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Grande Expediente Dr. Yglésio
15 de outubro de 2025
Transcrição
O SENHOR DEPUTADO DR. YGLÉSIO (sem revisão do orador) – Agradeço a presença aqui do nosso tenente Coutinho. Bom dia a todos, Senhoras e Senhores, colegas Deputados, imprensa, galeria, povo do Maranhão, todos que nos escutam agora. É importante a atenção a este pronunciamento tendo em vista que é uma reflexão sobre as nossas ações, Deputado Eric, Deputado Wellington. O Senhor Deputado Wellington, sabe o histórico, de 2015 a 2022, no Estado do Maranhão. Deputado Catulé, eu nunca vou me esquecer, desembargadores, com suspeita de serem grampeados pela Secretaria de Segurança Pública do Estado, deputados submetidos aqui à perseguição, principalmente, Vossa Excelência, Deputado Wellington, lembro da Deputada Andreia Moura, Souza Neto. Processos, processos, processos, perseguição, auditoria no sistema Guardião. Vocês lembram aí da imprensa desse Guardião, aqui no Estado do Maranhão? Era famoso, eleições municipais, principalmente as de 2020, com denúncias de utilização do aparelho policial para monitorar adversários, em especial no interior do Estado, e isso como uma prática reiterada. Pois bem, veio 2023, veio 2024, veio 2025, não deram a eles o poder que eles queriam, não mantiveram com eles os milhares de empregos que eles sempre tiveram, não estenderam eternamente a eles todos os benefícios que a gestão lhes dava, revolta, revolta, revolta e animosidade. Transformaram a Assembleia hoje não mais apenas em um Estado de Direito aqui. Hoje a gente vive, Deputado Júlio, um estado de versões nesta Casa. A habilidade advocatícia é confundida muitas vezes com a flexibilidade dos argumentos, sempre no sentido de criar e construir a melhor narrativa, falam de imunidade, prerrogativas parlamentares, mas são os primeiros a pedir que as palavras dos colegas sejam retiradas dos Anais da Casa. Isso é preocupante, quando o discurso é muito diferente da prática. Quando a suposta honestidade é um termo utilizado apenas mediante conveniência. Quando a palavra justiça é um consectário apenas das suas aspirações. Não obstante, todas as tentativas aqui que foram feitas de tentar colocar uma nódoa na situação das gravações, das palavras que foram ditas em 2024, no período das eleições, em especial em relação à cidade de Colinas e Barreirinhas, não obstante as chantagens que foram feitas, Deputado Arnaldo, nesses últimos anos, em relação ao processo do TCE, o Maranhão é um estado que não tem direito a ter seus conselheiros do Tribunal de Contas. Não tem direito a nomear os seus desembargadores. O Maranhão é um estado que hoje tem um governo que tenta existir de maneira paralela. Para eles, quando citam Bobbio e Hannah Arendt aqui, tudo é normal. Mas o próprio Bobbio era muito direto em dizer que é importante para um governo, para uma democracia, para um Estado democrático de direito que um Poder fiscalizasse outro, porque senão imunidade parlamentar seria impunidade total parlamentar. Deputado Arnaldo, está no nosso Regimento, está no Regimento da Câmara dos Deputados, são violações das atividades parlamentares quando um deputado se utiliza do mandato para conseguir benefício próprio. A prática de tráfico de influência é também expressamente vedada em todo o regimento parlamentar. Fazer conluio com o Judiciário vai sempre ser reprovável. Meus colegas Deputados, não é possível que nós achemos normal receber uma mensagem de um magistrado dizendo – olha, se não atender a esses pontos aqui, o governador não termina o mandato dele, ele não chegará até abril. Suponhamos, Deputado Júlio, que eu esteja sendo estuprado. Eu aqui, vítima de estupro. Imagine um mundo em que eu não pudesse ser estuprado dentro de casa pelo meu pai ou por um parente e não pudesse ligar as câmeras para registrar, Deputado Neto. Imagine eu ser chantageado o tempo todo e não ter a quem recorrer. Porque até onde eu sei, ainda nesta democracia, quando um parlamentar federal liga para alguém dizendo que as vagas do Tribunal de Contas estão condicionadas ao cumprimento de um acerto político, em Colinas, em Barreirinhas, até onde eu sei, eu devo fazer uma denúncia para a Polícia Federal, porque se trata de um crime