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Expediente Final Antônio Pereira
11 de dezembro de 2024
Transcrição
O SENHOR DEPUTADO ANTÔNIO PEREIRA (sem revisão do orador) – Obrigado, Senhora Presidente. Que Deus nos abençoe nesta manhã, e que possa acalmar os ânimos e os corações de todos nós. Eu quero cumprimentar a Presidente, a Mesa, os colegas Deputados e Deputados aqui presentes, a imprensa, e me dirigir especialmente à sociedade maranhense. Reconheço que a Oposição está se sentindo fortalecida, e até entendo os motivos. Primeiro, fortalecida pelas excelências que tem, nomes realmente que nós entendemos que estão acima da média, bem acima da média, como o Deputado Lula, professor, como Deputado Rodrigo Lago. E eu não quis, Deputado Rodrigo Lago, eu não quis ensiná-lo o Direito naquele dia quando iniciei o meu pronunciamento em relação ao Mandado de Segurança. Eu disse que era médico e pedi desculpa se, em algum momento, era a impressão que eu tinha. Mas eu reconheço e entendo o sentimento que a Oposição tem de se sentir fortalecida não só pelas excelências que tem na Casa, como aqui citei algumas, mas principalmente pelo extramuro, pelas instituições, porque a Oposição hoje está se sentindo fortalecida pelas instituições. Mas tudo tem um limite.
O SENHOR DEPUTADO RODRIGO LAGO – Deputado Antônio Pereira, me conceda um aparte?
O SENHOR DEPUTADO ANTÔNIO PEREIRA – No momento devido lhe concederei.
A SENHORA DEPUTADA ANA DO GÁS – Deputado Antônio Pereira, me conceda um aparte também?
O SENHOR DEPUTADO ANTÔNIO PEREIRA – Por isso, a Oposição por se sentir fortalecida e ter uma mulher na Presidência, que eles acham que é frágil, porque é mulher, enganam-se, porque a Iracema é uma mulher forte, trabalhadora, corajosa, parecida com a mulher maranhense. Criam narrativas. E, daqui para a frente, Iracema, será sempre assim: todo dia, uma narrativa diferente, porque isso é do Parlamento, é de parlar. E as narrativas que virão, tentando confundir a sociedade. E cada um com a sua inteligência vai colocar da melhor maneira possível, e nós, nós, outros, temos que esclarecer também à sociedade. Essa Sessão, eu não fui rapidamente; por três vezes, quando eu abri, no Pequeno Expediente, eu perguntei se tinha alguém inscrito, três vezes, eu não passei rapidamente. Eu passei rapidamente apenas quando li os nomes que estavam inscritos, que realmente não é o normal, o normal é colocar de caneta, é verdade, Rodrigo, mas eu próprio coloquei o meu nome, pedi ontem, queria falar hoje, porque achava que a LOA seria votada hoje e eu queria discutir a LOA. Não cerceei a palavra do Deputado Lula e nem cercearei, em nenhum momento ou em qualquer momento e de nenhum modo. Eu não vi a manifestação do Deputado Lula, nem por microfone, nem por alguma atitude, eu não vi e não ouvi. Me desculpe se não vi ou não ouvi, se eu não estava atento, mas me acusar de que sou um ditador na frente desta Mesa, não é verdade. A votação, Deputado Rodrigo Lago, eu coloquei o vosso Recurso em votação, realmente ia pular essa questão da Comissão de Constituição e Justiça, achava desnecessário, mas realmente, regimentalmente, é dessa maneira que tem que ser feito, e nós temos que obedecer ao Regimento. Coloquei em votação, e o Regimento diz que nós temos que citar aqueles que votaram contra o Recurso, e V. Exa. aqui disse que eu estava votando pelas pessoas, citando o nome das pessoas. Não, eu estava citando aqueles, regimentalmente exigido, aqueles que votaram contra o Recurso de V. Exa., e a contabilidade que V. Exa. fez é um pouco diferente da minha e da Mesa, que deu 21 nomes. Eu não perdi essa aula de Matemática. Talvez, V. Exa. mesmo estava sentado aqui, eu até me referi a V. Exa.: “Olha, as pessoas que estão atrás de V. Exa. se manifestaram, e V. Exa. não estava vendo, porque V. Exa. não pode enxergar quem está atrás de V. Exa., imediatamente atrás de V. Exa.” Então, eu não quero estender esta discussão, porque ela não é profícua, ela não traz, na realidade, aquilo