Transcrição

O SENHOR DEPUTADO DR. YGLÉSIO (sem revisão do orador) – Bom dia a todos! Meu príncipe, consegue aquela água, aquela que revigora as cordas vocais. Peço ao Presidente que só me conceda este tempo extra aqui para, assim que eu der o último gole nesta maravilhosa água. Obrigado, querido!

O SENHOR PRESIDENTE EM EXERCÍCIO DEPUTADO ANTÔNIO PEREIRA – Peço para que possa reiniciar o tempo do nosso Deputado Dr. Yglésio.

O SENHOR DEPUTADO DR. YGLÉSIO – Senhoras e Senhores, bom dia! Eu subo à Tribuna, recebendo agora pela manhã, mais uma nota de repúdio, talvez, acredito que seja o Parlamentar mais repudiado da história pelas associações de classe, aqui no Maranhão. E, Deputado Arnaldo, eu acho que isso pode ser uma coisa considerada até boa. O senhor já ouviu falar, Deputado Arnaldo, da Síndrome do Homem-Aranha? O Homem-Aranha, para quem se lembra, Deputado Zé Jorge, ele é um super-herói que procura o tempo todo, genuinamente, fazer o bem, mas, infelizmente, existem pessoas que o tratam como vilão, às vezes, na história colocam como se ele fosse bandido, tivesse agindo contra os interesses da população. E este é o poder da democracia, de pessoas acharem que até quem procura fazer o bem, está fazendo mal, e a pessoa tem o direito de fazer isso. Pois bem, recebi hoje pela manhã, nota de repúdio do Sindjus, umas quatro páginas, Deputado Júlio. O que foi a frase que eu disse nesta Tribuna? O que foi a frase que eu disse na Tribuna? Olha, recebi a denúncia de que, no caso da agiotagem contra a Dona Doracy, de Pinheiro, um dos oficiais de Justiça, o primeiro não conseguiu fazer a intimação, por motivos humanitários, recebi a denúncia de um companheiro advogado, altamente ético e respeitado, colega, supostamente, do primeiro oficial, que disse que não fez o despejo por motivos humanitários e que poderia ter havido o suborno em quem foi depois. Recebi a denúncia, poderia, não citei nome de ninguém. Aí o Sindijus pega e faz uma nota colocando o nome do pessoal, colocando que vai me processar. Mais um, não é? Eu conversei com o presidente do Sindijus, o George, eu disse: George, você está de brincadeira. O dia que eu não puder receber uma denúncia do cidadão, numa coisa gravíssima, trouxer à tribuna e toda hora ter que ficar me explicando, realmente não tem sentido, porque eu não ofendi ninguém, eu não citei nome de ninguém, eu não fiz juízo de valor sobre ninguém. Eu disse que recebi a denúncia. Imagina se um delegado não puder, a partir de uma denúncia, instaurar um inquérito, o Ministério Público idem. Imagina se nós não pudermos trazer aqui para a tribuna as situações que pressionam o cidadão, e haverá vezes que nós vamos errar, Deputada Andreia, aqui. Da mesma forma, José Jorge, que quando um promotor entra com uma ação civil pública ou denuncia alguém e a pessoa é inocentada, a pessoa não tem direito a ser reparada, mas o promotor errou, porque denunciou inocente. Quantos julgamentos não existiram errados em várias causas no Brasil, mas os juízes não podem ser processados quando erram in judicando, o chamado error in judicando. O Executivo, quando aplica um recurso em uma obra com uma boa intenção e às vezes a obra não sai, não alcança o resultado, ele não é processado. Por que aqui só o Parlamento, o tempo todo, na sua única função, que é legislar, e falar, e opinar, e votar, e justificar e criticar? Por que só o Parlamento? Não é permitido ao Parlamento errar? Não, as palavras têm que ter a ver com o mandato. As palavras têm que guardar limites, um decoro. Censura. Infelizmente, o Parlamento se permitiu ficar pequeno. No que depender de mim, jamais, porque respeito todos os Poderes e funções essenciais à Justiça. Não tenho um processo por sacanagem, por safadeza, por roubar alguém. Tem processo de pessoas que não aceitam ser criticadas, em geral servidores públicos, que estão submetidos ao crivo da opinião pública, porque suas ações e seus contracheques são pagos pela população. Então, como é que eu não vou poder falar que recebi uma denúncia? Querem calar quem tem coragem de se mobilizar pela população, e jamais vão perseguir. Jamais. A gente fica um dia triste, recupera, respira, porque é um saco, mas pode ter certeza, entre com duzentos mil…

O SENHOR PRESIDENTE EM EXERCÍCIO DEPUTADO ANTÔNIO PEREIRA – Peço a assessoria que possa, que liberem o áudio do orador na tribuna para que ele possa concluir o pronunciamento.

O SENHOR DEPUTADO DR. YGLÉSIO – Mas podem ter certeza, podem entrar com duzentos, trezentos, quatrocentos, quinhentos processos, eu vou até a última instância para defender o meu inalienável direito de preservar o que tem de mais importante, a liberdade da população falar, a liberdade da população exigir, a liberdade da população e seus representantes cobrarem o que precisa ser cobrado. Muito obrigado.