cometido por um Deputado federal. Se houver indícios, durante a investigação, serão levados ao Ministério Público Federal, ao Procurador-Geral da República, que apresentará, ou não, uma denúncia, que, se for julgada, será julgada pelo Supremo Tribunal Federal. Agora imagina a situação, Yglésio denuncia que está sendo vítima de estupro, de ameaça, o delegado foi indicado pelo melhor amigo do estuprador, o juiz que vai fazer o julgamento do caso é compadre do abusador, será que Yglésio realmente não teria direito de ter para si as imagens, as filmagens, para mostrar na opinião pública, tendo em vista que o sistema de defesa está completamente corrompido, para dizer do que está sendo ameaçado? Meus amigos, até quem faz oposição, se tiver o mínimo de empatia, vai entender que o jogo que tem sido jogado aqui no Maranhão é muito mais pesado do que qualquer coisa que já existiu aqui no Estado. Nos últimos 50 anos, nunca aconteceu uma coisa como essa. O governador do Estado, entre acertos e erros, e defeitos, e problemas, e virtudes, ele não consegue governar, ele vai fazendo aí, todo dia, com grande luta, um esforço gigantesco para governar. Nós temos partidos, aqui no Maranhão, que hoje têm suas decisões vinculadas a desígnios e desideratos do ministro do Supremo Tribunal Federal, maranhense, aqui do estado. Mas, eu sempre disse isso aqui ao pessoal do Governo, com quem, vez por outra, tenho a oportunidade de dialogar, vocês estão lidando com pessoas altamente perigosas, por quê? Primeiro, são muito inteligentes, o primeiro reconhecimento que se faz a um adversário é a qualidade dele, para que o menosprezo, Deputado Arnaldo, dos sentimentos jamais ceguem a visão e impeçam a pessoa de entender o que está acontecendo. O Flávio Dino tem projeto presidencial, todo mundo sabe disso, que convive com ele, para ser hegemônico, no País, e chegar até lá, o primeiro passo para qualquer político é ser hegemônico no seu Estado. E é por isso que ele não abandona os assuntos da paróquia, em São Luís, no Maranhão, em Barreirinhas, em Colinas, em Pastos Bons, onde tiver uma paróquia a ser resolvida, ele vai querer participar, onde tiver um deputado com problemas no Supremo a resolver e dono de um partido, ele vai puxar para o lado dele, foram feitas tantas promessas, se sabe aqui, de resolução de problemas jurídicos no Supremo, foram feitas promessas para deputados, aqui no TSE, para manterem os seus mandatos, e, muitas vezes, essas pessoas precisam se calar, ou até participar, Presidente, de coisas que não gostariam, mas, porque, são chantageadas o tempo todo, porque chantagem não é colocar apenas uma arma na cabeça de alguém, não é colocar uma faca no pescoço. Chantagem é aproveitar-se da fragilidade da pessoa, da necessidade da mesma, e fazer promessa de paga com benefício ou proteção. E isso existe hoje, infelizmente, no Estado do Maranhão. O Supremo Tribunal Federal hoje é um órgão político, stricto sensu, não é controle constitucional, não é revisora de instâncias superiores, infelizmente não é, e agora querem fazer aqui a construção de versões. Versões. Todo mundo sabe, colocaram Márcio Jerry, Saraiva Barroso, Diogo Galdino, Rubens Pereira. Se sabem os conteúdos dos áudios, boa parte daqui já ouviu. A imprensa, desde o ano passado, sabe o que aconteceu, mas agora, na iminência de vazamento desses áudios para a Revista Veja, e hoje também a gente vai falar sobre esses áudios para o pessoal da Revista Oeste, às 15h30. Quem quiser assistir está convidado para assistir, me convidaram agora pela manhã. Então, nós temos aqui hoje uma situação em que o governador não consegue governar, porque tem uma trava o tempo todo lá em cima, e aqui tem a tropa de choque, a infantaria. Foi colocado nos áudios, todo mundo sabe, Márcio Jerry, dizendo que precisa ter o cumprimento dos acordos de Colinas para que a situação do TCE fosse encaminhada para ainda discutir, porque não havia garantia jurídica. A outra pessoa citada, o Galdino, esse eu não ouvi o áudio, mas dizem que falou expressamente o nome do ministro, espero que isso vaze de fato. o Rubens Júnior, pasmem vocês, foi a pessoa que… Porque o Rubens Júnior é aquele cara que está com um pé aqui e um pé aqui, ele fica se equilibrando, ele não sabe