Transcrição

O SENHOR DEPUTADO CARLOS LULA (sem revisão do orador) – Exma. Sra. Presidente, senhores deputados, eu lamento o Deputado Filipe Arnon já ter saído, porque eu queria fazer uma breve reflexão sobre o que ele disse aqui da tribuna. Eu acredito que o Deputado Filipe Arnon, diante da leitura do cenário, está fazendo a leitura completamente inadequada dos fatos. Eu acho que o primeiro ponto é dizer ao Deputado Filipe Arnon, quando fala que eu estaria a justificar a cadeirada no Pablo Marçal. Bem, ele não escutou o que eu disse. Eu disse exatamente que a cadeirada não se justificava, mas que era tamanha onda de violência na campanha política, no modo de se fazer política que a população estava a justificar a cadeirada que foi dada no Pablo Marçal. A comparação, então, é completamente infeliz que ele faz em relação às mulheres vítimas de feminicídio. É completamente desnecessário o argumento ridículo até. Ele podia cuidar da sua passagem aqui no Parlamento e fazer até projetos para ajudar a minorar o feminicídio, que dia após dia a gente tem notícias do que tem acontecido em todo o Brasil e no Maranhão de forma incentivada, inclusive, por gente da extrema direita, de onde ele diz fazer parte. Então, o primeiro ponto que eu queria destacar do argumento do Deputado Filipe Arnon é que eu não disse o que ele afirma que eu disse. O segundo ponto é que ele fala sobre coerência, e acredito que o Deputado Filipe Arnon está sendo completamente incoerente, porque ele diz estar a defender  um candidato que tem passado e que foi filiado ao Partido dos Trabalhadores, foi filiado ao Partido Democrático Trabalhista, foi filiado ao Partido Socialista Brasileiro, esteve a sua vida inteira no  trilho da esquerda. No primeiro turno, aparentemente votou no Presidente Lula, foi atrás do Presidente Bolsonaro no segundo turno só. Dessa tribuna chegou a dizer que o Presidente Bolsonaro era culpado, porque era ladrão de vacina, falando da corrupção de um dólar  por vacina de cada uma  das vacinas à época, problema lá no Ministério da Saúde. Então,  é curioso e eu  fico sem entender. Então, me parece incoerência, Deputado Filipe. Pronto. Que bom que Vossa Excelência esteve aqui, a gente pode fazer o  debate. Então,  é incoerência. Deputado Filipe me parece  agora defender  como candidato a prefeito da cidade de São Luís  alguém que, durante toda sua trajetória,  não defendeu os valores que diz hoje aparentemente  defender. E o terceiro ponto, a gente fica a olhar, dizendo: Ah! O Presidente Lula não mobiliza ninguém. A esquerda não mobiliza ninguém. É curioso. Às vezes a gente fica olhando esses discursos vazios, fica até parecendo que foi o Presidente Bolsonaro que ganhou a última eleição. Porque, ao que  me consta, ele perdeu a eleição e  o “i”, que diz que tem na medalhinha dele, está faltando o “i”. Era para ter o quarto “i”, que é o “i” de  inelegível. Ele não só perdeu  a eleição como está inelegível e deve ficar inelegível aí mais por dois ou três processos, tamanhas ilegalidades que cometeu no exercício da Presidência da República. Fez de tudo! A gente nunca viu uma eleição com tanto abuso de poder político e econômico, até uma emenda à constituição foi feita, para poder se cometer abuso, eu nunca tinha visto isso na história do direito eleitoral, no mundo. Não é nem no Brasil, é no mundo! Ainda assim, o Presidente…

O SENHOR DEPUTADO FILIPE ARNON – Peço aparte, V. Exa.

O SENHOR DEPUTADO CARLOS LULA – Já lhe concedo, só pedir permissão para a Mesa. Presidente, já que o Deputado Filipe pediu aparte, só para estender por 2 minutos minha fala, aí eu dou um minuto de aparte a ele, é possível?

