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Grande Expediente Daniella

25 de novembro de 2025

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Transcrição

A SENHORA DEPUTADA DANIELLA (sem revisão da oradora) – Senhora Presidente, Senhores Deputados e Deputadas, galeria, imprensa, telespectadores que nos acompanham pela TV, internautas, meu cordial bom dia a todos e a todas. Hoje eu gostaria muito de fazer uso desta tribuna somente para falar sobre a grande conquista que o Maranhão teve ontem, mas eu vou começar o meu pronunciamento aqui hoje de forma diferente, falando do peso que eu sinto na alma, falando da indignação que eu carrego comigo hoje, Deputada Janaína, observando e acompanhando os altos índices de violência que nós temos enfrentado, violência contra a mulher, que nós temos enfrentado dentro do Estado do Maranhão nas últimas semanas. É estarrecedor o que a gente tem visto. O que nós vemos aqui são casos que têm chamado a atenção de todos os maranhenses e deste importante Poder, que é a Assembleia Legislativa do Maranhão, como o caso ocorrido na cidade de Santa Inês, onde uma mulher foi brutalmente agredida pelo companheiro, um engenheiro, dentro de sua própria casa, enquanto as câmaras registravam cada movimento de agressão e de abuso proferidos contra essa mulher Também como o caso ocorrido na cidade de Imperatriz, onde uma mulher foi brutalmente espancada, como foi colocado aqui pelo Deputado Neto ao me anteceder, foi brutalmente agredida, brutalmente espancada na frente do seu próprio filho. O agressor foi preso em flagrante, mas infelizmente foi solto no dia seguinte. Isso nos causa uma indignação tremenda, e eu me uno aos pais desta Casa, eu me uno ao Deputado Neto, ao Deputado Yglésio, à bancada feminina desta Casa, a todos os Deputados, Presidente Iracema, que têm buscado dar voz a essa triste realidade que existe hoje no Maranhão. Nós estamos aqui e hoje nós já temos leis rigorosas, mas que, infelizmente, não estão sendo suficientes para manter os agressores onde precisam ser mantidos, que é dentro da cadeia, dentro da prisão, respondendo pelos seus atos de violência. Eu subo aqui para falar dos verdadeiros crimes que aconteceram na cidade de Presidente Dutra, que em uma semana nós tivemos duas mulheres que perderam a vida, provavelmente para o feminicídio, porque se investiga um dos crimes como feminicídio dentro da cidade de Presidente Dutra. É de se indignar, é estarrecedor ver esses números dentro de nosso Estado. E a gente está aqui para falar não desses episódios isolados, porque eu não venho aqui para falar sobre episódios de forma isolada. Eu venho aqui para chamar a atenção, por meio desses últimos casos, para o que vem acontecendo, Deputada Ana, no nosso País e dentro do nosso Estado do Maranhão. Mesmo vendo tantas forças trabalhando em conjunto, mesmo vendo o grande trabalho sendo executado pela Delegacia da Mulher, Deputada Vivianne, pela Promotoria da Mulher, por tantos órgãos que têm se unido à bancada feminina e a toda bancada de Deputados desta Casa, ao Ministério Público, à Defensoria Pública, mas ainda assim não tem sido suficiente. E tem momentos em que a gente tem, Deputada Andreia, que levantar mesmo nossa voz, de protestar, de correr atrás, de buscar que as providências sejam tomadas a fim de que os bandidos estejam onde têm que estar, isto é, detidos, dentro de uma prisão, pagando pelos seus crimes, porque a vida de uma mulher não volta mais. Quando uma mulher vai embora, vai embora junto com ela toda uma estrutura familiar. Não morre só ela, vai junto com ela toda uma família.

A SENHORA DEPUTADA ANA DO GÁS – Deputada Daniella, depois me conceda um aparte?

A SENHORA DEPUTADA ANDREIA MARTINS REZENDE – A mim também, Deputada.

