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Grande Expediente Júlio Mendonça

29 de outubro de 2024

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Transcrição

O SENHOR DEPUTADO JÚLIO MENDONÇA (sem revisão do orador) – Senhora Presidente, demais membros da Mesa, internautas, senhoras e senhores deputados, servidores da nossa querida Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão. Volto aqui, no Grande Expediente, para falar de três temas, na verdade. O primeiro é lamentar o incêndio ocorrido na Igreja Nossa Senhora dos Remédios, em São Bento, onde o fogo praticamente destruiu toda a estrutura arquitetônica, toda a estrutura da igreja. E, para quem conhece, e nós baixadeiros sabemos a importância da festa do Remedinho, como é chamada, como é conhecida a festa de Nossa Senhora dos Remédios, que é celebrada no mês de outubro em São Bento. Deputado Leandro Bello, o Senhor conhece muito bem aquela região, deputado Rodrigo, e o fogo provavelmente começou através de uma vela, está sendo apurado ainda. Mas nós lamentamos profundamente e ajudamos a divulgar, inclusive eu estou dando a minha colaboração também, nas redes sociais da igreja, com a população de São Bento, mas principalmente o bairro, a outra banda, onde iniciou-se aquela importante igreja, através duma cruz de madeira, tem toda uma história aí, sendo hoje uma festa, uma celebração que extrapola a cidade, o município de São Bento, e é uma festa regional. Então, fica aqui meu abraço ao povo de São Bento, a minha solidariedade. E, com certeza, estaremos juntos nessa construção, nessa reconstrução desse importante patrimônio sacro-religioso, que é do povo de São Bento. Fica aqui o abraço a todos os católicos do município de São Bento, e estaremos junto nessa reconstrução. Agradeço muito ao vereador Valmir, ao vereador Joãozinho de João do Sangue, que nos solicitaram que fizesse essa fala, e eu, claro, com muita honra, faço isso com muita tranquilidade e me irmano nessa luta. Ao mesmo tempo falo aqui também de outra situação que aconteceu em São Bento, que, na verdade, foi o fuzilamento de uma pessoa numa frutaria à luz do dia, fruto, deputado Fred Maia, que eu estava conversando agora com V. Exa., é o que tem acontecido também praticamente no Brasil todo, especialmente no nosso estado do Maranhão, a briga de facções. De fato, é necessário nós estarmos irmanados, juntos com o governador, o secretário de segurança, porque é necessário nós ajudarmos a buscar soluções para que o estado, de fato, não perca o controle. É muito grave o que vem acontecendo tanto nas periferias das nossas cidades quanto, inclusive, na periferia da nossa capital, mais especificamente ultimamente na Baixada. Cajari, Penalva, Vitória, Viana, São Bento e Matinha vêm sendo assoladas pelas gangues e morrendo muita gente, principalmente os jovens. É com tristeza e preocupação que eu aqui comungo com vocês essa inquietação, esse sofrimento, que é de todos nós e de todas as famílias, que tantos jovens que estamos perdendo. O terceiro ponto que eu gostaria de me ater e, de fato, fazer uma fala é sobre o momento político que nós vivemos no país, o cenário político do país pós-eleições 2024. E, de fato, fica um recado muito, muito forte para que nós da esquerda, tanto possamos fazer a autocrítica, mas, ao mesmo tempo, entendermos que 2024 foi resultado de vários fatores, inclusive da nossa dificuldade de dialogar com as necessidades básica da população. Para longe do que alguns pensam, as eleições de 2024, onde ficou clara a vitória do centro, principalmente do PSD, do PMDB, do PSD com 887 prefeituras, do MDB com 856, do PP com 745.