A SENHORA PRESIDENTE DEPUTADA IRACEMA VALE – Pode conceder os 2 minutos.

O SENHOR DEPUTADO CARLOS LULA – Deputado Filipe, então aparte a V. Exa.

O SENHOR DEPUTADO FILIPE ARNON (aparte) – Eu fico abismado, Deputado Carlos Lula, como que V. Exa. não estranha o Flávio Dino ter ido pedir bênção para o Sarney, e o Flávio Dino foi, a vida toda, pelo menos no período em que tentou surrupiar o Governo do Estado, foi pedir bênção a Sarney, por diversas vezes, quando precisou. A vida pregressa do Yglésio não me interessa, porque, como bom cristão, o que me importa é a conversão daqui para a frente. Então, o Yglésio está abraçando as bandeiras da direita, as bandeiras Deus, família, pátria e liberdade, e qualquer cidadão que se liberte dessa ideologia nefasta da esquerda, a qual V. Exa. defende, será recebido de braços abertos por Filipe Arnon, como está sendo recebido de braços abertos por Jair Bolsonaro. E me causa estranheza V. Exa. falar, e é um conhecedor do mundo jurídico, não causar estranheza, como é que o Bolsonaro não estará elegível, e estará elegível, e a gente vai ter essa prova em 2026, se o Lula, depois de fazer parte do maior crime de corrupção da história do Brasil, ter passado mais de 1 ano na cadeia e ter se tornado presidente. Qual o crime que o Bolsonaro, Carlos Lula, cometeu? Se reunir com embaixadores, que é prerrogativa dele? E por isso hoje ele está inelegível? E quer dizer que o Lula se reúne com traficantes, e aí pode, é isso que a esquerda defende? E, só para deixar, para finalizar, uma pergunta para a V. Exa., partindo da premissa do seu entendimento de que o Pablo Marçal mereceu ser agredido porque provocou, partindo dessa sua lógica, eu quero que isso fique muito claro e registrado nos anais, você então concorda que as mulheres vítimas de violência doméstica são vítimas porque estão provocando os seus maridos ou seus parceiros? Obrigado pelo aparte, V. Exa.

O SENHOR DEPUTADO CARLOS LULA – Deputado Filipe Arnon, então vamos lá. Didaticamente: primeiro, eu não disse isso, eu não usei esse argumento, eu estava aqui dizendo que a cadeirada era algo inaceitável na política, eu acho que a gente nem deve usar a tribuna para esse tipo de comparação com as mulheres, que as mulheres já são vítimas demais na sociedade, a gente devia usar aqui a tribuna da casa para construir, em nossos mandatos, meios de combater o feminicídio. É uma comparação sem nenhum sentido. Eu estava dizendo, a violência na política é tão absurda, que, quando a gente vai olhar a pesquisa, a sociedade é que já cria razões para dizer assim: “olha, é razoável”. Eu não acho razoável, não acho razoável nem esse tipo de disputa política, muito menos alguém dar uma cadeirada no outro, em outra pessoa. O segundo ponto, o Bolsonaro está inelegível, mas V. Exa. pode olhar a decisão do Tribunal Superior Eleitoral, conversar com os advogados dele, tanto é que estão tentando passar uma PEC para torná-lo elegível, mas inelegível ele está no dia de hoje. Mas eu só para terminar para dizer, se Vossa Excelência quisesse votar em um candidato a prefeito, com valores de direita, tem um do seu lado, que sempre trilhou pela margem direita do rio, não sei por que…

A SENHORA PRESIDENTE DEPUTADA IRACEMA VALE – Conclua, Deputado.

O SENHOR DEPUTADO CARLOS LULA – O Deputado Wellington está à sua frente, ele sempre teve coerência, sempre foi um homem conservador, por quem tenho um enorme respeito, mas, de todo modo, não estou aqui para fazer curadoria do seu voto. Vossa Excelência é livre para poder votar em quem bem entender e, graças a Deus, esse é o vigor da nossa democracia. Eram essas as minhas palavras, Senhora Presidente.