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Expediente Final Rodrigo Lago

15 de outubro de 2025

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Transcrição

O SENHOR DEPUTADO RODRIGO LAGO (sem revisão do orador) – Senhores Deputados, Senhoras Deputadas, imprensa, povo do Maranhão, me dirijo mais uma vez à comunidade escolar do Maranhão. Hoje é o Dia dos Professores. Creio que muitos dos nossos educadores, muitos dos nossos professores estão felizes na data de hoje. Infelizmente, não é a realidade dos professores da rede pública do Estado do Maranhão. Aqueles mais antigos, que inclusive têm direito à participação no precatório do Fundef, sabem bem da chateação de chegar ao dia de hoje e saber que perderam já 15%, que estão bloqueados, mas não conseguiram receber 15% da primeira parcela e 15% da segunda parcela. Alguns, inclusive, nem receberam, os herdeiros dos professores, aqueles professores que já nos deixaram, que infelizmente já não estão mais entre nós. Acreditando que deixaram aos seus filhos, aos seus netos, uma herança, alguns dos herdeiros sequer receberam a segunda parcela do Fundef, e tudo por desajuste do Governo do Estado. Infelizmente, a Seduc está abandonada, a Secretaria de Estado da Educação está abandonada. Aqueles professores que foram contratados no mês de maio já chegaram com a missão de, em poucos meses, concluir todo o calendário letivo, garantir que aqueles alunos, que passaram a receber aula só no mês de maio, estivessem em condições de disputar vagas no ensino superior com outros alunos que já estavam tendo aula desde fevereiro. Esses mesmos professores, muitos deles, sequer receberam um centavo de remuneração cinco meses depois de começarem a trabalhar. Aqueles que esperam um concurso público do Estado, o último concurso público foi feito no governo Flávio Dino, em 2015 e 2016. Depois a pandemia atrapalhou novos concursos, até por uma lei federal. E, finalmente, quando é possível, o Governo do Estado ainda não fez concurso, colocou agora uma Lei Orçamentária, no Projeto de Lei Orçamentária do ano que vem a previsão. Mais uma daquelas grandes promessas feitas pelo Governador Carlos Bandão que nunca são cumpridas, mas eles estão lá esperando que esse concurso ocorra. Os professores efetivos estão nas escolas hoje ou que estão dando aulas remotas, porque as escolas entram em reforma e nunca se concluem essas reformas, escolas sem condições, escolas nas quais, o próprio governador confessou outro dia, estava se servindo só bolacha e suco, que a propaganda do governo anunciou que tinha três bolachas e um suco, e o próprio governador constatou que só tinha duas bolachas, que eu acho até que roubaram uma das bolachas dos alunos nas escolas. Esse é o quadro atual. Então, infelizmente, lamento, eu que sou filho de uma grande professora universitária, a professora Conceição Lago, que infelizmente já não está mais em nosso convívio, mas que muito me ensinou e ensinou também todos os seus alunos, aliás, era uma professora muito querida, porque eu fui aluno de vários dos seus alunos no ensino médio e até mesmo no ensino superior, vários professores meus tinham sido alunos da professora Conceição Lago. Mas, eu lamento que a rede pública estadual não possa celebrar este dia de hoje como um grande Dia dos Professores. E eu fiz até uma postagem hoje, de uma entrevista com o nosso Paulo Freire, em que ele dizia, já faz algumas décadas, fazia a indagação que, até hoje, é muito viva. Como ter escolas alegres com professores tristes? Como exigir que uma escola que está recebendo aula de professor, que está há 5 meses sem receber remuneração? Como exigir que essa escola fique feliz? Como exigir de uma escola em que o professor acaba sendo desligado no meio do ano letivo, como se fosse normal que isso ocorresse? Basta lembrar o que já fez, tentou fazer o Governador Carlos Brandão uma vez de não renovar os contratos dos professores contratados, no meio do ano letivo, o aluno recebeu o dever de casa, na aula de sexta-feira, e quando chegou na segunda-feira, descobriu que aquele professor já havia sido desligado da rede pública. Como achar que uma escola como essa pode ser alegre, pode ser feliz, se o educador, se o professor está triste e preocupado em como pagar as suas contas? Não tem estabilidade, porque não tem concurso público. Como achar que uma escola pode ser alegre e feliz, se o telhado da escola está desabando, se o banheiro está interditado, se a cantina não funciona? E essa tem sido, infelizmente, a realidade de muitas escolas. Como achar que uma escola pode ser feliz se os professores estão dando aula remota, há dois ou três anos, que o aluno ingressou no ensino médio, no primeiro ano do ensino médio, e concluiu ano passado, o terceiro ano, ou vai concluir esse ano, o terceiro ano, sem nunca ter pisado na sala de aula, porque passou o seu ensino médio inteiro assistindo aula remota? Como achar que um professor desse está feliz sem ter o contato e o calor humano dos seus alunos? Esta é a indagação que eu faço aqui. Por isso que eu sempre digo que a educação da Rede Pública do Estado do Maranhão, sob a gestão do Governador Carlos Brandão, grita por socorro. Então, eu queria ter subido hoje à tribuna apenas para celebrar o Dia dos Professores. Eu parabenizo cada um deles, cada um, e cada uma dos professores e professoras da Rede Pública do Estado do Maranhão, que, corajosamente, enfrentam a realidade atual da educação para tentar entregar o mínimo de ensino em sala de aula ou até ensino remoto. Mas lamento, profundamente, a destruição de mais uma política pública sendo feita pelo Governador Carlos Brandão, que abandonou por completo a educação pública. Até programas que poderiam ser bons, como esse do Tô Conectado, com uso de recursos federais, a gente descobre que a licitação foi direcionada e que os tablets foram superfaturados. Quem paga esse preço é a comunidade escolar, que poderia ter acesso a equipamento um pouco melhor, ou em maior quantidade para contemplar também alunos, inclusive do ano que vem. Os tablets estão sendo doados para os alunos, os alunos da rede pública estadual, muitos deles ainda não receberam o tablet, estão recebendo agora, mas o vestibular já se avizinha. Eles praticamente não farão uso desse tablet para o ensino médio. E ano que vem, ingressarão, na mesma proporção, alunos do primeiro ano de ensino médio. Será que terão acesso a esse dispositivo, a esses tablets? Se tivesse economizado dinheiro na compra do tablet, sem o superfaturamento, sem o direcionamento da licitação, talvez tivesse recurso em caixa para o Governo do Estado comprar ano que vem, mais uma vez, os tablets para os alunos, mas o dinheiro da educação é desviado. Será que um professor fica feliz ao saber que pelo menos R$ 13 milhões do recurso do Fundef foi parar na conta de uma empreiteira que pertence ao grupo Brandão, do Governador Carlos Brandão, desviado da finalidade da educação? E sabe se lá se para pagar algum serviço efetivamente prestado. Quem é o professor que fica feliz com isso? Então, infelizmente hoje eu queria vir só celebrar o Dia dos Professores, mas venho infelizmente lamentar mais uma destruição de uma importante política pública, que é a política educacional, que está sendo feita pelo Governador Carlos Brandão. Parabéns aos professores. Vamos resistir, vamos vencer. Um dia, Brandão passará, a nossa educação voltará a crescer. Muito obrigado, Presidente.