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Pequeno Expediente Iracema Vale
10 de julho de 2025
Transcrição
A SENHORA DEPUTADA IRACEMA VALE (sem revisão da oradora) – Senhoras e Senhores, bom dia. Senhor Presidente, Mesa Diretora, meus queridos colegas Deputados estaduais, imprensa, povo que nos assiste. Hoje, eu quero chamar a atenção para um problema grave que está acontecendo ali na região sul do Maranhão. Todos aqui são sabedores de que eu venho do município de Urbano Santos e que convivo, há mais de 30 anos, com plantações de eucalipto feitas pela Suzano, empresa de papel e celulose. Hoje a empresa saiu da nossa região e se instalou no sul do Maranhão. Para a nossa região restou apenas da Suzano as florestas. Saíram os empregos, saiu a promessa de uma fábrica, primeiro a de celulose, depois a de paletes, por fim, a Suzano saiu da nossa região e o que deixou muito foi florestas de eucalipto lá, um povo desempregado. O município não faliu, porque eu era prefeita e o nosso povo voltou para a agricultura familiar. E eu tenho a grata satisfação de dizer que nós, enquanto prefeita, cultivamos mais de 1.600 hectares de área junto com os trabalhadores rurais, fazendo campos agrícolas. Meu município não fechou uma quitanda, como a gente diz, não faliu, porque a ação do município foi enérgica, foi eficiente com aqueles que ficaram abandonados no nosso município. Pois bem, estou muito preocupada, porque a história está se repetindo. Hoje eu trago uma situação para esta Casa, que eu sei que tem a solidariedade de todos os colegas. Está havendo um grave conflito agrário entre a Suzano, papel e celulose e cerca de 600 famílias maranhenses. Elas vivem há mais de 50 anos em média nessa região. É conhecido como o problema da Fazenda Jurema, nos municípios de Vila Nova dos Martírios e São Pedro da Água Branca. Essas famílias, há gerações, cultivam a terra, elas criam seus filhos, elas sobrevivem da agricultura familiar e têm o sentimento de pertencimento àquele lugar, dependem das políticas públicas. São pessoas humildes que merecem estar onde estão, porque lá consideram como lar. Muito bem, esse problema se arrasta há anos. Lá tem idosos, lá tem crianças. A Suzano tinha perdido uma ação judicial, recorreu e apresentou na justiça. O que eu acho que é um fake, porque apresentou na justiça um plano de reintegração humanizado. Olha só o que é o exemplo de um plano de integração humanizado, de reintegração. A Suzano vai reaver a terra, vai reaver as moradias, as roças, as casas, que já é pouco, mas é tudo que o povo tem. E ela oferece um aluguel social de seis meses de R$180,00. Ela oferece seis meses de cesta básica. O povo vai perder a sua roça, vai perder do que vive a vida toda e vai ter seis meses de cesta básica. E o que mais ela oferece? O que mais ela oferece para quem tem direito à terra, que nela mora, que nela trabalha, que nela vive há mais de 50 anos? Porque o próprio INCRA reconhece que a terra é desses lavradores. Até porque nesse imóvel, quem convive há anos e que cultiva a terra e que trabalha lá nunca foi a Suzano; foram esses moradores. Ela oferece só isso. É essa a oferta da reintegração humanizada. O que é que tem de humanidade nisso, meus colegas? Nós não podemos nos calar. Não interessa se é multinacional, não interessa se é uma grande empresa, por isso mesmo. É respeitada, é uma empresa internacional e ela tem que respeitar o povo do Maranhão e principalmente, os mais humildes. E eu que já senti na pele este tipo de ação no meu município, peço aqui também que a Justiça reveja esta situação. Peço a solidariedade dos colegas Deputados neste assunto porque, já temos a solidariedade do Governador do Estado do Maranhão. É um assunto judicial que está empenhado em resolver a Secretaria de Direitos Humanos, está empenhado em resolver a Defensoria Pública, está empenhado em resolver, hoje, até o próprio Tribunal de Justiça do Estado. Já é de conhecimento internacional, e nós aqui não vamos ficar à parte, nem vamos nos calar.
O SENHOR PRESIDENTE EM EXERCÍCIO DEPUTADO DAVI BRANDÃO – Peço que libere o áudio para a Presidente Iracema.
A SENHORA DEPUTADA IRACEMA VALE – Só um minuto para completar a minha fala, Presidente. Peço que seja feita justiça com aquela comunidade e que a Suzano reflita, reveja sua posição e faça justiça também, faça a sua parte social, a sua obrigação social para com o povo do Maranhão e para com o povo daquela região. Daqui a pouco, eu vou passar um documento. E eu quero assinatura daqui dos colegas, daqueles que se solidarizarem com a situação para que a gente encaminhe para o Judiciário, encaminhe para os setores competentes e encaminhe também para a Suzano. Muito obrigada.