governador Carlos Brandão quem nos empurrou do Governo. E se ele quer terminar isso, demita todo mundo, demita. Exigir da gente não. Não faça isso. Não cumpra esse papel. Eu sei como é difícil, mas não cumpra esse papel. V. Exa. é muito maior que isso, muito maior que isso. É desnecessário esse tipo de conduta, completamente desnecessário. O Governador todos os dias sabota, sabe-se lá por qual motivo, talvez uma boa terapia resolvesse boa parte dos problemas dele, mas sabota todos os dias quem o colocou no governo, porque o Governador Carlos Brandão, em 2014, sequer candidato seria. Em 2022, ele saiu de 2% nas pesquisas para ser eleito em 1º turno. É ilusão achar que isso se deve a seus belos olhos. Não foi. Não foi, Deputado Adelmo. Nem por seus atributos, ainda que os tenha, não foi. Então, Deputado Adelmo, se alguém está traindo, se alguém é traíra aqui, desculpa, não sou eu, não é o Deputado Rodrigo, não é o grupo que permanece fiel ao legado do Governo Flávio Dino. Não é. Absolutamente, não é. Se tem alguém que trai, que ofende, que cospe no prato todos os dias, é o grupo do Governador Carlos Brandão. Eu peço desculpa a V. Exa., mas lhe concedo o aparte.

O SENHOR DEPUTADO ADELMO SOARES (aparte) – Obrigado pelo aparte, Deputado Carlos Lula. Dizer para V. Exa. que eu estava presente naquele auditório, quando V. Exa. foi escolhido para ser Secretário de Saúde. Eu lembro da sua fala e lembro das lágrimas que V. Exa. derramou naquele dia, de emoção, e talvez um pouco de medo pelo imenso desafio que V. Exa. enfrentaria. Eu não disse que não há legado do Governo Flávio Dino, em nenhum momento. Eu disse que a passagem política nesse primeiro ciclo encerrou-se. Eu sei dos restaurantes populares, dos hospitais, das estradas, sei da SAF e de tantas outras ações. Não nego isso, nunca vou negar, e nem o próprio Carlos Brandão vai negar. Mas é necessário entender, e aqui eu vou pegar a fala do meu querido amigo Deputado Catulé Júnior, é necessário entender que estamos vivendo uma nova fase, e que não é mais a vontade de A ou do grupo que estava, agora tem um outro grupo. Um grupo passou sete anos lá no governo, agora é outro grupo. Então, nós temos que entender, saber e perceber que o Governador Carlos Brandão tem as suas atribuições, foi escolhido desde o começo, desde lá de 2004, repetindo mais uma vez, quando cedeu uma parte do seu espólio político, dos seus votos para o então Flávio Dino. Depois, 2014, 2018, 2022, foi escolhido. Como é que agora a gente diz que ele não serve? Mas por quê? Eu queria dizer para V. Exa. que eu tenho o maior respeito e carinho. Até me admirei de V. Exa. ter ficado muito exaltado com a minha fala, porque eu não lhe ataquei, não vou lhe atacar, estou só lhe dizendo a minha opinião, pedindo que V. Exa. respeite a minha opinião, assim como respeito a sua opinião. E acho que V. Exa. tem uma inteligência jurídica perfeita, mas está pecando muito na sua parte política. O futuro vai dizer, é o futuro que vai dizer. Vamos aguardar.

O SENHOR DEPUTADO CARLOS LULA – Deputado Adelmo, eu agradeço o aparte de V. Exa., mas quero mostrar a incoerência. V. Exa. começa dizendo que era um grupo só e agora é outro grupo. Que outro grupo é esse? Não éramos todos um grupo só? Então, desculpa, a incoerência não é minha. A incoerência não é minha, Deputado Adelmo, e digo mais, com muita tranquilidade: a política é passageira e a política se faz de fases. O Governador Carlos Brandão decidiu abandonar tudo o que levou à eleição – os programas sociais, a redução da desigualdade, a correção – e hoje é um governo patrimonialista, familiar, corrupto, como nunca antes se viu na história, e a gente nem começou a tratar disso aqui ainda na tribuna da Casa, e V. Exa. sabe do que eu estou falando. Então, eu prefiro, Deputado Adelmo, V. Exa. fala sobre pecar politicamente, eu digo que é manter minha coerência, inclusive com minha consciência. Nem sempre a política se faz com vitórias. Nem sempre, mas se faz com coerência, com as bandeiras as quais eu não vou largar: a bandeira da redução de desigualdade, de melhoria das condições do Maranhão, de não ter um governo familiar, de ser contra o nepotismo, de ter mais república no Estado. Tudo isso, Deputado Adelmo, eu considero como bandeira, e me parece que o governo do Carlos Brandão odeia essas bandeiras. Então, estaremos em lados opostos, é muito simples. Não há por que dizer não a isso. Quero dizer que me manterei coerente, no mesmo lado que sempre estive, porque não sou eu que fico igual biruta de aeroporto, mudando daqui para lá. Deputado Neto.

O SENHOR DEPUTADO NETO EVANGELISTA (aparte) – Deputado Carlos Lula, só para tentar, se V. Exa. me permitir, acrescentar à sua fala, porque V. Exa. fala que o governador abandonou os programas sociais. Não é verdade. O governador não abandonou os programas sociais. Programa social de sucesso que eu sei, V. Exa. sabe, como exemplo: o Restaurante Popular. O governador continua ampliando o número de Restaurantes Populares em todo o Maranhão. Um programa social de sucesso que inclusive saiu dessa cachola aqui, o programa “Mais Renda”. O governador continua ampliando o programa “Mais Renda” e criou o programa “Minha Renda”. Nós temos o programa “Maranhão Livre da Fome”, feito pelo Governador Carlos Brandão, que já iniciou aqui na Grande Ilha e, até o mês de outubro, deve estar já em todo o Maranhão. É um programa social. Então, V. Exa. não pode afirmar que o Governador Carlos Brandão abandonou os programas sociais que existem no Estado, pelo contrário, continuou, ampliou e criou novos.

A SENHORA PRESIDENTE DEPUTADA IRACEMA VALE – Conclua, Deputado.

O SENHOR DEPUTADO CARLOS LULA – Trinta segundos para concluir, Presidente, mas só para dizer, Deputado Neto, que os programas existem enquanto escudo, apenas formalmente, eles nunca estiveram tão ruins. Os Restaurantes Populares vão mal, os programas sociais vão mal, os hospitais regionais e macrorregionais vão muito mal, com muitos problemas. Inclusive os números de segurança, V. Exa. dizer “a gente não vai brigar com números”, a manter o número de homicídios, a gente vai voltar para os indicadores de antes de 2020, os deste ano. A gente nunca teve um aumento tão grande quanto no primeiro semestre de 2025, depois, a gente pode debater no momento adequado, Deputado Neto, exatamente, por que o Governador Carlos Brandão, na prática, na realidade, abandonou, sim, todos os Programas Sociais que o levaram a vitórias no primeiro turno.