A SENHORA DEPUTADA DANIELLA – Eu já concedo a todas vocês com o maior prazer. E o que a gente vê, dentro de nosso País, são dados cada vez mais crescentes. Nós não sabemos se esses dados realmente vêm crescendo ou nós não sabemos se estes dados estão sendo devidamente expostos, se as mulheres estão se encorajando para denunciar, mas que os números nos assustam, os números nos assustam. Somente, no ano passado, nós tivemos quase 1.500 mulheres que perderam a vida para o feminicídio dentro do nosso país, isso equivale, em média, a uma mulher morta a cada 17 horas, dentro do nosso país, dentro do Brasil, esses números, eles só ressaltam, eles só chamam a atenção para o quanto a gente ainda deve trabalhar políticas públicas voltadas para todas nós mulheres, aqui no Maranhão, o cenário não é menos grave, em 2024, nós tivemos 69 mulheres que foram vítimas do feminicídio é alarmante eu gostaria muito não ter que vir a esta tribuna, Deputada Helena, para falar desses números, eu gostaria não ter que vir a esta tribuna, até porque eu não fico nem à vontade, para contar este tipo de história que nós estamos vendo sendo noticiadas na televisão, sendo noticiadas nos meios de comunicação, gostaria muito de não ter que replicar a triste história de tantas mulheres, mas de fato, o que nós não podemos mais, Deputada Andreia, é tolerar, é tolerar que a violência contra nós mulheres, ela seja naturalizada, nós vivemos ainda em uma cultura machista, em uma cultura patriarcal, onde nós só vamos mudar essa realidade se nós começarmos a trabalhar na ponta, se nós começarmos a trabalhar as nossas crianças, os nossos meninos para eles entenderem que as mulheres têm que ser respeitadas, que as mulheres precisam ser amadas, desde pequeno, porque não é isso que eles veem dentro de Casa, muitos desses agressores, Deputada Vivianne, replicam o que veem a vida inteira e acabam naturalizando. Nós precisamos educar as nossas meninas para que elas entendam sobre os seus direitos e como elas devem se posicionar diante de determinadas situações. Nós só vamos conseguir mudar se a gente fizer este trabalho. Não é um trabalho que nós seremos lembradas hoje, mas é um trabalho que, com certeza, vai ajudar muito a mudar a realidade das próximas gerações. Eu sei que muita coisa já tem feito dentro do nosso Estado, muitas políticas, em prol de todas nós mulheres, já vem sendo trabalhada dentro do Maranhão como: o Aluguel Social Maria da Penha, como a Lei dos Condomínios, que é justamente para evitar que essas mulheres sejam agredidas, que o pior aconteça, e os condomínios hoje têm obrigação a qualquer indício de violência, seja ela contra mulheres, idosos, crianças ou adolescentes, de imediatamente, comunicar às autoridades policiais, estando sujeitos inclusive a multas, caso isso não seja feito. Eu tenho muito orgulho de carregar comigo, Deputada Ana, este trabalho que a gente vem trabalhando, desde o nosso primeiro ano de mandato. A gente tem muito orgulho de lá atrás ter buscado amparar e reparar o sofrimento de mulheres vítimas de violência, que estão sob medida protetiva, que têm que mudar de casa, Deputada Andreia, para fugir, de certa forma, da violência que vêm vivendo, e que, muitas vezes, não tinha sequer condições de sair de casa, de pagar um aluguel, porque vivia sob dependência econômica. Lá atrás a gente fez o quê? A gente buscou também reparar e dar mão para essas mulheres através do Aluguel Social Maria da Penha. E hoje, novamente, a gente vive aqui um marco histórico no Maranhão, porque a gente, infelizmente até aqui, a gente tem trabalhado as sequelas da violência. As sequelas quando a mulher precisa de uma medida protetiva, precisa sair de casa e precisa do amparo do Poder Público. As sequelas quando a mulher precisa de alguém para falar por ela, para fazer a denúncia quando ela está sofrendo uma agressão. E até aqui, a gente tem trabalhado essas sequelas e ontem, Deputado Arnaldo Melo, nós tivemos uma grande conquista no Estado do Maranhão. Porque quando a mulher vai embora, como eu falei anteriormente, quando a mulher tem sua vida ceifada brutalmente por um monstro que é capaz de tirar a vida de um ser humano, ela deixa uma estrutura familiar. A maior parte delas, Deputado Júlio, deixam filhos. Um, dois e pela média nacional, muitas vezes até três filhos. E eu preciso aqui nessa oportunidade fazer uma justa referência, Deputada Ana, ao Ministério Público. Ao Ministério Público que tem feito um trabalho brilhante e tem tirado daquele conceito de órgão somente punitivo, mas que tem trabalhado também políticas públicas dentro do Estado do Maranhão. Quando eu fui acionada, quando eu fui provocada lá no início do ano pelo Ministério Público dizendo, deputada, nós precisamos unir as forças das instituições para que nós possamos juntos ter mais força e dar voz para quem não pode esbravejar, que são as crianças, os adolescentes, que são ovos para feminicídio. E lá atrás nós começamos, Deputada Janaína, um trabalho conjunto, um trabalho conjunto onde o governo teve a sensibilidade de nos ouvir e de dar a devida importância para as crianças que se encontravam num estado de vulnerabilidade, em todos os aspectos. Imagina você perder a sua mãe, perder o seu porto seguro. Imagina você, nós que somos mães, a gente para e pensa e até se emociona, perder quem está ali para lhe amparar, para cuidar de você e, de repente, essa pessoa ir embora de uma forma brutal, e quem comentou o crime se matar ou ser preso, quer dizer, de repente você não ter mais quem cuide de você e percorrer, tentar a ajuda de um tio, de um vizinho, porque você não tem sequer para onde ir. E agora chega o governo, chega o Governador Carlos Brandão, Presidente Iracema, com toda sua sensibilidade e diz: “Aqui no Maranhão, não. Aqui no Maranhão, as nossas crianças, os nossos adolescentes serão devidamente assistidos pelo governo”, amparando essas crianças em todos os aspectos, inclusive no aspecto psicossocial, pensando na educação dessa criança quando ela tem que mudar de casa para morar com parente, com tio ou com vizinho, que tem que mudar de bairro, até mesmo de cidade, e que não tinha como se matricular em uma escola. A partir dessa lei de ontem, essas crianças podem ser admitidas e recebidas em qualquer escola, em qualquer período do ano. Devem ser, não é que podem. E a partir daí, essas crianças, Deputada Ana, têm todo amparo psicossocial e jurídico. Isso vai acabar com a dor? Não. Mas isso vai dar mais dignidade. E ainda pensando nessas crianças, o governo cria um auxílio de meio salário-mínimo para cada criança órfã do feminicídio até a sua maioridade. O nome disso é cuidado, e eu me orgulho muito de poder vir aqui fazer uso da tribuna para falar do cuidado que o governo tem tido com quem tanto precisa da mão amiga do Poder Público. Ao mesmo tempo que a gente retrata a triste situação das mulheres que estão sendo agredidas, que estão sendo vítimas de feminicídio, a gente vem mais uma vez falar que nós estamos resolvendo, estamos buscando diminuir as sequelas deixadas pela violência. Mas eu quero aqui hoje, nesta oportunidade, nesta tribuna, dizer que chega de silêncio, chega de naturalizar as tragédias, chega de permitir que nossas mulheres, que nós vivamos com medo de estar dentro dos nossos próprios lares, com medo de voltarmos para casa. Chega! E eu quero aqui hoje, como Deputada estadual, como mulher, como mãe, como cidadã, conclamar todo este Parlamento, conclamar toda a sociedade em geral, porque a gente não pode esperar, eu quero conclamar todos vocês a fazer um pacto, a fazer um compromisso de nós unirmos forças e, quando for preciso, Deputado Neto, a gente se unir, a gente provocar o Judiciário. Quando nós sentirmos a indignação da falta de justiça em determinados casos, que todos nós nos unamos em uma só voz e briguemos, porque tudo precisa da nossa voz. Quero aqui, Deputada Ana, conceder inicialmente a Vossa Excelência o aparte.