É importante nós entendermos que o centro, de fato, conseguiu transformar esse momento, essas eleições em algo que reflete tanto as emendas parlamentares quanto o papel das igrejas neopentecostais. E fica aqui a preocupação do que como nós vamos conduzir esse país e esse estado daqui para frente. Penso que o Governo Lula, o Lula não foi, não se acabou e não foi o grande derrotado. Penso que nós tivemos grandes baixas. Penso também que a vitória não é do Bolsonaro. É necessário a gente fazer esse debate sério, desapaixonado para que a gente possa entender que os reais problemas da nossa população devem estar na pauta do nosso dia a dia. E a população diz claramente isso. Quando nós deixamos de discutir o SUS, o subfinanciamento do SUS e entendemos que a doença da grande maioria da população, dos 80% mais pobres, está ligada ao sobrenatural, à presença do diabo, é mascarar um debate que precisa ser feito. Por que o SUS é subfinanciado? Por que nós temos ainda juros tão altos? Não é difícil compreendermos a importância da pequena parte mais rica, traduzida aqui pela Faria Lima, no que hoje está posto como a priorização do modelo econômico, onde o rentismo, onde os juros, onde o ganho de capital é maior do que quem produz neste país. A precarização também do mercado de trabalho é algo que me preocupa muito. Isto é insustentável, a forma que o Brasil caminha do ponto de vista previdenciário. Então, esse debate nós precisamos fazer, a esquerda precisa fazer, é necessário que a gente possa, à luz do que aconteceu em 2024, nós que pensamos o Brasil de uma forma democrática, sem soluções mágicas, buscar uma estruturação da frente ampla e democrática, dialogando com o centro e buscando as soluções, discutindo a crise energética, discutindo a crise climática, buscando inserir a grande parte da população que está fora e desalentada, à mercê da extrema direita com soluções mágicas. A Teologia da Libertação, que foi tão importante para a emancipação de vários setores mais pobres, hoje foi substituída pela Teoria da Prosperidade, pela qual a meritocracia está desvirtuada e as pessoas que têm o poder aquisitivo menor, quando conseguem auferir uma posição maior, tornam-se capitães do mato. E a solução individual da classe pobre não é através dessa falsa meritocracia, é através do processo de discussão e de inclusão social no mercado de trabalho, do respeito pelos direitos básicos da população mais pobre. Faço essa reflexão para mais uma vez dizer: é necessária a construção da frente ampla, da frente com o PSB, com os partidos de centro, com o PMDB, para que a gente não fique entregando o Brasil ao fascismo, à extrema direita. E faço um olhar sobre o Maranhão, num momento tão delicado que nós estamos vivendo. Eu, desde que entrei aqui, advogo e defendo a formação da frente ampla. Uma frente que ficou claramente, e aqui eu quero parabenizar o deputado Rildo Amaral, que, hoje, materializou-se como o último prefeito, uma grande vitória desse campo democrático em Imperatriz. Então, que possamos olhar para Imperatriz e repensar o Maranhão, onde claramente a extrema direita de um lado, bolsonarista, perdeu pela aglutinação de força de centro e de centro-esquerda. Penso que esse é o caminho e penso, deputado Ricardo Arruda, que o MDB, o PSB, o PT exercem um papel fundamental aqui no estado neste momento. Eu não consigo imaginar frentes amplas sem a coordenação do governador Carlos Brandão. Assim como não consigo imaginar a Frente Ampla querendo matar o PT e o PCdoB, porque senão nós corremos o risco de entregar o estado à extrema-direita. Nós não podemos esquecer o legado do governador Flávio Dino, mas nós não podemos ficar aprisionado nesse legado, porque a política é dinâmica. E nós precisamos olhar para frente. Por isso é necessário que a gente possa, pós-eleição, pensar o Maranhão, de fato, como ele é, deputado Davi, nós precisamos sair das disputas de Barreirinhas, de Colinas, e pensar o Maranhão, desprovido de paixões. Acho um grande erro achar que a esquerda não é mais importante, no Maranhão; penso que é isso. Isso é o que a extrema-direita quer. Por isso nos atacam todos os dias aqui. Por isso é que sai qualquer decisão do Supremo e a culpa é nossa, mas eu vejo isso, porque ali está