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Tempo dos Blocos Rodrigo Lago

02 de julho de 2025

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Transcrição

O SENHOR DEPUTADO RODRIGO LAGO (sem revisão do orador) – Senhores Deputados, Senhoras Deputadas. O Deputado Adelmo acabou fazendo um convite para eu tratar desse tema, tema que reputo necessário para a política, que é sobre a ingratidão. Como nós temos acompanhado nos últimos meses, eu me arriscaria até a dizer dos últimos anos, o Governador Carlos Brandão, que foi o então Vice-Governador do Flávio Dino, que foi convidado, ainda em 2014, início de 2014. Eu posso dar esse testemunho que, enquanto Deputado Adelmo estava nas trincheiras, eu era advogado e participei ativamente dessa construção, porque inclusive advoguei na época para o então Deputado Federal Carlos Brandão, quando foi convidado a compor a chapa com o Ex-Deputado Federal Flávio Dino, que encabeçaria a chapa para o Governo do Estado. E eu, junto com o Deputado Carlos Lula, nós advogamos naquele momento, éramos advogados e não políticos propriamente dito, mas participamos dessa construção que depois se confirmou nas convenções partidárias daquele ano, e finalmente as urnas confirmaram o Flávio Dino, Governador do Maranhão, salvo engano por 65% da intenção dos votos do povo do Maranhão. Em 2018, me recordo bem de um motim feito por Deputados Federais, encabeçado então pelo hoje também Deputado, ainda Deputado, Rubens Pereira Júnior, para retirar o então Vice-Governador Carlos Brandão da chapa. Queriam que o Vice-Governador Carlos Brandão não fosse mais vice-governador e indicavam, vejam só, o próprio Deputado Federal Rubens Júnior, filho do nosso querido Rubão, Secretário de Articulação Política. E o Governador Flávio Dino, naquele momento, negou, colocou em debate perante a mesa partidária, mas disse: “O meu indicado é o Vice-Governador Carlos Brandão, para mantê-lo na chapa”. E então, obteve a aprovação de todos os partidos, que recuaram, portanto, daquele pequeno motim organizado naquele momento, liderado pelo Deputado Federal Rubens Júnior. Portanto, manteve o Vice-Governador Carlos Brandão na sua chapa.

O SENHOR DEPUTADO OTHELINO NETO – Deputado Rodrigo, quando puder me conceder um aparte.

O SENHOR DEPUTADO RODRIGO LAGO – Concedo daqui a alguns minutos, rapidinho, Deputado Othelino. Então, manteve. Em 2022, o então Governador Flávio Dino fez várias reuniões partidárias e indicou o Governador, ou então o Vice-Governador Carlos Brandão para ser seu sucessor não apenas quando ele deixasse o cargo de governador, mas também para que fosse o candidato à sucessão daquele grupo. Houve dissidência, porque houve quem não se conformasse com essa posição, dissidência minoritária, quem dissentiu tomou outro rumo. Eu me refiro ao Senador Weverton, então do PDT, que saiu do governo, tomou outro rumo, não apoiou o então Vice-Governador Carlos Brandão. O Governador Carlos Brandão, portanto, tomou posse em abril, depois foi reeleito, digamos assim, uma vez que ele não tinha sido eleito governador, mas ele continuaria no mandato após o voto popular. Logo depois de tomar posse, vejam o quanto é ingrato, passou a negar, Deputado Ricardo Rios, o seu antecessor, passou a negar, Deputado Júlio, o seu antecessor num gesto da mais absoluta ingratidão. E por isso eu fiz esse paralelo com a Santa Ceia, quando Jesus, reunido com os seus discípulos, disse que um daqueles seus discípulos o trairia, e esse discípulo que o traiu foi o Judas, que teve um fim melancólico, acabou cometendo o suicídio, acometido que foi por uma crise de consciência. Mas disse mais, disse que o Pedro, antes do galo cantar, ou seja, ainda antes da manhã, negaria Jesus três vezes, e isso de fato aconteceu. Ao indagarem Pedro se ele estaria com Jesus Nazareno – está no livro de Mateus, de Marcos, de Lucas, passagens do que eu conto aqui na Bíblia; a Deputada Helena pode me corrigir se eu estiver errado, ela que é católica, frequentante realmente da igreja –, ele disse que, antes do cantar do galo, Pedro o negaria, e Pedro negou três vezes. Mas agora eu fiz a distinção, Deputado Adelmo, do Judas para o Pedro, porque o Judas não apenas negou, ele traiu Jesus. Foi muito mais forte e talvez por isso a crise da consciência o tenha levado ao suicídio. Pedro apenas negou. E eu faço mais uma vez o apelo, Deputada Mical me assiste aqui, quando eu falo de passagem bíblica, obviamente que a Mical sempre acompanha, porque também é conhecedora da palavra, eu faço um apelo para que todos aqueles que estiveram ombreados com o Flávio Dino no seu governo, que diziam que era o melhor governo, a Deputada Micaela era uma, o Deputado Yglésio era outro, além de tantos outros, o Vice-Governador Carlos Brandão também, que não neguem esse passado, que não neguem esse legado, Deputado Adelmo foi secretário do governo Flávio Dino. Negar isso é muito feio, é um gesto, sobretudo, de ingratidão. Eu citei três episódios aqui, citei casos concretos, estão nas redes sociais, basta acessar. Em três episódios, pelo menos, negando, quando não usando o subterrâneo dos palácios do Palácio dos Leões para atacar, agredir a honra do Flávio Dino, de quem foi Vice-Governador, o Carlos Brandão, e por quem foi indicado para sua sucessão, sendo, portanto, eleito governador do Maranhão. Eu quero lembrar que, em 2018, o Vice-Governador Carlos Brandão, Deputado Catulé, teve inclusive a sua candidatura impugnada. Qual era o movimento mais fácil, Deputado Othelino, Deputado Lula? Era substituir o vice, mas o governador não largou a mão do seu Vice-Governador, Carlos Brandão, porque, naquele momento, eu acredito que confiava nele. E disse: “Se a chapa toda foi indeferida, eu caio junto, mas não largo a mão do meu companheiro de Governo, que era o Carlos Brandão, o mesmo que hoje ataca pelo subterrâneo do palácio, o Governo que ele participou”. Vejam que a imprensa incentivada pelo Governo ataca o Flávio Dino por um ato administrativo, cometido pelo Carlos Brandão, enquanto presidente do CONSAD da Emap. Esta é a realidade da ingratidão do senhor Carlos Brandão, hoje Governador do Maranhão, ao seu antecessor, ex-Governador Flávio Dino. Eu concedo o aparte ao Deputado Othelino.