A SENHORA DEPUTADA ANA DO GÁS (aparte) – Deputada Daniella, a gente, diante de tanta impunidade, diante da dor, porque mexeu com uma, mexeu com todas, a gente se sente muito fortalecida, porque, enquanto as nossas forças vão perdendo a intensidade, outra mulher avança com coragem, e Vossa Excelência é essa Deputada que nos encoraja todo dia para também não desistir da luta, do combate à violência contra a mulher. De fato, V. Exa. tem feito um grande trabalho. Eu me sinto muito representada por V. Exa. Quero parabenizá-la para além dessa indicação que foi atendida pelo nosso governador, que tem esse olhar de cuidar das mulheres, tem valorizado as mulheres em todas as esferas. V. Exa. também já fez a indicação do aluguel social, que é uma lei hoje que garante também mais dignidade a essas mulheres que vivem sob ameaça constante. Hoje a gente celebra, mesmo mediante da dor, como V. Exa. falou, desses filhos, desses órfãos do feminicídio, a gente celebra esse acompanhamento, porque eles não estão ali deixados de lado. De fato, o silêncio não salva ninguém, é preciso que a gente, todo dia, faça denúncia, a gente tome coragem, a exemplo de nós mesmas que ocupamos esses espaços, que sofremos violência todos os dias, de várias maneiras, políticas, pessoais, não nos envergonha admitir, isso faz com que outras mulheres que estão até em outros patamares, até mesmo no Judiciário, como a gente tem testemunhos aqui, possam fazer suas denúncias. Hoje é o dia 25 de novembro, Dia Internacional do Combate à Violência contra a Mulher, e a gente percebe o quanto ainda a gente precisa lutar, como V. Exa. tem nos pedido, com união, com determinação, principalmente com os outros Poderes. Eu quero aqui trazer a reflexão algo que me impactou em uma mensagem do Instituto Somos Todos Marianas, ao ouvir o Deputado Neto, que é parlamentar, que também defende essa causa como sua. O Instituto Mariana me fez refletir sobre outros poderes que precisam se unir a nós aqui e ao Estado, quando diz assim: quando um juiz solta um agressor que bate assim em uma mulher, ele comunica que a violência pode continuar, ele comunica que o sofrimento da vítima não pesa tanto quanto o conforto do agressor, comunica que o sistema falha justamente onde deveria proteger, comunica que a lei existe, mas não chega para quem precisa, comunica que outros homens podem repetir o mesmo padrão, porque nada sério vai acontecer, comunica que a vida de uma mulher vale menos do que a conveniência de um despacho rápido. É impunidade, sim, mas é também um recado perigoso para toda a sociedade. Agressão contra a mulher, não é tão grave assim. E para você, o que isso significa? E é esta provocação que a Vossa Excelência faz hoje, essa reflexão de outras mulheres que fora desta Casa estão gritando, é preciso que as nossas vozes se unam ao Poder Judiciário para leis mais rigorosas. Parabéns, Deputada Daniela, conte conosco, conte com a nossa caminhada aqui no Estado Maranhão, no Brasil, que juntas nós vamos conseguir de fato, fazer com que menos mulheres percam sua vida pelo fato de serem mulheres.