direito onde ele está, ele tem aquela paixonite juvenil pelo Flávio Dino, mas ao mesmo tempo ele não quer deixar de ser governo. Então, ele fica se equilibrando nisso aí. Ele foi o único cara, desses três, que veio com ânimos de tentar ali pacificar, e para vocês verem como o pessoal é, do Flávio. É o único que eles citaram aqui para queimar. Por quê? Porque, se chega ao Márcio Jerry e chega no Galdino, tem imputação direta ao ministro do Supremo. Quando coloca o Rubens Júnior, não. Pode queimar o Rubens Júnior, porque o Rubens Júnior é mestiço. E está aqui, só apareceu para falarem em suposta defesa do Rubens Júnior, mas esse artifício é muito bom do ponto de vista da concepção retórica dele, porque ele na verdade é uma defesa que na verdade está entregando para os lobos, o Rubens Júnior. E foi o único cara nesse meio que tentou de fato a pacificação da coisa. Só que tem situações que não dão para pacificar mais. Isso não dá, porque eles sobem, Presidente, aqui pedindo para se jogar na democracia, nas regras do jogo, mas eu queria que me apresentassem em que manual de democracia está utilizar o Judiciário como ferramenta de troca de posições políticas no Tribunal de Contas do Estado do Maranhão. Qual manual de democracia que diz isso? Isso é crime, tráfico de influência. É crime e pronto. Agora querem desqualificar, criar uma estratégia de desqualificar a denúncia para dizer que foram gravados. Eles sabem que não foram gravados. Se alguém está sendo vítima de ameaça, de processos, de prisão, se seus irmãos estão sendo ameaçados de prisão por conta da utilização do aparelho judicial, não é crime você gravar. Mas querem transformar isso em um crime. Não quer ter deslealdade com as pessoas e não ser vítima delas, não faça. Porque não é leal você ameaçar alguém. Quando a gente está casado, se eu disser assim para minha esposa: olha, eu só vou te dar isso aqui se tu fizeres isso aqui desse jeito, utilizar essa roupa aqui, tem que fazer isso aqui para o meu prazer. Eu estou sendo o que? Abusivo. Violência patrimonial, violência psicológica, um monte de coisa. Entendam que relacionamentos abusivos na política existem, e este relacionamento é um. É o marido abusivo que maltrata, tortura, ameaça e quer ser honrado. Como? Não tem como, não tem justificativa, não tem como tentar inverter a vilania aqui e dizer: não, o Brandão é o perseguidor. Olha para o Brandão, cara. Eu já cheguei aqui falando um monte de coisa do Brandão, nunca tive um prejuízo com ele de relação, de dizer que manda perseguir, manda tratar mal, manda não resolver emendas, os instrumentos de coerção que existem aqui. E olha que tem dia que eu fico chateado com o governador. E aí, se fosse do outro lado, o que vocês acham que acontecia? Vinha aqui o líder do governo, botava pressão em todo mundo, chegava bem ali sentado, você sentado e ele: rapaz, assim não dá, desse jeito as coisas não vão andar. E era assim, feito assim, a semiextorsão em plenário. Assim era feito. Vamos lá, presta atenção, saíram em defesa até dos servidores da Sinfra, que, muito provavelmente, têm que esperar a conclusão, mas mexeram no sistema lá para fazer alteração de dados, subiram para defender esse pessoal, como já subiram para defender outros malfeitores aqui, quando o malfeito era contra o governador. Muito bem, ninguém se escandalizou quando o seu Gibson, o assassino lá do Tech Office, estranhamente aqui, depois que matou o cara do Tech Office, o Bosco, matou mais um depois – para ver como foi a coisa –, fez umas dez versões de depoimento, e estranhamente, quando foi importante para eles, imprensa, ter uma ferramenta de chantagem contra o governador, em menos de três dias, eles conseguiram tirar o Gibson de Pedrinhas para levar para um presídio federal, com base no depoimento da esposa dele e da mudança da décima, décima primeira de depoimento. Será que a gente não está entendendo o jogo que está sendo jogado nesse Estado? A profundidade da coisa aqui? Nós estamos chegando ao ponto de dar voz e vez ao subterrâneo da sociedade, a assassinos confessos, a criminosos, em meio de um estratagema para validar um plano de chantagem institucional, de violência judicial. E ainda tem coragem de vestir o capuz da candura e falar aqui em