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Grande Expediente Ricardo Arruda

01 de julho de 2025

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Transcrição

O SENHOR DEPUTADO RICARDO ARRUDA (sem revisão do orador) – Bom dia a todas e a todos, Senhora Presidente, Senhores Deputados, Senhoras Deputadas, servidores da Casa, imprensa, povo do Maranhão. Todas as vezes que eu ocupo o Grande Expediente, eu busco trazer um tema específico para essa discussão. Por ser um espaço mais amplo, por permitir o debate, por permitir manifestação dos colegas, eu sempre procuro no Grande Expediente trazer algum tema específico que eu considero relevante tratar aqui na Casa. E aqui, Senhora Presidente, não é diferente. Eu ocupo esta tribuna, na manhã de hoje, para tratar sobre uma discussão política que permeou todo o final de semana e que, digamos assim, aqueceu o debate político do Estado do Maranhão. Eu me refiro, Senhora Presidente, à entrevista concedida pelo Secretário de Articulação Política, Rubens Pereira, na sexta-feira, inclusive ao jornalista João Cutrim, que está aqui na galeria da imprensa. Nessa entrevista, em meio a uma análise do contexto político do estado, ele afirmou que um dos principais entraves para a pacificação do grupo político, do amplo grupo político que esteve junto na eleição de 2022, um dos principais entraves tinha sido a resistência encontrada da parte do governador do Estado, a indicação do vice, numa eventual chapa encabeçada pelo atual Vice-Governador, Felipe Camarão, após esta declaração de Rubão, vários representantes do campo “Dinista”, e coloco isso entre aspas, até porque eu não sei como designar este campo, uma vez que o Ministro Flávio Dino hoje milita em outra seara, mas vários representantes deste campo, se apressaram em dizer que Rubão não estava falando a verdade, a primeira manifestação foi do próprio Vice-Governador, Felipe Camarão, e a seguinte, a do Deputado Federal Márcio Jerry. E eu quero dizer aqui, colegas Deputados e Deputadas, que eu não tenho por que duvidar da veracidade da afirmação do Secretário de Articulação Política, Rubens Pereira, observando as repercussões. E aqui eu retomo a palavra do nosso querido jornalista John Cutrim, em seu blog, eu trago o que o próprio Márcio Jerry afirmou, Senhora Presidente, e abro aspas para o Deputado Federal, Márcio Jerry; “Isso não é verdade é tão absurdo que de cara se apresenta como inverosímil, inverosímil, é fake news, e segue: “Era necessário colocar isso em debate no colégio de Partidos, podia ser uma indicação, mas não uma imposição, ainda faltando muito tempo para a eleição.” Presidente, na hora que o Deputado Márcio Jerry faz esta colocação, ele está ou não dizendo que a indicação do vice, não seria facultada ao Governador Carlos Brandão, eu vou repetir, Deputado Júlio, era necessário colocar isso em debate no colégio de Partido podia ser uma indicação, mas não uma imposição ainda faltando muito tempo para a eleição. Para mim está cristalino que foi colocado um entrave para que o governador apontasse o candidato a vice na chapa a ser aprovada, a ser apoiado pelo próprio Governo do Estado. Vejam que absurdo.

O SENHOR DEPUTADO CARLOS LULA – Deputado Ricardo. Eu não quero atrapalhar o raciocínio de Vossa Excelência.

O SENHOR DEPUTADO RICARDO ARRUDA – Me permita só concluir que eu cedo com toda satisfação o aparte a V. Ex.ª.

O SENHOR DEPUTADO CARLOS LULA – Isso, adianto já e peço o aparte.

