Transcrição

A SENHORA DEPUTADA JANAÍNA (sem revisão da oradora) – Bom dia, Senhora Presidente. Bom dia, colegas parlamentares, em especial um bom dia para a Região Tocantina. Hoje eu subo esta tribuna com o coração entristecido, porque ontem, segunda-feira, recebi a dolorosa confirmação de cinco pessoas que faleceram vítimas de um afogamento, em decorrência de um naufrágio de uma embarcação ali na praia do setor agrícola, que fica às margens do rio Tocantins, na cidade de Ribeirãozinho, que é ao lado de Imperatriz. Perderam suas vidas o Sr. Durval, seu filho Moisés, o André, o Ribamar e o Carlos Eduardo. É uma tragédia que não enlutou apenas essas famílias, mas toda a cidade de Imperatriz e região. E, diante dessa perda irreparável, eu quero aqui fazer hoje um apelo público, pois é urgente que haja mais rigor nas fiscalizações das embarcações que circulam pelos nossos rios. A Marinha do Brasil, em conjunto com os órgãos estaduais e municipais, precisa intensificar o controle sobre a regularidade dessas embarcações, principalmente agora que se aproxima o período de veraneio, quando aumenta o fluxo de pessoas frequentando o rio Tocantins, as praias do rio Tocantins. Nós não podemos que mais famílias sejam devastadas por essa fatalidade, por essa tragédia, que poderia ser evitada. É inaceitável que embarcações operem sem as devidas condições de segurança, como, por exemplo, colete salva-vidas em quantidade insuficiente, e que os condutores sejam devidamente habilitados. Eu aproveito esta oportunidade para alertar a população: evite embarcar em transportes náuticos que estejam superlotados, irregulares, que não tenham coletes salva-vidas suficientes e, principalmente, não frequentem as praias que ainda não tenham sido oficialmente liberadas pelos órgãos competentes como, por exemplo, a Defesa Civil. A sua segurança deve estar em primeiro lugar. Eu quero também expressar aqui a minha solidariedade a essas famílias, aos amigos dos familiares, em especial do bairro Vila Nova, da cidade de Imperatriz. Que Deus, em sua infinita misericórdia, lhes dê força para superar e atravessar esse momento de grande dor. Eu também expresso minha profunda solidariedade à Débora Magalhães, que é esposa, que é mãe, que perdeu seu esposo, perdeu seu filho. Conheço a Débora de muitos anos, estudei com ela na Escola Estadual Graça Aranha, da cidade de Imperatriz. Então, sintam-se todos abraçados. E aproveitando o gancho aqui nesta minha fala, eu não poderia também de deixar registrado aqui, nesta Casa, Presidente Iracema, minha colega e amiga Deputada Mical Damasceno, a minha solidariedade a Vossa Excelência que foi, que está sendo vítima aí de ofensas, de ataques misóginos, de violência política de gênero. Eu, como mulher, como Parlamentar, como mãe, eu quero lhe dizer que estou ao seu lado, estou ao lado das mulheres do nosso Estado do Maranhão, porque eu já senti na pele o que hoje Vossa Excelência vem passando. E não é fácil, minha amiga Ana do Gás, Vossa Excelência está hoje no Parlamento, em espaços de poder e Vossa Excelência ter que lidar com essa situação. Então, Mical, que Vossa Excelência continue sendo porta-voz de muitas mulheres daqui do nosso Estado, e conte com o meu apoio, conte com a minha solidariedade, e estamos aqui…

A SENHORA DEPUTADA ANA DO GÁS – Deputada Janaína.

A SENHORA DEPUTADA JANAÍNA – Concluindo.

A SENHORA DEPUTADA ANA DO GÁS – Um aparte.

A SENHORA DEPUTADA JANAÍNA – E estamos aqui justamente para nos unirmos, essa bancada feminina. Hoje, foi Vossa Excelência uma vítima, mas amanhã, Cláudia Coutinho, pode ser Vossa Excelência, pode ser eu, pode ser qualquer uma que esteja aqui. Sim, Ana do Gás.