que o povo do Maranhão espera desta Casa. Eu temo que esta discussão, principalmente no ano que vem, esse tipo de atitude vai nos diminuir e diminuir a Casa diante do povo do Maranhão, porque assim que acontece, pela experiência que tive. Não cerceei, não cercearei a palavra de nenhum colega, como não quero que cerceiem a minha, como nunca me foi também retirada a minha palavra nesta Casa, mesmo quando era Oposição declarada. Agora, hoje, percebo claramente que a Oposição quer criar, e agradeço a Mical da maneira dela, mas ela tem muita razão no que disse, agradeço o carinho e a defesa que ela fez do meu nome. A Oposição quer criar um dissenso nesta Casa, para que nós possamos estar aqui, já, já, brigando um com o outro, e quer, principalmente, inviabilizar o Governo, o Executivo, o Governo do Carlos Brandão. Isso está claro para a sociedade. Nós vamos chamar a atenção para a maneira como vocês colocaram a discussão. Acho que nós todos temos que nos preparar para que, no ano que vem, possamos fazer a boa discussão nesta Casa. Temos que estar prontos e vamos aprender cada vez mais. Isto é como músculo: quanto mais exercitar, melhor ficaremos. Claro que, se eu passar dez anos estudando Direito, eu não seria ainda, não estaria em seu nível, Deputado, V. Ex. é uma excelência do Direito, e eu tenho absoluta consciência disso, Deputado Rodrigo Lago, mas a minha experiência de vida também precisa ser respeitada e eu não vou deixar me abater por questões colocadas aqui que eu sei que são da Oposição, porque se criou uma narrativa para não se tratar de outras questões tão importantes para Casa e para o Estado do Maranhão.
O SENHOR DEPUTADO RODRIGO LAGO – Senhor Deputado Antônio Pereira.
O SENHOR DEPUTADO ANTÔNIO PEREIRA – Eu vou primeiro. Quem pediu primeiro?
O SENHOR DEPUTADO RODRIGO LAGO – Fui eu, Senhor Deputado.
O SENHOR DEPUTADO ANTÔNIO PEREIRA – Deputado Rodrigo Lago, V. Exa. com o aparte.
O SENHOR DEPUTADO RODRIGO LAGO (aparte) – Deputado Antônio Pereira, eu nem vou entrar no mérito das questões de matemática, de tabuada, porque hoje eu aprendi muito que 16 é maior do que 17. V. Exa. me ensinou, o Deputado Davi me ensinou que 15 dividido por dois dá sete. A Deputada Mical finalmente ensinou que 21 mais 11 são 33. Eu não vou entrar nesse mérito, talvez eu ainda esteja engatinhando nas ciências exatas. Agora, V. Exa. disse algo muito grave hoje aqui da Tribuna. V. Exa. disse que a Oposição, e V. Exa. até citou alguns Deputados aos quais V. Exa. reputa serem de Oposição, está instrumentalizada pelas instituições, e eu exijo de V. Exa. que decline que instituições são essas que estão instrumentalizando a Oposição ao Governo Carlos Brandão.
O SENHOR DEPUTADO ANTÔNIO PEREIRA – Eu falei que a Oposição estava se sentindo fortalecida não só pelas Excelências que tem na Casa, que não precisaria mais do que isso, mas também fortalecida por extramuros, por algumas instituições que estão fortalecendo a Oposição, não foi em relação a Carlos Brandão.
O SENHOR DEPUTADO RODRIGO LAGO (aparte) – Decline as instituições, Deputado.
O SENHOR DEPUTADO ANTÔNIO PEREIRA – Eu não me sinto nem à vontade e nem no dever de colocar aqui, nominar qualquer tipo de instituição, não me sinto e não vou fazê-lo. Aceitei o seu aparte e, se V. Exa. ainda quiser concluir alguma coisa, estou à disposição para escutar.
O SENHOR DEPUTADO RODRIGO LAGO (aparte) – Já que V. Exa. me concedeu, eu acho, Deputado Antônio Pereira, uma covardia um ataque deste inominado, sem citar exatamente de quem V. Exa. está falando. No momento em que citou meu nome no meio do discurso, dizendo que há uma instrumentalização da Oposição por instituições…
O SENHOR DEPUTADO ANTÔNIO PEREIRA – Eu citei V. Exa.? Como excelência, como um homem inteligente, eu não relacionei com extramuro.
O SENHOR DEPUTADO RODRIGO LAGO – Eu pensei que V. Exa. tinham concedido de novo a palavra, lhe agradeço.
O SENHOR DEPUTADO ANTÔNIO PEREIRA – Não. V.Exa. desta feita se enganou. Deputada Ana, concedo aparte a V.Exa.