O SENHOR DEPUTADO RICARDO ARRUDA – Perfeito, assim na sequência eu já ouço com satisfação Vossa Excelência. Mas, eu me prendo aqui, Deputado Florêncio Neto, a fala do próprio Deputado Federal, Márcio Jerry, em que ele deixa evidente que isso foi colocado como algo a ser discutido no âmbito dos partidos, e ele vai além. Ele diz, volto a dizer, abrindo aspas ao Deputado Márcio Jerry, ele diz o seguinte: “Era necessário discutir também a chapa de Senado, pois são muitos nomes postos para as vagas disponíveis”. Deputado Guilherme Paz, se isso não se caracteriza um entrave a uma discussão, o que seria? Alguém questionou a prerrogativa que o Governador Flávio Dino tinha de apontar os seus candidatos a governador e vice na eleição de 2022? Alguém questionou a liderança do então Governador Flávio Dino deste processo? Alguém em algum momento disse: “Não, governador, o senhor não vai poder não, nós temos que discutir com os partidos antes”. Por que foi assim com o Flávio Dino e por que não seria com o Carlos Brandão? Um governo igualmente bem avaliado, que vem tendo aprovação por parte da população do Maranhão. Inclusive, na eleição de 2022, quando o Governador, o então Governador Flávio Dino, a seu tempo, Deputado Florêncio Neto, a seu tempo, respeitou-se o tempo do Governador, indicou o Felipe Camarão como vice na chapa. O próprio Rubão, que tinha o Deputado Federal Rubens Júnior como alguém que estava também postulando essa vaga, acatou a decisão do Governador. Por quê? Não poderia ser diferente. Rubão pertence ao grupo político e seguiu a orientação maior da principal liderança do grupo político naquele momento, que era o Governador Flávio Dino. Por que, agora, buscando o entendimento, buscando um consenso, quando o Governador diz “Eu quero indicar o vice na chapa”, não? “Nós temos que ouvir os partidos para saber se a indicação vai ser aceita ou não.” “Nós temos que avaliar, porque tem muitos nomes para o Senado.” Ora, a meu ver, Senhora Presidente, se isso não se trata de uma manifestação inquestionável de pouca disposição para o diálogo, eu não sei o que é que isso representa. Abro a palavra para o meu querido colega Carlos Lula.

O SENHOR DEPUTADO CARLOS LULA (aparte) – Deputado Ricardo Arruda, eu quero ser cuidadoso aqui com as palavras, até porque eu não tenho procuração para defender o Márcio Jerry e muito menos quero aqui ofender o Secretário Rubens Pereira, pessoa por quem tenho um grande apreço. Mas me parece que esse episódio está sendo narrado de uma maneira completamente equivocada. E digo isso, porque participei de diversas reuniões também na tentativa de construção de um consenso. E reafirmo aqui as palavras do Deputado Márcio Jerry, não foi a não colocação de nome A ou nome B como Vice-Governador na disputa que causou algum tipo de rompimento ou estremecimento. Não foi essa a razão, não foi esse o motivo. E digo mais, participei também da reunião com o Deputado Márcio Jerry, e a fala que ele colocou era a seguinte: “Está muito cedo. Não se precisa antecipar isso tudo. Vamos construir o nome em consenso com o grupo.” Não para impor nomes, muito menos dizendo não para a escolha do Governador, mas para dizer que o nome deveria ser apoiado por todos e construir um consenso, porque o grupo hoje é muito grande, muito maior do que era em 2014, maior do que era em 2018. O agrupamento que construiu a eleição do Governador Carlos Brandão era o maior agrupamento desde 2014. Então, era natural que os nomes escolhidos para a chapa fossem debatidos nesse agrupamento entre os vários líderes partidários, ouvindo os vários interesses de jogo, e não levar uma chapa fechada, porque isso nunca aconteceu. Não era só a vontade do Governador. Obviamente, se o líder desse agrupamento político é o governador, por óbvio, a vontade dele será ouvida, será escutada. Mas o único ponto que eu faço é, e aí eu já estou terminando o aparte, Senhora Presidente: com todo o respeito, eu acredito que o Secretário Rubens Pereira se equivocou gravemente. Talvez até por estar afastado durante certo tempo, porque ele teve sérios problemas que preocupam a todos aqui, inclusive da Casa, e durante certo tempo ficou afastado dos debates. E talvez ele tenha se equivocado nesse ponto, mas reafirmo, não houve veto a nenhum nome por parte de nenhum agrupamento. Não houve. Isso eu posso dizer com toda a certeza. Não tenho aqui procuração para defender o Deputado Federal Márcio Jerry, mas ele não está errado nas palavras que proferiu. Talvez tenha havido ali um acirramento de ânimos, talvez até desnecessário, mas quero dizer, Deputado Ricardo Arruda, que não houve veto. Não houve veto de maneira alguma. E mais ainda, não foi isso que levou ao estremecimento entre esses agrupamentos. Se nós quisermos depois debater o porquê disso, aí nós vamos levar um tempão discutindo, debatendo. Mas só para pontuar, de fato não houve veto a nenhum nome para a disputa de eventual cargo de vice-governador, muito menos dizer que o Governador não teria condição de levar nomes para compor essa chapa. Só fazer essa retificação para se colocar o debate de maneira assim bem transparente.