A SENHORA DEPUTADA ANA DO GÁS (aparte) – Deputada Janaína, me permita também aproveitar o gancho, porque nós somos a minoria, aqui nesta Casa, mas, graças a Deus, com uma voz altiva, uma voz firme, uma voz de fé, de mulheres virtuosas e corajosas, que nós não chegamos aqui de qualquer jeito, ou como as pessoas ou alguns homens machistas, ou uma parte da população machista nos titulam. Eu quero registrar também aqui a minha preocupação quanto a nós mulheres que precisamos lutar para que nossas vozes sejam ouvidas. De que forma? Buscar as evidências, a Justiça para validar a nossa razão. E isso a gente vê aqui com a nossa amiga e Deputada Mical, que tem passado por dias difíceis. Como ela mesmo já falou aí na tribuna, não tirou a paz dela, graças a Deus. Que nós somos seres tão especiais de Deus que é preciso muita coisa, é preciso assim um barulho muito grande lá nas profundezas para poder e nem consegue. Então assim, é preocupante. E hoje a nossa colega Deputada Mical, ela subiu a esta tribuna com um fato, com uma perícia, com algo que não são mais suposições, não são mais estorinhas, não é mais uma mulher que está com “mi mi mi”, ou que está querendo chamar atenção, que, de fato, é esta violência que a gente vive todo dia dentro e fora de casa, de pessoas até que a gente menos imagina que podem cometer algum tipo de violência conosco. O perigo está ali mais perto do que a gente pensa. Então, a nossa colega Deputada Mical, ela subiu a esta tribuna com uma perícia que dá veracidade deste fato, dessas mensagens ofensivas, imorais, misóginas para com ela, que atinge todas nós. Que se não houver um controle: ah, passou a semana do fato, deixa elas, já, já passa. O povo esquece, e assim muitas mulheres vão perdendo sua vida, seu valor e a sua voz. Hoje é com uma Parlamentar, como V. Exa. disse, V. Exa. já passou por isso, eu já passei por isso, Mical tem passado por isso, a Presidente passa por isso aqui todo santo dia. É muito difícil, mas é preciso que a gente se una porque há milhões de mulheres maranhenses, no país inteiro, que não chegam até aqui, que precisam da nossa voz. E hoje, nós não estamos falando de historinha, de uma suposição, existe uma perícia. A nossa Deputada Mical, eu acho que ela nem conseguiu concluir a fala dela e já terminando, Presidente, ela não está em busca de vingança. Não é esse o perfil da nossa companheira aqui, da nossa amiga, dessa mulher que foi ofendida. Ela trouxe a realidade dos fatos com a Justiça, é um laudo de perícia técnica da Polícia Civil. É a Justiça. Então, é preciso que a gente dê importância para isso e que a gente não se silencie. E eu faço um apelo ao nosso Vice-Governador que ele venha se explicar, porque nós estamos em choque. O que nós podemos esperar? As eleições se aproximam, os ataques vão ficar mais frequentes e fortes, nós somos a maioria da população, a mãe da outra metade, mas somos as mais atingidas, as mais atacadas, as mais prejudicadas. E eu faço esse apelo, que nós possamos combater todo e qualquer tipo de violência contra a mulher, e não esquecendo, a gente quer ouvir o outro lado, o que levou o nosso Vice-Governador a se comportar dessa tal maneira, e impedir que que isso venha acontecer com mais mulheres. É preciso que a gente continue unidas e falando para todo mundo ouvir. Não é fingir que não está acontecendo, está?

A SENHORA PRESIDENTE DEPUTADA IRACEMA VALE – Conclua, Deputada, que o tempo já expirou, e nós temos uma Sessão Solene.

A SENHORA DEPUTADA JANAÍNA – Só concluindo, minha Presidente, é exatamente isso, minha amiga Ana do Gás, a liberdade de expressão, sim, mas nós não podemos admitir, nesta Casa, que ataques que venham ferir a honra de uma mulher. Como foi hoje, aconteceu com a Deputada Mical, mas, amanhã, pode acontecer com qualquer uma outra mulher que representa esta Casa e que também é servidora desta Casa. Assim como V. Exa., minha amiga Ana do Gás, faz um apelo à outra parte, como toda história tem dois lados, a gente espera que o Vice-Governador, ele se manifeste e venha aqui se retratar, porque contra fatos, Deputada Micael, não há argumentos. E ele venha aqui se redimir, venha conversar conosco, porque nós somos, sim, aqui a maior Bancada feminina da história desta Casa. Pela primeira vez, temos uma Presidenta, aqui nesta Casa, e nós mulheres, Deputadas Estaduais, merecemos respeito. Bom dia e muito obrigada, Presidente!