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Tempo dos Blocos Carlos Lula
11 de dezembro de 2025
Transcrição
O SENHOR DEPUTADO CARLOS LULA (sem revisão do orador) – Exmo. Senhor Presidente, Senhores Deputados, Senhoras Deputadas, eu venho aqui fazer eco às justas contribuições do Deputado Júlio Mendonça. De fato, ontem, Deputado Júlio, a gente teve mais outra noite triste na Câmara dos Deputados e no Congresso Nacional. A gente teve dois pedidos de cassação de mandato levados ao Plenário da Câmara dos Deputados. O do Deputado Glauber que, de maneira intempestiva, mas, reagindo à provocação desproporcional que envolvia, inclusive, a sua mãe, que naquele momento padecia num leito da terapia intensiva e que viria a morrer dois dias depois, agrediu um desses provocadores profissionais que hoje fazem sucesso na internet, fazendo vídeo de chacota das pessoas. Agiu de maneira equivocada, é verdade, e foi reprimido de maneira proporcional pela Câmara dos Deputados. Teve a suspensão do seu mandato como punição pelo ato cometido. Ele não precisou ter o mandato cassado, mas ficará sem poder exercer a atividade parlamentar por determinado período, seis meses. Mas o ato seguinte é que é um absurdo, Deputado Arnaldo, porque a Deputada Carla Zambelli, denunciada, processada e condenada, cujo projeto criminal transitou em julgado, condenada por invadir o sistema do CNJ, condenada por ter saído no meio da rua, todos se lembram da cena, com a arma apontando para um eleitor, condenada pelos dois crimes, está com seus direitos políticos suspensos, está encarcerada na Itália. A medida da Câmara dos Deputados é tão absurda porque nesses casos a Constituição é clara. O mandato, ele não é votado, Deputada Fabiana, ele é apenas declarado pela Mesa, não há votação. E eu fico olhando, no meio da madrugada a gente acompanhando a sessão da Câmara dos Deputados, lá todo mundo comemorando, uma coisa absurda. É um tapa na cara da sociedade brasileira. Ela não pode ir ao Plenário, ela não tem direito de ir e vir, ela não tem mais nem título de eleitor, mas a Câmara resolveu mantê-la como Deputada. É absurdo. E digo, Deputada Fabiana, porque a Assembleia do Maranhão agiu corretamente. A gente já teve nessa legislatura um Parlamentar que perdeu seus direitos políticos e a gente não precisou votar no Plenário, isso foi declarado pela Mesa, como manda a Constituição. E aí, na noite de ontem, mais uma cena lamentável da Câmara dos Deputados. Então, vejam só a incoerência, um Parlamentar que, de maneira intempestiva, de maneira equivocada, reage à provocação contra a vida de sua mãe, ele tem seu mandato suspenso, e alguém que sai no meio da rua com arma em punho, tentando matar uma pessoa, alguém que invade o sistema do CNJ por meio de um hacker, que comete dois crimes absurdos condenados a dez anos de prisão, não, essa pessoa não, está tudo bem com ela. Não acontece nada com o mandato dela. Então, não dá para a gente admitir, não dá para a gente concordar com essas medidas do Congresso Nacional. Acredito que foi uma semana para lamentar. Não digo para esquecer, porque a gente tem que se lembrar, até para corrigir esse tipo de atitude. Mas não dá para admitir, não dá para entender no que se tornou o Congresso Nacional. É o tempo inteiro dizendo para a sociedade que o Congresso está de costas para ela, fazendo ouvido mouco, fazendo de conta que não escuta. E eu quero dizer para a sociedade, Deputado Júlio, tal como V. Exa., a gente vai continuar lutando pelo povo do Brasil e pelo povo do Maranhão. Não dá para admitir que medidas como essas continuem sendo aprovadas pela Câmara dos Deputados. Obrigado, Senhor Presidente.