O SENHOR DEPUTADO RICARDO ARRUDA – Deputado Lula, a fala de V. Exa. eu acredito que mais confirma…

O SENHOR DEPUTADO JÚLIO MENDONÇA – Deputado…

O SENHOR DEPUTADO RICARDO ARRUDA – Só um minuto, só para não perder a linha de raciocínio, Deputado Júlio, mas na sequência eu já ouço V. Exa. Deputado Lula, eu acho que a fala de V.Exa. mais confirma do que rejeita o que eu estou dizendo aqui. O que eu estou dizendo aqui, nesta tribuna, é que houve uma resistência para que o Governador apontasse o vice, numa eventual chapa encabeçada por Felipe Camarão. Relembrando 2022, a indicação de Carlos Brandão foi uma escolha do Governador. Havia, inclusive à época, o Senador Weverton Rocha, que estava mais bem colocado nas pesquisas. Se o critério fosse viabilidade política eleitoral naquele momento, a escolha recairia sobre o Weverton Rocha, mas o Governador entendeu que o seu candidato seria Carlos Brandão. Da mesma forma que, lá na frente, quando o Brandão, dentre os vários postulantes que havia ao cargo de vice-governador, citei agora pouco o Rubens Pereira Júnior, mas tinha outros, havia outros também, Flávio Dino entendeu que o candidato a vice deveria ser Felipe Camarão. E naquele momento, ninguém questionou, disse: “Não, tem que ouvir a base política, tem que ouvir as lideranças dos partidos”. Eu penso, pelo menos é o que ficou externado até pelo próprio, o que foi colocado de forma pública, é que a decisão do Governador teve peso preponderante na escolha. Não diria que eventualmente ele não se aconselhou com alguém, mas ninguém, em momento nenhum, condicionou: “Não, Governador, não vai ser o seu, vai ser alguém que os partidos decidirem”. É o que está acontecendo agora, Presidente Iracema. E eu me remeto a outra pergunta: Quando que o Governador seria ouvido nesse processo? Depois que deixasse a cadeira? Será que ele teria alguma influência no processo depois que deixasse de ser Governador? Rubão falou: “Não, vetaram que o Governador indicasse amanhã o pré-candidato a vice-governador.” E esse amanhã, a meu ver, é no sentido figurado, poderia ser nas 24 horas seguintes, mas poderia ser também ano que vem, quando o Governador entendesse adequado, mas o tempo seria do Governador. Se o Governador chegasse: “Olha, eu quero fazer a composição, vamos caminhar junto com o Felipe Camarão, e eu quero indicar o vice amanhã. Amanhã.” “Não, nós temos que ouvir os partidos.” Eu acho que isso, Deputado Lula, e com muito respeito e consideração que eu tenho por V. Exa., eu acho que isso demonstra no mínimo, Deputado Florêncio Neto, uma má vontade para o diálogo e uma tentativa de enquadrar o principal líder do processo político eleitoral no Estado, que é o Governador Carlos Brandão, e aí fica difícil você avançar no debate e no entendimento, no consenso nesses termos. Pois não, Deputado Júlio.