A SENHORA DEPUTADA DANIELLA – Obrigada, Deputada Ana. Deputada Vivianne.

A SENHORA DEPUTADA DRA. VIVIANNE (aparte) – Deputada Daniella, eu queria inicialmente parabenizar pela autoria desse Projeto de Lei sobre os órfãos do feminicídio, sancionado, ontem, pelo nosso Governador Carlos Brandão. Eu também iria deixar meus discursos para amanhã, porque eu cheguei hoje, mas diante de tudo que já foi falado hoje aqui, vários deputados, Deputado Neto, Deputado Lula, Deputada Daniella falando sobre esse tema e como atual Procuradora da Mulher, eu não poderia deixar de me manifestar. Eu elaborei, me preparei para falar amanhã também em tribuna, porque como eu já falei, cheguei hoje de uma viagem muito longa, mas eu não poderia deixar de apartear. Parabenizar por esta lei, parabenizar o nosso Governador Carlos Brandão, mas fazer uma observação importante, que você falou, muitas vezes a gente vem de uma cultura patriarcal onde se repete comportamentos, mas, muitas vezes, esses comportamentos são repetidos, como falou muito bem o Deputado Neto Evangelista, pelo, digamos, pela lei ainda dá muitas brechas, e a gente tem aqui nessa tribuna o poder de fazer leis, mas nem sempre a gente não executa estas leis. Então, fazer um apelo também para o nosso Judiciário, para olhar atentamente, já que está tão em alta, como você mesmo falou, eu acredito que o nosso Brasil sendo o quinto país, gente, é o quinto país no mundo, eu já falei isso aqui, em números de casos de feminicídios no mundo, a gente ganha de países onde a cultura patriarcal talvez seja maior, como os países do Oriente, a gente ganha desses países. Então, eu acredito que é muito importante a gente ter no Legislativo, mulheres, para que a gente realmente faça essas leis. Amanhã também, eu vou falar, porque eu acho muito importante falar, e é um dado muito importante, que quase 70% das mulheres que sofrem agressões, elas não têm como se manter. A gente só tem a paridade de salários entre homens e mulheres garantido por lei federal há apenas dois anos. Só em 2023, criou-se uma lei que homens e mulheres no mesmo cargo ganham a mesma coisa. E a gente que trabalha ali na ponta, eu já trabalhei como Secretária de Assistência, a gente que já trabalhou com essa causa na ponta, sabe que muitas vezes acontece isso, porque a mulher não tem voz, não tem às vezes dinheiro para pagar um advogado, ela não consegue sequer manter sua subsistência. E muitas vezes se submete a muitas coisas por causa dos filhos. Nós temos que ter essa voz ativa, mas a gente tem também que cobrar, inclusive, nossos deputados federais, senadores, para que realmente as leis lá em cima sejam mais, digamos, mais rígidas. Porque não só com todo o sistema de segurança, já está acontecendo um movimento grande no Congresso Nacional, a gente deveria chamar atenção também para as leis que envolvem a violência contra a mulher. Amanhã falarei mais. Mas parabéns por essa lei, parabéns ao governador. Queria também aqui deixar os parabéns a nossa Presidente Iracema, que não só exerce esta defesa da mulher na teoria, mas na prática. Nós, da Bancada Feminina do Maranhão, sabemos que o que eu estou dizendo é verdade, que ela é empática e toda vez que a gente precisa de algum apoio para a causa da mulher, ela está pronta para nos ajudar.

