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Pequeno Expediente Adelmo Soares

26 de março de 2025

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Transcrição

O SENHOR DEPUTADO ADELMO SOARES (sem revisão do orador) – Sr. Presidente, querido amigo Deputado Antônio Pereira, Deputado Rodrigo Lago, Deputado Kekê. Eu hoje vou fazer a leitura de uma carta de um filho de um dos homens mais emblemáticos da cidade Caxias, que completou recentemente 80 anos, Seu Zé Dois Irmãos. Claro que eu poderia falar do Seu Zé Dois Irmãos de improviso porque eu conheço desde a minha infância, desde comprar no seu estabelecimento, na Avenida Nereu Bittencourt, aquelas coisas que criança comprava, como anzol, peteca, comer farinha de puba, e Seu Zé sempre foi um homem impecável, correto, íntegro; se tivesse no tempo de Jesus Cristo, seria como José, que, afinal de contas, o nome dele também é José, o justo. E aí eu vou ler a carta do nosso querido amigo, médico hoje, Dr. Zé Armando Filho, que é cirurgião vascular, um grande e renomado cirurgião vascular no nosso Estado. “O bom da vida é despertar os melhores sentimentos. Na atualidade, por vezes, sou compelido pela emoção e sensibilidade despertada em ocasiões importantes. Os oitenta anos de papai, José Armando de Oliveira, pontuam esses momentos. De anônimo ou quase despido de vestimentas ao nascer, tornou-se pai de sete filhos, avô de dezessete netos e bisavô de duas bisnetas. Amigo, inspiração para os seus pares, o legado está garantido. A vida dele é marcada por boas histórias e grandes lembranças. O dinheiro que ganhava de sua mãe Júlia Alves de Oliveira usava para comprar foguetes ateando nas imediações do morro de Santo Antônio, no bairro Ponte, na nossa querida amada cidade de Caxias, e próximo às casas cobertas por palhas, causando muita confusão àquela época. A queda de jumento que resultou em uma fratura do membro superior, reduzida sem anestesia, e o escorregão à beira do poço, que resultou em queda com lata d’água e corte do seu lado, suturado pelo saudoso doutor Marcelo Tadeu, dão as cadenciais de sua infância. Já na fase adulta, as aventuras na Volkswagen Kombi, que avançava nas estradas vicinais dos distritos caxienses, como se fosse um quatro por quatro. Outras da Chevrolet D-20 azul, cabine estendida, cabine dupla. Essa eu participei muitas vezes. Um carro emblemático da nossa cidade cujas viagens para São Luís vinha sempre carregada de gente e mantimentos para abastecer nossa dispensa e isopor com carneiro para assar, lembrança do comércio varejista localizado na avenida Neiva Bitencourt, em Caxias, sortido de mercadorias e cheio de gente dos mais variados perfis, dos mais simples aos mais elaborados, do lavrador ao doutor, comprando, conversando, degustando uma dose de cachaça Sucupira, fabricada em Sucupira do Riachão, conservada em tonéis de Carvalho, e até a recordação da Vacaria, da Maria do Rosário, margeada pelo riacho do Ponte, onde nossas festas e comemorações aconteciam. Tive a oportunidade de, muitas vezes, ir até a Maria do Rosário, manteve o sustento dos sete filhos. E aí, o maior legado do Seu Zé Dois Irmãos, querido Zé Dois Irmãos, é o sustento de sete filhos com educação superior: o Raimundo, que é farmacêutico; Sebastião Aurélio de Oliveira, que é contemporâneo comigo, estudou comigo, que é veterinário; a Sílvia, que é enfermeira; a Silvana, que é enfermeira; o José Armando, que é médico; a Cíntia, que é médica; e a Conceição, que é servidora pública. Uma vida validada com amigos e clientes inesquecíveis. A soma foi positiva sem que nada ficasse para trás. O caderno de fiados, não sei se ainda existe, simbolizava credibilidade e era prova de que a compra tinha sido feita. A palavra em negócios fechados à beira do balcão também tinha crédito, inquestionável valor. Parabéns ao papai e à mamãe, dona Conceição, eterna companheira do seu José Dois Irmãos, de todos os momentos. E eu tenho a felicidade de ter a amizade dessa família. Quando um não autorizava, o outro não revertia a decisão. Acho que combinavam com olhar. Para mim, espero continuar a absorver histórias, e algum dia ler e dizer, ou expressar sobre o que eu vi e fiz na vida. Parabéns, Seu Zé Dois Irmãos, pelos seus 80 anos, José Armando de Oliveira Filho, médico, caxiense, e que ajuda o Maranhão. A história desse cidadão, negro, forte, mas de uma representação muito grande, mostra uma das coisas que está mais se degradando na sociedade atual, que é a família. E Seu Zé Dois Irmãos mostrou com integridade como educar os filhos e formá-los todos. Deixou a eles o maior legado: o legado do conhecimento. Salve Seu Zé Dois Irmãos! Salve Dona Conceição! Salve toda família Oliveira na querida cidade Caxias.