O SENHOR DEPUTADO JÚLIO MENDONÇA (aparte) – Deputado Ricardo, o respeito que eu tenho por V. Exa., um homem experimentado na política, uma pessoa séria, de fato eu não vejo muita validade nesse debate nessa altura do campeonato, mas quero fazer aqui uma fala também, primeiro pelo meu respeito pelo Secretário Rubens Pereira, particularmente acompanhei e sei o quanto o Secretário Rubens Pereira se esforçou para que não chegássemos a essa atual situação, mas também não entendi a fala do Secretário Rubens e acho até desnecessária para o momento, a não ser que, de fato, ele esteja se esforçando para construir uma narrativa e tirar do Governador Carlos Brandão a responsabilidade que somente a ele compete e competiu. Por isso eu acho que é extemporâneo esse debate, porque, na verdade, V. Exa., Deputado Ricardo, eu tenho certeza de que não acredita que o motivo foi esse, como ninguém da classe política do Maranhão acredita que o motivo de todo o processo de estremecimento foi esse. “Ah, porque o Deputado Márcio Jerry falou assim, assado, desse jeito ou daquele”. Todos nós sabemos que não foi isso. E todos nós sabemos que a responsabilidade era da maior liderança do Estado, que é o Governador Carlos Brandão, e que o Deputado Márcio Jerry colocou é que foi muito malconduzido ou, na verdade, foi conduzido de uma forma que alijasse em função, e pode até se dizer: “Ah! Em função da disputa na Assembleia”. “Ah! Em função de um episódio isolado ‘a’, ‘b’, ‘c’ ou ‘d’”. Mas a grande certeza é de que a narrativa do Secretário Rubens Pereira infelizmente está sendo espalhada também por pessoas ligadas ao Governo do Estado, inclusive pelos próximos ao governador, porque tem prefeito dizendo a mesma coisa. É uma pena que, de fato, o governador, mais uma vez, se negue a fazer o grande debate, um debate com o grupo que o elegeu, e vire as costas e queira imputar a uma situação à qual se reporta o Secretário Rubens e se reporta o Deputado Márcio Jerry de uma forma, quando todos nós sabemos que, na verdade, primeiro que não tem mais sentido esse debate; segundo, que os motivos não foram esses, e todos nós sabemos.

O SENHOR DEPUTADO RICARDO ARRUDA – Deputado Júlio, primeiro, eu não considero esse debate como extemporâneo.

O SENHOR DEPUTADO CATULÉ JÚNIOR – Deputado, depois eu quero me inscrever para o aparte.