A SENHORA DEPUTADA DANIELLA – Obrigada. Presidente, eu gostaria só de pedir a concessão de mais um minutinho, só para que a Deputada Andreia pudesse se manifestar.

A SENHORA DEPUTADA DRA. HELENA DUAILIBE – Deputada Daniella, também queria.

A SENHORA PRESIDENTE DEPUTADA IRACEMA VALE – Tema muito importante, com certeza, Deputada Andreia.

A SENHORA DEPUTADA ANDREIA MARTINS REZENDE (aparte) – Essa problemática, que a Deputada Daniella tão bem traz para a gente pensar sobre, é uma coisa que concerne à nossa natureza. Na verdade, nós, como mulheres, já nascemos lutando, nós precisamos conquistar espaços nos quais nós fomos, por décadas, por séculos, impedidas de estar. Então, quando se fala no feminicídio, nós estamos falando no máximo da violência, mas a violência contra a mulher começa até quando querem nos calar, até quando não querem permitir que a nossa voz seja ativa, até quando não entendem a nossa forma de lutar, porque cada um de nós é único e tem uma forma específica de lidar com as coisas. Eu vejo que a gente tem mesmo uma sensação de que o feminicídio aumentou, mas eu não concordo que aumentou, eu acho que agora as mulheres abrem a boca, as mulheres gritam, gritam umas pelas outras, e nessa parceria muitos homens também já nos acompanham. Mas o que acontece é que é um problema de tirar uma estrutura, uma estrutura emocional, uma estrutura psicológica que se formou, e que a gente precisa trabalhar a educação, esses homens precisam ser educados, educados a não justificar o patriarcado, a não ser mais misóginos, preconceituosos, porque o que a gente precisa é de paridade, paridade em todos os setores. E eu te parabenizo muito, minha amiga, porque eu sei que essa sua luta é espontânea, é autêntica, é verdadeira. Eu sei que tudo que V.Exa. fala aí, V.Exa. está falando com coração. E eu quero dizer para V.Exa. e quero dizer para todo povo do Maranhão que toda a bancada feminina desta Casa está unida em prol desta causa e que as mulheres não estarão sem voz dentro desta Casa. Todas nós, do nosso jeito, da nossa maneira, estamos lutando e continuaremos lutando. E parabenizar o nosso governador, porque essa lei é uma lei importantíssima, porque eu acredito que não exista ninguém na face da terra que não se sensibilize com a história de alguém que perdeu a sua mãe, que perdeu a sua mãe assassinada pelo seu pai ou por um companheiro, um padrasto, mas, principalmente, que perdeu seu norte. A mulher na casa, a mãe numa casa é o norte desses filhos. A primeira infância é toda trabalhada pelos cuidados da mãe. Então, é uma lei muito importante que agrega valores à sociedade, a nós, políticos, porque o nosso mandato e a nossa vida são importantes para isto, para que nós tenhamos leis que possam beneficiar e melhorar a sociedade. Parabéns, Deputada Daniella, e conte com a bancada feminina, conte com todos nós e conte com a nossa Presidente, que é uma feminista nata, que não quer saber de mulher em lugar menor, haja vista o que ela pleiteou. Então, vamos firmes, vamos juntas, que nós vamos conseguir ainda muitas mudanças, já alcançamos muitas. Eu lhe garanto que não temos, não acontecem hoje as mesmas coisas que aconteceram quando V. Exa. iniciou seu mandato de procuradora da Mulher. Conte conosco, estamos juntas.