democracia, em prerrogativa parlamentar. Meus amigos, por favor! Vamos colocar a mão na consciência porque mais um dia nós não seremos mais deputados, mas nós não podemos ter, presidente, vergonha das pessoas que nós somos porque o sacrifico que a gente faz para defender o indefensável, para ter essa fluidez de principio todinha vai para cá, vai para um, vai para cá, vai para lá, aqui é legal, aqui é ilegal, aqui é democracia, aqui não é, perseguição, isso nos faz menores e tudo o que o Parlamento não pode é se diminuir, ele diminuindo a si mesmo é nocivo, porque lá fora já existe uma opinião pública que, muitas vezes, com razão, tenta diminuir o trabalho desta Casa. Olha, tudo tem limite, tudo tem limite. Nós vemos, às vezes, situações como essa, da Conafer. Olha o malabarismo, olhem o malabarismo que está sendo feito para dizer que o governador tem a ver até com o problema da Conafer, cara, é demais. Aí quando chegam os respiradores que nunca foram entregues no Maranhão: não, ninguém é culpado. Secretário de Saúde, à época, não é culpado, Governador fez querendo fazer o bem. Rui Costa fez porque era presidente do Consórcio Nordeste, quis fazer o bem. O caso cai para o próprio ministro, que era governador, na época, ele não se dá por suspeito ou impedido. Jesus do Céu! E estão achando que isso é normal, cara! Nós estamos vivendo uma ditadura. Vai ter eleição no que vem só para enganar besta, para você ter a impressão de que vota e faz alguma coisa pelo país mudar. Mas quem muda hoje o país são aquelas 11 cadeiras do STF. Quem governa hoje é esse pessoal, não tem mais nem pudor. Hoje, está lá no UOL: o candidato de Flávio Dino, Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e mais um lá, Rodrigo Pacheco, candidato de Alcolumbre. Está lá escrito: Alexandre de Moraes se encontra, semanalmente, com Pacheco. Janta uma vez, por semana, com Alcolumbre, todo enrolado, Presidente do Senado. Como é que virou a agenda da semana? Date, virou date, Presidente do Senado com Ministro do Supremo. E as pessoas achando que está tudo normal, que vai ter eleição ano que vem, que vai ter alguma transformação, não tem. Enquanto não dá um mandato de tempo definido para esse pessoal, não tem jeito, esses caras vão ficar 20, 30 anos ainda no Supremo. A nossa geração está ferrada, quem tem mais de 35 anos, 40 anos, a geração está ferrada com essa perspectiva de poder nefasto do Brasil. A imprensa está ali, escrevendo nacionalmente sobre isso e não tem escândalo. Cadê Reinaldo Azevedo? Escrevia tanto. Cadê Josias de Souza? Cadê os artistas? Cadê os artistas? Está aí, Rouanet, 12 bilhões, aumentou mais de 5 vezes, a opinião pública está toda calada, cara, e estão achando que está tudo normal e não está. Sabe por quê? Porque, quando a gente perde a liberdade de chegarmos aonde queremos chegar, conquistarmos o que queremos e podemos ter, quando há limitadores desse exercício, antes de falar da tal soberania do Brasil, é falar da autonomia e da liberdade do indivíduo. E hoje, no país, nós não temos, porque, se um governador eleito não pode governar, se um Deputado eleito não pode falar. Se a polícia não pode investigar, porque tudo agora é utilização do aparato policial. Se o Ministério Público não pode investigar quando é contra eles, porque é perseguição. Eu pergunto: onde nós vamos parar? Qual vai ser o destino deste Estado? Como vão ser os próximos 4 anos, 8 anos, 12 anos do Estado? Quando vai ter fim a sede desse pessoal pelo poder? E quando de fato nós vamos ter restituído ao povo a vontade soberana de ir às urnas decidir os seus destinos? Porque hoje, infelizmente, não tem. Crime ambiental, quando é cometido pelos meus amigos, é desenvolvimento, tentativa de fazer uma obra, quando é feita pelos meus aliados, não é sinônimo de crime, é progresso, e é assim que tem sido conduzido aqui no Estado do Maranhão. Culpabilizam as vítimas, desqualificam os emissários, tentam acobertar a torpeza das mensagens. Se querem conivência com isso, não terão. Se acham que essas narrativas vão passar incólume, intocadas, impolutas, não passarão. Chega o momento que é preciso dizer: chega, chega, não vamos abaixar a cabeça, não vamos silenciar. Presidente, obrigado aos colegas, à imprensa. Bom dia a todos.