O SENHOR DEPUTADO RICARDO ARRUDA – Ok, só um segundo, Deputado Catulé. Primeiro, Deputado Júlio, eu não considero esse debate extemporâneo, porque eu acho que o Maranhão precisa entender o que aconteceu e o que está acontecendo, até para que se possa compreender o posicionamento que o governador está tendo nesse processo. Dizer, Deputado, que obviamente não foi um fato isolado, mas foi um crescente. Na verdade, este deve ter sido seguramente foi, Presidente Iracema, a gota d’água, a gota d’água. Ter dito, não, tudo bem, mas eu quero indicar o vice-governador. Não, para indicar o vice-governador, nós temos que ouvir os Partidos. Se para o governador, sentado na cadeira, do alto da sua popularidade, que quem está dizendo isso não sou eu, são as pesquisas. Se é o governador é condicionado uma oitiva aos partidos às lideranças para legitimar o posicionamento dele, para mim, isso é uma demonstração clara de que não há disposição para o debate, Presidente Iracema. Isso para mim é óbvio, Deputada Helena. Isso para mim é óbvio. E outra coisa, a questão dos interlocutores. Eu tenho certeza de que Flávio Dino não sentava pessoalmente à Mesa, ele designava interlocutores, dentre eles, o próprio Márcio Jerry, que era secretário de Articulação Política. Ele designava interlocutores para tratar. Não era o governador que sentava. Designava pessoas que, delegadas por ele, investidas por ele, pudessem fazer esse diálogo. E aí, outra coisa, e eu tenho uma amizade pelo Deputado Márcio Jerry, disse isso semana passada aqui desta tribuna, que novamente para mim é uma fala infeliz que ele fez que foi o seguinte, abro aspas, novamente, a Márcio Jerry, “tiveram muitos pontos e o governador terceirizou as tratativas para a família”. Existe algum impeditivo do governador delegar para familiares a tratativa política dele? Isso descredencia de alguma forma? Isso faz com que os interruptores sejam menos legítimos, Deputado Florencio Neto? Não, não, pelo contrário, são pessoas em quem o governador confia e a quem ele delegou a missão de fazer esta interlocução com o pessoal, com as pessoas, as lideranças do campo da Oposição, que eu não julgava nem ser oposição naquele momento. Mas então, Senhora Presidente, o que eu vejo é que fica patente a indisposição para o diálogo, a dificuldade de se conduzir o diálogo sobre bases razoáveis. Porque que Flávio Dino pode conduzir todo o processo, as escolhas de Flavio Dino foram acatadas e por que Brandão não pode ser assim? Principalmente considerando pelo o que está posto, e ninguém me questionou isso, ninguém me contestou isso, colocando, abrindo a questão da cabeça de chapa para o Vice-Governador, Felipe Camarão, e solicitando e pleiteando a vice, dentro de um contexto de um grande acordo para manter a unidade do grupo. E ninguém me questionou isso. Só um minuto, Deputado Catulé. Então, este episódio para mim é emblemático e como eu falei, acredito sim, que o Secretário Rubens Pereira estava falando a verdade e a própria fala do Deputado Márcio Jerry corrobora isso, corrobora isso. Mas não é só, não foi só isso, Senhora Presidente, que levou o Governador a tomar este posicionamento de afastamento com relação a este grupo político, a este segmento do grupo político que hoje está na oposição, veja, por exemplo, Presidente, e eu gostaria que o Deputado Othelino Neto estivesse aqui. Há judicializações que foram promovidas, aqui nesta Casa, a maior parte delas com o objetivo de criar obstáculos ao Governo do Estado; a questão do TCE, a primeira vaga, que é uma vaga prerrogativa do Legislativo, é uma prerrogativa do Legislativo. E eu já tinha dito isso aqui anteriormente, para mim a judicialização enfraquece o Parlamento. É legítimo que o Deputado Othelino faça, se ele se posicionou como oposição, como Deputado de oposição, Deputado Fernando Braide, sim. A função da Oposição é essa, é criar embaraço e obstáculos ao Governo. Mas por que os demais Deputados que faziam, então, parte da base do Governo acompanhavam esse entendimento?

O SENHOR DEPUTADO FERNANDO BRAIDE – Deputado Ricardo Arruda, se V. Exa. me permite um aparte, por favor?

O SENHOR DEPUTADO RICARDO ARRUDA – Na sequência, o Deputado Catulé, só um segundo. Esse foi um fato. Outro fato, Deputado Rodrigo. A vaga, a segunda vaga, que pelo texto constitucional pertencia à indicação do Governador, mas essa judicialização. Tudo bem, o Deputado Othelino se diz de Oposição, se declara de Oposição. Mas por que o restante do G7 o acompanhou? Por que o restante do G7? E exclua aqui o Deputado Fernando Braide, que sempre foi de Oposição também. Mas por que aqueles Deputados que se diziam ainda de situação e que estavam teoricamente tentando construir harmonia, por que se posicionaram a favor do Deputado Othelino Neto? Isso não é uma sinalização de má vontade para o diálogo? Então, é um crescente, Deputado Rodrigo Lago, de coisas. Não é um fato isolado. E talvez essa fala do Rubens Pereira tenha sido a gota d’água. Dizer: “Não, o vice não. Tem que conversar com os partidos”. Pois não, Deputado Catulé. Peço só que V Exa. e o Deputado Fernando sejam breves, para que eu possa concluir o pronunciamento no prazo regimental.