A SENHORA DEPUTADA DANIELLA – Obrigada. Deputada Helena.

A SENHORA DEPUTADA DRA. HELENA DUAILIBE (aparte) – Inicialmente, eu queria parabenizá-la, Deputada Daniella, pela forma como V. Exa. realmente defende essa causa muito difícil. Ontem, quando eu saí da solenidade lá na Assembleia, eu fiz várias reflexões. Eu escutei quando a nossa Presidente falou que, na verdade, talvez a forma de denunciar, porque hoje nós temos a rede de proteção e também porque as mulheres estão perdendo o medo, é por isso que se fala que aumentou o feminicídio. Mas na verdade esse mal vem surgindo há muito tempo, e nós estamos hoje com uma rede de proteção e aí muito bem formada pelo nosso Governo do Estado, pelos nossos Legislativos e Vossa Excelência é uma das pessoas, a nossa Procuradoria da Mulher, aqui funcionando muito bem, pelo Ministério Público. Existe hoje toda uma rede de proteção que dá mais segurança à mulher para que ela denuncie. E uma coisa também, outra reflexão que eu fiz, muito importante, é que essa causa não é só de mulher, todos os homens sensíveis, e aí o exemplo do nosso Governador, eles defendem esta causa. Então, nós precisamos fortalecer, já fui muito contemplada com todas as falas das nossas colegas Deputadas. A Andreia resumiu exatamente o que eu ia falar, mas eu queria só tocar num ponto fundamental, a família enfraquecida é que leva a esse suicídio, a esse feminicídio, quando nós temos uma família equilibrada, quando nós temos um pai que sustenta a sua família, esses problemas, eles muitas das vezes, eles deixam de existir, porque quando eu estava como Procuradora da Mulher e também acompanhando essa causa. Eu via muito as pessoas reclamando que o problema era a falência das famílias, porque a família não tinha o sustento. Então, isso que ontem foi feito, que é se pensar em sustentar. O que já está perdida foi importante, mas vamos trabalhar agora salvando essas famílias que estão vulneráveis. Porque a família é que faz, a falência das famílias é que está fazendo.

A SENHORA PRESIDENTE DEPUTADA IRACEMA VALE – Deputada, chegue mais próximo ao microfone.

A SENHORA DEPUTADA DRA. HELENA DUALIBE (aparte) – A falência das famílias é que está fazendo esse mal tão grande. Então, nós precisamos trabalhar as famílias, as famílias hoje não têm mais religião, não tem mais amor, os filhos estão sendo criados sem uma orientação devida. E aí eu queria também aproveitar, Deputada Daniella, para parabenizar, Presidente Iracema, os meios de comunicação o que aquele jornalista William fez que alertou a todos nós porque, muitas das vezes, nós temos muitas demandas, mas que elas passam despercebidas. Então, a imprensa responsável, ela, realmente, nos leva a acertar e a tomar medidas importantes e foi isso que aconteceu no caso, ontem, do Governo do Estado. Então, quero lhe parabenizar, quero parabenizar todo este Plenário, porque eu acho que essa causa não é só da Bancada Feminina, nós temos a presidente nos dando todo este sustento e todos os deputados, também nossos colegas eu tenho certeza que abraçam esta causa e vamos trabalhar as famílias, vamos trabalhar a educação dessas crianças porque essas crianças sendo educadas corretamente na escola e na família nós vamos, com certeza, diminuir o feminicídio. Parabéns!

O SENHOR DEPUTADO NETO EVANGELISTA – Deputada Daniella, só para encerrar.

A SENHORA PRESIDENTE DEPUTADA IRACEMA VALE – Eu vou conceder um minuto para o Líder do Governo concluir a fala, porque a gente tem que seguir.