direcionado, ali tem interesses, mas é necessário, deputada Iracema, e eu acho que a senhora tem um papel fundamental nesse processo, que a gente possa pacificar esse estado, inclusive, sob a coordenação e a liderança do governador Carlos Brandão. Nós precisamos ajudar o governador Carlos Brandão a cumprir essa tarefa honrosa. Eu continuo acreditando que o caminho é esse. Eu continuo acreditando que a grande parte dos nossos irmãos maranhenses que ainda não têm acesso à educação, à saúde, não terão com soluções mágicas, não terão com teoria da prosperidade. E se nós não tomarmos cuidado, nós estaremos entregando o Maranhão a extrema-direita; e sabe Deus ao quê. Continuarei defendendo o que eu acredito, talvez, com prejuízo pessoal, porque algumas pessoas não entendem isso. Volto a dizer, nós não podemos ficar, esquecer como chegamos aqui, dois mil e catorze, dois mil e dezoito, dois mil e vinte dois e agora dois mil e vinte seis. Mas nós não podemos ficar aprisionados também, somente no passado. E eu enxergo isso, com muita tranquilidade. E espero não ser tratado como adversário do governo por estar colocando com o peito aberto e querendo acertar e aprendendo com os erros, deputado Ricardo Arruda, a necessidade nós construímos um Maranhão melhor, deputado Florêncio. É necessário nós colocarmos isso, de uma forma clara. As instituições, o povo do Maranhão são mais importantes que as disputas pessoais, eu penso nisso. Eu acredito nisso. É necessário nós podermos compreender isso. E vou continuar defendendo isso, enquanto tiver ainda acreditar, enquanto, de fato, ver que tem sentido. Por isso, finalizo as minhas palavras, não deixaria de falar isso nesse momento, respeito muito quem pensa diferente, não sou dono da verdade, mas nós estaremos cometendo um grande erro se o PT, o PSB, o PMDB, os partidos da base do Lula não dialogarem, não conversarem e não buscarem convergência. Estarei lutando até o último dia para que isso aconteça, porque entendemos que o diálogo franco, aberto, libertador é mais importante que a subserviência, ela não acrescenta em nada. O Maranhão ainda sofre com vários problemas, e nós precisamos estar juntos, olhando para essas pessoas. O índice de violência ainda é muito grande. Também reconhecemos a importância e os avanços do governo Carlos Brandão: em várias áreas, deu continuidade às políticas públicas do governo Flávio Dino. Mas eu queria continuar tendo a liberdade de poder relembrar isso num discurso de palanque sem as pessoas acharem que eu estou querendo reeditar o governo do Flávio Dino. Eu gostaria de também estar elogiando o governador Brandão sem necessariamente as pessoas estarem dizendo que eu me vendi. Porque o Maranhão passa por nós, aprendermos com os nossos erros, resgatar o que deu certo e avançar sempre. Acho que não pode faltar a coragem para que a gente faça um bom debate aqui nessa Casa, gente. Acho que não pode faltar coragem nem lucidez para a gente tocar na ferida, para melhorarmos as políticas públicas. Eu sou da base do governador Carlos Brandão, o PCdoB é da base do governador Carlos Brandão, como o PT, como a grande maioria dos deputados aqui do PL, meu respeito inclusive pelo deputado Josimar, que faz uma grande parceria conosco lá na Baixada, principalmente Viana, deputado Vinícius. Então, eu penso que nós temos que colocar o Maranhão acima de tudo isso, e vou a continuar acreditando com o coração leve, a alma tranquila e a certeza de que é importante a gente defender o que eu acredito. Por isso, finalizo aqui, Senhora Presidente, esse momento de fala, rogando que possamos ter a leitura correta desse momento, que as urnas nos trazem, com a vitória do centro, onde a esquerda precisa, de fato, dialogar com a população. Onde o mundo está mudando, o Brasil está mudando e o Maranhão está mudando. E nós precisamos, de fato, é encarar os nossos problemas se nós quisermos ter um estado desenvolvido e inclusivo. Muito obrigado.