O SENHOR DEPUTADO CATULÉ JÚNIOR (aparte) – Primeiro, lhe parabenizar por trazer esse assunto. Eu próprio iria abordar esse tema para fazer uma correção daquilo que eu reputo ser uma injustiça. Eu acredito que se teve alguém dentro da classe política do Maranhão que trabalhou para que não houvesse qualquer tipo de rompimento, eu acho que esse foi o Secretário de articulação, Rubens Pereira, o conhecido Rubão. Rubão trabalhou com muito afinco. Sempre foi um árduo defensor para que nós pudéssemos corrigir as arestas que, de fato, existem e não é de hoje, não é de agora, é já de algum tempo. E o Rubão foi injustiçado, na minha opinião, através da manifestação de dois destacados líderes da Oposição, eu posso dizer assim, hoje, acredito, da Oposição do Estado do Maranhão, que colocaram, inclusive, setores da imprensa do nosso Estado também, colocaram o Rubão como aquele que foi acometido de um surto, como se o Rubão estivesse inventando, com invencionices. E a gente sabe, de fato, que existiram, não uma, mas várias reuniões com n interlocutores. E eu aqui fiz questão de destacar uma frase do nosso Vice-Governador Felipe Camarão, quando ele disse: “Nunca houve qualquer diálogo do Governador Carlos Brandão comigo”. E eu acredito na fala do Felipe Camarão quando ele fala, fala entre eles dois. Mas, evidentemente, como V. Exa. disse, existiram aí, no meio do caminho, interlocutores de parte a parte que tencionavam, que tinham como intenção que nós fizéssemos a correção dessas arestas, que essas arestas fossem aparadas e que a gente pudesse, que era o meu grande sonho, o meu grande desejo e ainda continuo tendo, porque nós somos os responsáveis pela vitória do nosso Governador Carlos Brandão. Tive a honra de participar junto do Deputado Júlio Mendonça, do Deputado Rodrigo Lago, do Deputado Carlos Lula e da grande maioria desse Plenário do Governo Flávio Dino e eu acho que, na minha opinião, na minha modesta opinião, não existia motivo para que esse projeto não continuasse. Evidentemente, como disse a V. Exa., e vou encerrar, esse processo agora tem a liderança do Governador Carlos Brandão e, evidentemente, que ele tem uma posição destacada em relação a essa liderança do processo da sua sucessão. E eu só queria destacar aqui que houve de fato essa reunião e queria aqui fazer um desagravo na pessoa do querido amigo e aliado Rubens Pereira, o Rubão.

O SENHOR DEPUTADO RICARDO ARRUDA – Agradeço, Deputado Catulé, e passo a palavra ao Deputado Fernando Braide.

O SENHOR DEPUTADO FERNANDO BRAIDE (aparte) – Agradeço, Deputado Ricardo Arruda, pela oportunidade. Só porque na sua fala V. Exa. disse que o papel da Oposição é criar embaraços para o Governo. Dizer que o posicionamento de Oposição, pelo menos eu quando sou destacado aqui como Oposição, não é esse, e sim mostrar a realidade do Governo do Estado para que as pessoas tenham conhecimento, a situação das escolas, na qual se encontram. O problema é que o Governador só pensa em eleição, Deputado Ricardo Arruda, e não em gestão. Agora então, por último, foi lançado o “paco”, que é o programa de aceleração da candidatura do Orleans, tudo que o Governo do Estado faz hoje em dia é mirando na pré-candidatura ao governo do Orleans. Eu tenho certeza de que esse reajuste que saiu agora dos militares é visando a eleição, é visando a pré-candidatura de Orleans, senão nem isso os militares teriam. Mas essa pauta eu vou deixar para a minha fala, foi só para fazer esse breve aparte na questão da Oposição, que a Oposição aqui não está para causar embaraços ao Governo, e sim para fazer a fiscalização do Governo. Obrigado.

