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Tempo dos Blocos Carlos Lula

18 de junho de 2024

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Transcrição

O SENHOR DEPUTADO CARLOS LULA (sem revisão do orador) – Agradeço pelo tempo, Presidente Antônio Pereira. E, Deputado Jota, Deputado Miltinho e Deputado Othelino, eu quero tentar trazer algumas luzes ao debate que a gente teve aqui ao longo desta sessão. Porque é natural, Deputado Miltinho, que a gente debata e que haja, em qualquer democracia, um campo que se situa ao lado do governo e um campo que se situe em oposição ao governo. E eu tenho dito e repetido, inúmeras vezes, que sou da base do governo. Mas, Deputado Adelmo, e aqui quero fazer referência a Vossa Excelência e à fala que Vossa Excelência teve no Pequeno Expediente da sessão de hoje. Que o meu apego não é a governos, é a princípios, eu tenho um lado. Então, calma. Paulinho da Viola tem uma canção belíssima chamada “Argumento”, e ele diz: “Eu até aceito o argumento, mas não me altere o samba tanto assim. Olha que a rapaziada tá sentindo falta de um cavaco, de um pandeiro, de um tamborim”. Calma! Ou bem a gente coloca e não acha que qualquer governo é intocável, porque nenhum governo é intocável, e entende a necessidade de, nesta tribuna, a gente ter contraditório, a gente ter democracia, a gente eventualmente também trazer problemas que todo qualquer governo enfrenta, qualquer governo enfrenta problemas. Então não é simplesmente dizer “deserte-se”, “vá embora”, “os insatisfeitos que se retirem”. Não é assim. Porque posso ouvir, falando com os colegas desta Casa, não são nem um, nem dois, que, ainda que estejam no campo do governo, estão insatisfeitos em muitos setores do governo. E é importante dizer isso, Deputado Adelmo. O deserto tem até um sentido simbólico. Deserto é o lugar de secura, de solidão, mas o lugar, seja para o cristianismo, seja para as religiões não cristãs em geral, que remete ao conhecimento da verdade. Quando a gente se retira para o deserto, a gente busca a verdade. Tanto é que todo mundo sabe que São João Batista se retirou ao deserto, também Jesus Cristo se retira ao deserto por 40 dias, onde ele é tentado pelo satanás, mas sua fé o leva ao lugar correto e ele sai do deserto sem cair em tentação. Se há lugar para a gente refletir é esse momento, porque não se constrói base, ainda mais uma base tão ampla dessa forma, expulsando as pessoas. Se é para expulsar, Deputado Miltinho, meu time, eu acho que vai ter muita gente que vai querer sair, porque está insatisfeita. Não é assim. Não é na base da força, não é na base da intimidação. Intimidar um cidadão que fez ofensas desnecessárias de baixo calão, mas fez ofensas em razão da cultura. O Secretário utilizava o aparato do Estado criminal para pegar o estudante de Direito e intimidá-lo, para dizer que ele não pode falar em rede social, não pode criticar o Governo, que é isso? Está errado. E a gente tem de ter coragem de usar essa tribuna para falar isso, tem de ter coragem. Qual é o problema em criticar o Governo? Qual é o problema em dizer “há outros caminhos, há outras saídas”? Ninguém aqui está torcendo contra o Maranhão, ninguém, mas intimidação eu não aceito. Pode ter quem aceite. Eu não aceito nem do Governo, nem de deputado, nem de ninguém. Não aceito e não aceitarei, porque eu honro os votos que eu tive para chegar aqui à Assembleia Legislativa, Deputado Antônio Pereira. Então calma, muita calma. E se for a gente para fazer um debate acerca do governo Brandão e do governo do Flávio Dino, estou pronto para fazer esse debate. Espero não o fazer, porque acredito, Deputado doutor Eric, que a gente ainda faz parte do mesmo grupo, do mesmo grupo. Agora se for necessário fazer o debate, o farei. Deputado Antônio, o farei e trarei números, trarei números, Deputado.