A SENHORA DEPUTADA ANA DO GÁS (aparte) – Deputado Antônio Pereira, eu venho aqui também reforçar e contribuir algo que tenha, sim, me trazido o sentimento que a Deputada Mical acabou de expressar aqui perante a esta Casa, que é predominante a quantidade maior de homens e colegas Deputados aqui. E esperar que venha valer estes três mandatos nos quais eu busquei no Estado do Maranhão, na condição de mulher, de mãe, de Deputada Estadual, já reeleita no terceiro mandato e falar aos colegas que estão chegando, com todo um currículo e de muita capacidade técnica, administrativa, de vida também, como V.Exa. falou aqui, que aqui nós também podemos dar exemplos de vida do nosso cotidiano, das nossas experiências de vida que temos na vida pública, na nossa vida política, no Estado do Maranhão, e de dizer que aqui já aconteceram coisas piores em Sessões que talvez eles não tenham conhecimento, por não terem estado aqui, mas eu até peço e creio que eles renovem os seus mandatos para viverem uma experiência de um homem na condição de Presidente desta Casa, do quanto o abuso de poder é extremo. Algo que eu nunca vi acontecer aqui com a Presidente Iracema, que tem lutado, diariamente, no combate desta violência política aqui. E esta dor ela é sentida por todas nós, porque é muito notável. Então, é perceptível que se crie em todo dia uma narrativa, como Vossa Excelência já colocou aqui, mas a gente que já está aqui há mais de um mandato, não desqualificando quem tem um, porque nós temos o mesmo peso e a mesma medida. Estas cadeiras aqui, elas são válidas para quem tem 10, como Vossa Excelência, quase 10, e para quem chegou agora, é o mesmo voto. Eu aprendi aqui a constituição deste valor com o ex-Presidente, que Deus o tenha, Humberto Coutinho, que teve muita experiência de vida, na vida política, mas é inadmissível perceber e ver e deixar isso, às escuras, o quanto a Presidente Iracema, a única mulher eleita, por três vezes, duas, aí sempre sob perseguições, sob judicializações, desqualificando a sua capacidade como mulher, como Parlamentar de mais mandatos, porque se a gente for conferir, se a gente for botar a balança aqui os mandatos ela tem dois mandatos de Vereadora, dois de Prefeita e um de Deputada, já são cinco, já tem até mais do que eu, mas isso aqui a gente não pode. Eu, na condição de mulher e de Parlamentar, que defendo pautas totalmente adversas da colega Mical, na qual nós nos respeitamos, nós gostamos e é algo, acima de tudo aqui, que nos liga, que nós somos irmãs em Cristo, graças a Deus. Mas que é notório, que nos indigna, sim, sabe. Eu acho que é por isso que tem pouca mulher na política, porque a frieza, me desculpa Vossa Excelência na condição de homem, que os homens têm de afirmar e reafirmar uma situação não cabe a nós mulheres termos esse papel. Por isso é que eu me solidarizo com V. Exa., mas também com a Presidente Iracema, que tem sofrido violência política. A sua voz na condição de presidente é cessada aqui. Todo o Maranhão tem acompanhado a sua luta e não dá para silenciar mais. Eu não consigo mais me silenciar, ainda que venham me acusar, blogs dizer “Cadê a defesa da Deputada Ana do Gás sobre conceitos de mulher?” Não sei o quê, e isso e aquilo, porque nós somos subjugadas cada minuto. Mas eu não me importo com isso, porque a minha luta continua, primeiramente, como cristã, como filha de um Deus altíssimo que pode todas as coisas, como mulher, como mãe, como esposa, como Deputada, continua. Eu não vou me silenciar mais. E é inadmissível o que está acontecendo aqui. E eu me solidarizo também com a Deputada Mical quando ela fala das inverdades, porque, de fato, quem pegar a televisão num determinado tempo faz uma leitura totalmente diferente. Mas é preciso se questionar a violência política que a Presidente desta Casa está vivendo, porque eu tenho três mandatos aqui e nunca vi um Presidente homem passar pelo que ela está passando. Eu nunca vi. É a primeira vez que eu estou vendo. E eu sinto, eu sinto, Deputado Antônio Pereira, me desculpe, porque nós nos exaltamos, nós falamos mesmo com o coração, nós não conseguimos vir com o discurso pronto. Talvez as minhas qualificações escolares não sejam tão avançadas, mestrados, doutorados. Mas de que cabe tudo isso se você não tem humildade, respeito, solidariedade, sororidade? Não valem de nada todos esses mestrados, todos esses doutorados. Por isso eu não me envergonho das minhas raízes, de onde eu vim. Porque eu vim bem aqui da Camboa, talvez eu possa incomodar, talvez essa cadeira não fosse para uma mulher como eu que vim da periferia.