O SENHOR DEPUTADO RICARDO ARRUDA – Deputado Fernando, existem mecanismos legítimos, V.Exa. sabe disso, que são utilizados pela Oposição, como, por exemplo, a obstrução de votação, que é um instrumento que cria embaraço sim ao Governo. Quando o Governo tem uma pauta aqui, e quando os Deputados de Oposição pedem vistas, pedem vistas sucessivas quando vai ter uma votação, e a Oposição se ausenta de Plenário para não dar quórum, tudo isso são obstruções legítimas que a Oposição se utiliza. Foi isso que eu quis dizer. Em relação a essa questão que V.Exa. colocou, na verdade, não é o foco da minha fala. Eu acho que V.Exa. está trazendo para um outro campo. Eu não estou tratando aqui sobre acertos e erros do Governador Carlos Bandão. Estou tratando aqui de uma situação específica, que é a dificuldade que o Governador Carlos Brandão teve e está tendo com relação ao diálogo com aqueles que hoje fazem parte do campo oposicionista. Mas, Presidente, eu queria registrar também e trazer para a reflexão do povo do Maranhão a eleição da Mesa Diretora, aqui eu não coloco o Deputado Othelino Neto no polo dessa discussão, porque ele disputou com V. Exa. É legítimo que ele busque questionar de todas as formas a lisura do processo, que foi legítimo, haja vista que se utilizou um critério que já era utilizado desde a década de 90, sobre isso já se tratou. Então, eu não coloco o Deputado Othelino no polo dessa questão. Mas o que me impressiona, Presidente Iracema, são os Deputados do dito “G7”, “G6”, e eu não sei se eu excluo o Deputado Fernando Braide, que sempre foi Oposição, embarcarem na mesma iniciativa do Deputado Othelino. Ora, não é a união que se quer? Não é baixar as armas? Não é se construir o diálogo? Não é se promover a pacificação? Por que que esses Deputados vão exatamente enveredar junto com o Deputado Othelino nessa iniciativa que afronta diretamente a candidatura do Governador Carlos Brandão à Presidência da Assembleia? Não estou falando da eleição propriamente dita, secreta, legítima, e cada Deputado se manifesta da forma que acha mais correta e escolhe aquele que, na sua avaliação, deve representá-lo aqui como Presidente da Casa. Mas por que que, num cenário, Presidente Iracema Vale, de uma suposta pacificação, se vai cerrar fileiras com aquele que quer questionar o processo legítimo que aconteceu na Casa? Isso é postura de quem está disposto ao diálogo, Deputado Florêncio? A meu ver, não. Prosseguindo, Senhora Presidente. Eu já estou caminhando para o encerramento e já peço aqui de antemão, Senhora Presidente, o tempo regimental do líder de cinco minutos por conta dos apartes que na verdade enriqueceram meu pronunciamento. Eu quero tratar sobre a questão do posicionamento do Vice-Governador Felipe Camarão, meu amigo Felipe Camarão, que é meu amigo, meu amigo pessoal, Senhora Presidente. Inclusive, quando o Felipe esteve em Grajaú, cerca de um mês atrás, veio gente me perguntar se recebê-lo na minha cidade geraria algum tipo de desconforto para mim, por conta desse tensionamento político. Eu disse o seguinte: “Eu não nego minhas amizades. Receberei Felipe Camarão quantas vezes ele estiver em Grajaú, pela representatividade institucional que ele tem enquanto vice-governador do Estado e pela relação de pessoal de amizade que tenho com ele e não nego minhas amizades”. E isso não se confunde com o meu posicionamento político aqui na Casa. E eu fico feliz que eu tenho certeza de que Felipe compreende isso muito bem também, mas, apesar da relação de amizade que eu tenho com o Felipe, Senhora Presidente, eu não posso deixar de discordar também, e essa crítica eu já fiz a ele pessoalmente, do posicionamento que ele tem adotado. Que posicionamento, Deputado Júlio? Subindo em palanques, Deputado Neto Evangelista, de candidaturas adversárias ao Governador Carlos Brandão na eleição de 2024. Como que eu faço parte do governo, como que eu sou vice-governador que faz parte de um projeto político e vou subir no