Agência Assembleia / Fotos: Wesley Ramos
O programa ‘Contraplano’, exibido nesta terça-feira (16), pela TV Assembleia, reuniu o promotor de Justiça Marco Aurélio Ramos Fonseca, o médico psiquiatra Gilberto Sousa Alves e o diretor do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS-AD) de São Luís, Marcelo Costa, que falaram sobre a campanha ‘Setembro Amarelo’. O debate aconteceu com o objetivo de alertar a sociedade sobre a importância do diálogo e da informação na prevenção ao suicídio.
Durante o programa, o psiquiatra Gilberto Alves trouxe dados importantes para o debate, revelando que, em quase todos os casos de suicídio, há um transtorno mental de base. “Estudos mostram que mais de 98% dos casos têm causas psiquiátricas subjacentes. Por isso, informação de qualidade é essencial para que familiares e pessoas próximas consigam identificar sinais e ajudar a evitar o pior”, explicou o médico, ressaltando ainda que depressão, dependência química e transtornos psicóticos estão entre os fatores mais recorrentes.
Já Marcelo Costa destacou a importância do olhar atento de familiares, professores e cuidadores, especialmente em relação a crianças e adolescentes. Segundo ele, mudanças no comportamento devem servir de alerta. “Quando uma criança muda o padrão de alimentação, apresenta isolamento ou irritabilidade constante, esses são sinais de que algo está errado. Nem sempre há exames que comprovem, mas o comportamento fala”, afirmou o diretor do CAPS. Ele defendeu a atuação integrada de profissionais de saúde e instituições públicas.
O promotor Marco Aurélio Fonseca destacou o papel do Ministério Público na proteção da vida e explicou que, embora o suicídio envolva sofrimento pessoal, existem aspectos legais que não podem ser ignorados. “As pessoas não querem se matar; elas querem se livrar da dor. Acreditam que o suicídio seja a única saída. Nosso papel é atuar na prevenção e garantir que esse direito fundamental à vida seja protegido”, afirmou o promotor.
Orientações
Durante o programa, apresentado pelo jornalista João Carvalho, também foi discutido o papel das escolas, dos meios de comunicação e da sociedade na prevenção ao suicídio. Marcelo Costa enfatizou que o trabalho nas unidades de ensino deve ir além da abordagem pontual do tema. “Há mais de dez anos deixamos de falar só sobre o suicídio e passamos a trabalhar de forma preventiva, orientando professores e alunos a reconhecerem os sinais precoces de sofrimento emocional”, disse. Segundo ele, esse trabalho de base tem se mostrado eficaz para promover o acolhimento e evitar situações extremas.
Para o promotor Marco Aurélio Fonseca, é necessário garantir uma estrutura pública que permita o atendimento imediato de pessoas em sofrimento psíquico. Ele lembrou que o suicídio pode, inclusive, estar associado a práticas criminosas, como o induzimento ao suicídio. “Existem casos em que há indução ou auxílio ao suicídio, o que configura crime. Mas, na maioria das vezes, são situações de vulnerabilidade extrema que precisam ser acolhidas com urgência”, completou.
A importância de uma escuta atenta e sem julgamentos foi destacada pelo psiquiatra Gilberto Alves. “Muitas vezes os sintomas estão latentes e são ignorados por quem está próximo. Quanto mais preparados estivermos para reconhecer esses sinais, maiores são as chances de salvarmos vidas”, enfatizou.
Atendimentos
Os participantes ressaltaram ainda que o Centro de Valorização da Vida disponibiliza o número de telefone 188 para atender quem necessite de ajuda. Os atendimentos ocorrem 24h, todos os dias da semana e são feitos por voluntários.
O programa ‘Contraplano’ é exibido todas as terças-feiras, às 15h, pela TV Assembleia (canal aberto digital.9.2; Max TV, canal 17; e Sky, canal 309). As entrevistas são reprisadas durante a programação da emissora e estão disponíveis nas plataformas digitais.