A SENHORA PRESIDENTE DEPUTADA IRACEMA VALE – Conclua, Deputada.
A SENHORA DEPUTADA ANA DO GÁS – Deputado, mas eu fico muito entristecida, e reforço aqui a todos os colegas que estão chegando que se não quiserem nos ouvir, que busquem os meios de informações aqui dessa Mesa Diretora para compararem toda essa situação e virem realmente fazer valer o seu direito, porque não há democracia sem parlamento livre, José Sarney, porque senão essa frase aí já era para ter saído daí talvez antes de mim…
A SENHORA PRESIDENTE DEPUTADA IRACEMA VALE – Conclua, Deputada.
A SENHORA DEPUTADA ANA DO GÁS – Antes dos meus três mandatos. Muito obrigada, Deputado Antônio Pereira, e desculpe aí eu ter me exaltado.
O SENHOR DEPUTADO FLORÊNCIO NETO – Deputado Antônio, Vossa Excelência pode me conceder um aparte também?
O SENHOR DEPUTADO ANTÔNIO PEREIRA – Eu acredito que o tempo, gostaria muito de concedê-lo, mas acho que o tempo já se esgotou, Vossa Excelência.
O SENHOR DEPUTADO FLORÊNCIO NETO – É rápido, vai ser rápido, Deputado Antônio.
O SENHOR DEPUTADO ANTÔNIO PEREIRA – Eu concedo a Vossa Excelência e peço que fique realmente dentro no tempo regimental do aparte.
O SENHOR DEPUTADO FLORÊNCIO NETO (aparte) – Deputado Antônio, agradeço a Vossa Excelência o aparte que me concede nessa manhã. E eu quero dizer a Vossa Excelência que algumas coisas não colam, não colam. Tentar imputar a Vossa Excelência, tentar imputar à Presidente Iracema, à Mesa Diretora desta Casa a pecha de autoritário, de quem caça palavra, de quem caça direitos, não cola. V. Exa. tem uma trajetória lastreada por respeito por onde V. Exa. passou neste Estado do Maranhão. Não é à toa que sempre tenho o cuidado de me aconselhar, conversar com V. Exa., pedir uma opinião, porque está sempre disposto a ajudar os colegas parlamentares, principalmente aqueles que estão chegando aqui. Ninguém, Deputado Antônio, consegue ser um dos decanos desta Casa se não tiver muita humildade ao invés da tirania que tentam, neste momento, imputar a V. Exa. V. Exa. não cassou a palavra de ninguém hoje aqui, V. Exa. não proclamou resultado diverso do que diz a boa Matemática, porque o Plenário, quando votou, nós tínhamos mais de 20 Deputados votando, não 16, como aqui foi falado, e eu quero lamentar, eu tenho muito respeito, diria até admiração pela capacidade demonstrada por alguns Deputados, o Deputado Rodrigo, por exemplo. Mas eu me preocupo, Deputado Rodrigo, quando, muitas vezes, a nossa capacidade intelectual se confunde, em alguns momentos, com soberba. E eu queria, neste momento, me solidarizar também ao nosso Líder, Deputado Davi, que teve que escutar aqui, de maneira irônica, debochada, uma aula de Matemática elementar, como se nesta Casa, alguma vez, já tivesse sido concedido o tempo de 7 minutos e 30 segundos para algum Deputado. Me solidarizar, mais uma vez, a V. Exa., quando teve que, obviamente sendo da área médica, ter que receber uma aula de Direito Constitucional de quem é sabidamente um grande constitucionalista, um grande jurista, que é o Deputado Rodrigo, que tem o meu respeito. E, para todos nós, invocando que a gente arrefeça o clima, que a gente mantenha principalmente o que eu aprendi na minha casa: serenidade e humildade. Porque, Deputado Antônio, tem uma coisa que dificilmente falha, a soberba precede a queda. Agradeço a V. Exa.
O SENHOR DEPUTADO ANTÔNIO PEREIRA – Obrigado, Deputado. Trinta segundos. Eu quero terminar o meu pronunciamento afirmando que, conscientemente, eu não cassei a palavra do Deputado Carlos Lula, coloquei o Recurso, legítimo, do Deputado Rodrigo Lago, em votação, para apreciação do Plenário, proclamei o resultado que o Plenário tomou e estou muito tranquilo em relação a isso. Muito obrigado.