palanque de um adversário do governador? Eu deixei, Presidente Iracema, de subir num palanque em Amarante do Maranhão, onde eu fui votado, tive mil votos, porque a candidatura antagonista ao prefeito era adversária do governador. O que é isso, Deputado Júlio? Coerência política. Não deixei de ter meus apoiadores, mas me recusei porque eu faço parte da base do governo. Promovendo, por exemplo, Deputado Fernando, tratativas com vereadores de São Luís, à revelia do governador. Todo mundo acompanhou isso. Não acho que isso seja uma postura que aproxima, eu acho que distancia. No exercício do mandato de governador, Deputado Rodrigo, dando demonstração de alinhamento político, e aí eu tenho muito respeito por V. Exa., pelo Deputado Rubens e pelos demais, dando demonstrações de alinhamento político com V. Exa. e com os demais Deputados que faziam oposição com o Governador Carlos Brandão; dando manifestações de alinhamento político, Deputado Júlio. Isso é conduta de quem quer se mostrar confiável e quer promover a união? A meu ver, não, Deputado. E dizendo que será candidato ao governo, independentemente do apoio do governador. Eu disse para o Felipe: “Felipe, espelhe-se no exemplo de Carlos Brandão”. “Ah, mas o Governador Carlos Brandão tinha missões”. Tinha, todas delegadas pelo governador. Ele não fez absolutamente nada enquanto estava na função de vice sem antes ouvir o governador e sem agir sob delegação dele. E a meu ver essa foi a forma mais sábia dele de se conduzir. Foi quando ele se mostrou de fato confiável ao então Governador Flávio Dino e se tornou governador do Estado do Maranhão. Então, feitas essas observações eu me pergunto, Deputado Davi, tem faltado ao governador disposição para o diálogo? Será que foi o governador que esticou a corda? Será que é o governador que tem dado seguidas demonstrações de hostilidade? Eu penso que não, eu penso que não, e aí é preciso colocar as coisas no tempo certo. Deputado Júlio falou que é extemporâneo, não é extemporâneo não, porque a população do Maranhão precisa saber que o governador quis, sim, o diálogo. Que o governador tentou de todas as formas possíveis manter a boa relação do grupo e evitar um eventual rompimento. Agora, o governador também não pode abrir mão da sua autoridade e de seu protagonismo político, enquanto líder de um grupo, o governador não pode fazer isso. Flávio Dino não abriu mão lá atrás, acertadamente, não abriu mão, não se pode querer também que o Governador Carlos Brandão abra mão da liderança política do processo da sua sucessão. Então, Senhora Presidente, estas são as considerações que eu queria fazer e colocar esta reflexão, a quem tem faltado lealdade? Quem não tem se demonstrado disponível para o diálogo? Quem tem mantido artilharia apontada? Eu não vejo que tenha sido o Governador Carlos Brandão, nem aqueles que o acompanham. Então, Senhora Presidente, eram estas as colocações que eu queria fazer, primeiro, um desagravo ao Secretário de Articulação Política, Rubens Pereira, que, para mim, falou sim a verdade. E o que o próprio Deputado federal Márcio Jerry disse depois do episódio, conforme quem fala a verdade. Segundo demonstrar que ao Governador Carlos Brandão nunca faltou disposição para o diálogo, pelo contrário. E citei aqui vários episódios em que isso ficou evidente e que não se observou no campo contrário. TCE, eleição da Mesa Diretora da Assembleia, posturas cotidianas de ataque ao Governo do Estado, aqui nesta Casa. E por último, já vou finalizar.

A SENHORA PRESIDENTE DEPUTADA IRACEMA VALE – Conclua, Deputado.

O SENHOR DEPUTADO RICARDO ARRUDA – E por último, Senhora Presidente, dizer que o Governador Carlos Brandão tem se notabilizado justamente por sua capacidade para o diálogo. Tem sido assim com a classe política, tem sido assim com este Parlamento e tem sido assim em relação à condução da sua sucessão. Infelizmente, Presidente, ele não tem encontrado reciprocidade neste posicionamento dele. Muito obrigado.