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Pequeno Expediente Carlos Lula

29 de abril de 2025

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Transcrição

O SENHOR DEPUTADO CARLOS LULA (sem revisão do orador) – Exma. Sra. Presidente, Senhores Deputados, Senhoras Deputadas, eu peço a atenção desta Assembleia, Senhora Presidente, para que a gente possa, assim como fizemos nas últimas Sessões, debater temas que são imprescindíveis à sociedade, que estão para além da disputa política eleitoral. E eu trago à tribuna um resultado que me assustou muito, no dia de ontem, que se refere não só ao Maranhão, Deputado Fernando Braide, mas a todo o Brasil. Ontem, a gente teve o resultado do IED com base no sistema de avaliação da educação básica, o SAEB, que é o exame que é utilizado para aferir a qualidade do ensino de quem sai do ensino médio, e a gente teve um dado assustador. Deputado Florêncio Neto, 25% dos alunos da rede privada do Estado de São Paulo, saem com conhecimento insuficiente de Matemática. Eu não estou falando da rede pública, eu estou falando da rede privada. No Maranhão, a gente chega ao percentual de mais de 30% dos alunos com conhecimento insuficiente. Não é que não saibam fazer uma conta. Mas eles têm dificuldade, por exemplo, para medir uma área de um quadrado, ou fazer uma operação com percentual, ou ainda interpretar um problema matemático, Deputada Andreia. Isso revela algo assustador. Que é o seguinte: Mesmo, no ensino privado, mesmo com gasto dos pais no ensino e na educação de seus filhos, ainda assim, Deputado Wellington, Vossa Excelência, que é um professor, um educador, isso não significa qualidade e mais do que isso, o mínimo necessário para alguém que termina o ensino médio. Quando a gente sai da rede privada para a rede pública, a situação é ainda mais grave, 59% dos alunos não dominam o básico em Matemática, e 56% não sabem o suficiente de português. Então, vejam, isso é um problema sistêmico. Isso é um problema que afeta o Brasil inteiro. E é isso que a gente tem que trazer à pauta, Deputado Florêncio Neto, do debate aqui da Casa. A gente tem que colocar a educação como prioridade real, não apenas no discurso. Investir na formação de professores, principalmente em áreas como matemática, física e química, em que a gente tem a falta de professores hoje para ensinar. A gente precisa melhorar nossos métodos de ensino para adotar práticas mais eficazes e garantir que os alunos aprendam de verdade. E, mais do que isso, a gente não pode permitir que os alunos avancem em série sem dominar conhecimento básico. A gente está condenando o Brasil e o Maranhão à exclusão, a continuar com esses dados. O sistema que tem hoje, ele não prepara adequadamente os alunos. Se as escolas particulares – que cobram mensalidades, muitas vezes caríssimas – falham em ensinar matemática e português, imagine o drama das escolas públicas, onde, muitas vezes, faltam professores, infraestrutura e política pública eficaz. A gente precisa, Deputado Catulé, de um pacto pela educação no Estado, com metas claras, formação continuada de professores, modernização curricular e investimento em metodologias ativas. É preciso que isso seja prioridade na pauta que vai avançar agora em 2026, Deputado Arnaldo Melo. A gente vai ter a disputa do Governo, e eu espero muito que esse tema esteja em todas as agendas dos candidatos a Governador. Melhorar o ensino de matemática, por incrível que pareça, também é atacar a desigualdade. Quem mais sabe matemática, recebe melhores salários. Quem mais sabe matemática, tem melhor condição no mercado do trabalho. Então, faço este apelo a esta Casa: que a gente possa entender os sinais e, mais do que isso, construir uma nova história para a educação do Estado, em que a gente possa, de fato – seja na rede privada, seja na rede pública –, melhorar substancialmente. Não há nenhum tema que importe mais neste momento do que o tema da educação. Ou a gente adota esse tema como prioridade, de fato, ou a gente vai continuar aqui subindo por anos e anos e reclamando dos indicadores do Estado do Maranhão. Eram essas as minhas palavras, Senhora Presidente.