A SENHORA DEPUTADA DANIELLA – Presidente, o Deputado Júlio foi um dos primeiros, mas eu concedi as deputadas se a gente pudesse também.

A SENHORA PRESIDENTE DEPUTADA IRACEMA VALE – Um minuto para cada.

A SENHORA DEPUTADA DANIELLA – Pronto, obrigada.

O SENHOR DEPUTADO NETO EVANGELISTA – Deputado Júlio, que é mais velho Vossa Excelência, Deputado Júlio, Vossa Excelência aqui.

A SENHORA DEPUTADA DANIELLA – Deputado Júlio.

O SENHOR DEPUTADO NETO EVANGELISTA – Tem mais idade, é primeiro.

SENHOR DEPUTADO JÚLIO MENDONÇA – Deputada, esse rapaz está dizendo que eu tenho mais idade, eu gostaria que pudessem usar o Regimento de discriminação que, não, mas ele falou.

O SENHOR DEPUTADO NETO EVANGELISTA – Não, não, não, mais idade aqui na Assembleia é uma coisa positiva, pois é…

O SENHOR DEPUTADO JÚLIO MENDONÇA (aparte) – Não, deputada, brincadeira a parte, o tema é muito sério, e eu quero, nesse um minuto que a Vossa Excelência me concede, primeiro, lhe parabenizar, segundo, dizer que tem que ser, de fato, uma luta de cada um de nós, porque não pode normalizar esses procedimentos criminosos, covardes, por parte de, eu não chamo nem de homens, de cretinos, moleques, então, os vídeos, os últimos vídeos aí é importante estar denunciando sempre, por isso, mais uma vez, lhe parabenizar, hipotecar, meio irrestrito apoio, destacar, a fala do Deputado Neto, Deputado Carlos Lula, todas as pessoas também que militam, por isso, parabéns, conte com o nosso mandato.

A SENHORA DEPUTADA DANIELLA – Obrigada, Deputado, Deputado Neto.

O SENHOR DEPUTADO NETO EVANGELISTA (aparte) – Deputada Daniella, eu quero rapidamente aqui, parabenizar a Vossa Excelência pela sensibilidade de apresentar esta pauta ao governo do Estado, a intermediação da Presidente Iracema, enquanto Poder Legislativo, junto ao Poder Executivo, para que o governador fosse sensibilizado e sensível que ele é, apresentar esta proposta à Assembleia Legislativa, e avançamos num tema importante, vide o relato dos filhos que estavam lá, os filhos órfãos de feminicídio que estavam lá ontem no Palácio dos Leões, a minha esposa, vereadora Thay Evangelista, me passou tudo o que aconteceu ontem lá no Palácio dos Leões. A minha esposa, Vereadora Thay Evangelista, me passou tudo o que aconteceu ontem lá no Palácio dos leões. Pronto, estava bem representado ontem lá. E falar da importância da sensibilidade desta Casa. As Deputadas mulheres aqui que nos falaram, os Deputados homens que atuam também nesta causa, pois há a necessidade da união, porque essa não é uma causa só de elas contra eles, é uma causa de todas as pessoas de bem da sociedade que não aceitam que um homem toque a mão numa mulher, a não ser que seja para fazer carinho. Então, assim, parabenizar mais uma vez V. Exa. e esta Casa, porque demos um salto importante na política de combate à violência contra as mulheres.

A SENHORA DEPUTADA DANIELLA – Obrigada, Deputado Neto. Obrigada pela concessão do tempo, Presidente Iracema. Finalizo somente agradecendo, é claro, à senhora pela concessão do tempo e, obviamente, a Deus por me oportunizar a poder estar aqui hoje, sendo um instrumento dele, uma ferramenta dele para fazer a diferença na vida de tantas mulheres, de tantas pessoas no Estado do Maranhão. E, mais uma vez, agradecendo ao Governador Carlos Brandão pela sensibilidade em todas as pautas relacionadas a nós, mulheres, e agora também aos filhos de nós, mulheres, por meio dessa importante lei sancionada aqui no Estado do Maranhão, assim como o Ministério Público, a Delegacia da Mulher, a Sociedade Civil Organizada, porque eu acho que é a união de forças que vai fazer a diferença e que vai mudar o rumo da nossa história. Muito obrigada, Presidente.