O SENHOR DEPUTADO MILTINHO ARAGÃO – Deputado Lula, me permite um aparte?

O SENHOR DEPUTADO CARLOS LULA – Deputado Miltinho, V. Excelência com o aparte concedido.

O SENHOR DEPUTADO MILTINHO ARAGÃO (aparte) – Eu gostaria de fazer uma lâmina bem forte daquelas de patrol de trator nesse momento. Não vejo nenhuma necessidade disso. Ninguém está fazendo menção a isto, e creio que se alguém sequer colocar uma vírgula nesse caminho, deva ser cortado com lâmina de trator. Porque o respeito que a imensa maioria desse povo do estado tem por Flávio Dino, pela sua história e que juntos ele Brandão fizeram história. E Brandão é consciente e tem repetido que está dando apenas continuidade ao governo Flávio Dino com muito respeito, com muito zelo e com diálogo. Não cabe, é o que eu disse na minha reflexão geral, nenhum de nós usar um momento tão bom para o Maranhão de alinhamento com o Governo Federal e querer colocar pedra no meio do caminho e criar atritos com interesses outros. Portanto, eu refuto com veemência e que V. Excelência até nem repita mais em nome da nossa amizade, do nosso carinho por ambos, como Vossa Excelência acabou de dizer. As suas considerações não são nunca em desfavor de Brandão, em desfavor do Maranhão, mas da construção, e é assim que eu peço que Vossa Excelência caminhe e pregue nesta Casa. Muito obrigado.

O SENHOR DEPUTADO CARLOS LULA – Eu comungo do mesmo espírito, Deputado Miltinho. Eu acho que isso é que é fundamental. Eu comungo do espírito e eu iniciei minha fala dizendo que componho uma Base do Governo, mas eu não me apego a governos, eu me apego a princípios. Enquanto o Governo entender e seguir o caminho que o elegeu, eu estarei ao lado dele e acredito que ele ainda esteja. Se ele se desviar do caminho, outro caminho eu vou tomar, mais coerente com meus princípios. Coerente com meus princípios, porque não tenho apego ao Governo.

O SENHOR DEPUTADO ADELMO SOARES (aparte) – Deputado Carlos Lula, com todo o carinho e respeito que tenho por Vossa Excelência, quantas e quantas vezes a gente teve a oportunidade de conversar, Vossa Excelência foi Secretário do Governo Flávio Dino, eu também fui Secretário, e aqui não há, usando a mesma fala que o Deputado Miltinho colocou, não há uma cisão ou uma tentativa de comparação, de maneira alguma, e muito menos de intimidação da minha parte. Quando eu coloquei, e Vossa Excelência, tenho certeza de que sabe disso, eu coloquei para que a gente pudesse discutir como a gente fazia aqui anteriormente. Estou chegando agora à Casa, mas há um problema. Eu vi aqui o colega Eric, Deputado Eric, reclamando sobre a questão do Secretário de Segurança. Esta Casa tem um líder. Chame o líder, vamos reunir todo mundo, tem uma Presidente, vamos chamar os secretários, conversar, debater e dizer o que está acontecendo, corrigir os erros, para a gente manter os acertos. Com relação ao deserto, como bem Vossa Excelência falou, eu sou um conhecedor profundo do deserto, sempre usei essa fala e não é o “deserto” como substantivo, eu usei o “deserto” como verbo no caso que a gente estava colocando. Mas nunca, de maneira nenhuma, ameaçando ninguém, apenas para dizer que nós temos que marchar juntos. Como bem falou, numa fala brilhante, o Miltinho, as ladainhas devem ocorrer, mas o próprio querido amigo, Deputado Othelino, deve aproveitar a ladainha para que a gente possa construir aquilo que ainda falta no Maranhão. Muito obrigado, Deputado.

O SENHOR DEPUTADO CARLOS LULA – Era essa minha fala, Deputado Adelmo, e espero muito que a gente continue convivendo em um ambiente democrático e de respeito e que entenda o contraditório. Eram as palavras, Senhor Presidente.