A SENHORA DEPUTADA MICAL DAMASCENO – Deputado Rodrigo, pode me conceder?

O SENHOR DEPUTADO RODRIGO LAGO – Primeiro, o Deputado Othelino que já havia pedido.

A SENHORA DEPUTADA MICAL DAMASCENO – Obrigada.

O SENHOR DEPUTADO OTHELINO NETO (aparte) – Serei bem breve, Deputado Rodrigo. Vossa Excelência reportou um fato do então Governador Flávio Dino ter bancado politicamente a continuidade do Carlos Brandão como vice-governador em 2018. E eu lembro bem um dos principais defensores de que o Brandão não mais fosse o vice, na época, não me lembro se ele já era Deputado Estadual ou não, era Deputado Estadual, Rubens Júnior, ele foi um dos que defendeu muito esta tese. Eu estava em uma das conversas, onde o então Governador Flávio Dino, ele foi enfático, respeitoso, respeitoso como sempre é, quando este assunto foi colocado à mesa, mas ele pediu licença a todos para manter o Vice-Governador na posição. Eu diria até que naquela mesa, a totalidade, quase a totalidade dos presentes gostaria que ele tivesse mudado o vice. E teve um que hoje está muito próximo do governador do atual governador que foi mais enfático disse: Flávio, tu não precisas. Hoje, aliás, hoje tu podes escolher o teu vice. Não precisa mais fazer esta concessão e lembra que este vice te sucederá. Mesmo assim, Flávio Dino bancou. E aí eu concluo aparte, eu gostaria Deputada Daniella e Deputado Catulé, de conseguir entrar e adivinhar o que Vossas Excelências estavam pensando quando o Deputado Adelmo estava aqui na tribuna falando de coerência. Gostaria muito mesmo de conseguir imaginar o que dizia, o que estava sendo expresso pelos olhos de Vossa Excelência. Obrigado por conceder o aparte.

O SENHOR DEPUTADO RODRIGO LAGO – Eu agradeço, Deputado, eu pediria à presidência que acrescesse o Tempo da Liderança e, Deputada Mical, eu acho que no Tempo da Liderança não pode ser concedido aparte, mas se a Presidência concordar, seria um grande prazer ouvi-la.

A SENHORA PRESIDENTE DEPUTADA IRACEMA VALE – Vossa Excelência não usou o Tempo da Liderança na hora da defesa?

O SENHOR DEPUTADO RODRIGO LAGO – Não, foi pedido foi encaminhamento de votação. Foi Eu fiz o encaminhamento de votação, Presidente.

A SENHORA PRESIDENTE DEPUTADA IRACEMA VALE – OK, então, tudo bem. É porque o Bráulio tinha me passado essa informação e eu me equivoquei aqui.

O SENHOR DEPUTADO RODRIGO LAGO – Se tiver assim, eu pediria inscrição no Expediente Final, mas acho que não precisa. O Tempo da Liderança é metade e se Vossa Excelência permitir que neste Tempo de Liderança.

A SENHORA PRESIDENTE DEPUTADA IRACEMA VALE – Eu já liberei, pode continuar o seu discurso. Não, para a Deputada Mical fazer o aparte, porque no Tempo da Liderança não é possível, Deputada Mical.

A SENHORA DEPUTADA MICAL DAMASCENO (aparte) – Deputado Rodrigo, obrigada por nos conceder, analisando aqui a sua fala e fui refletir comparando o Governo Brandão com o Governo Flávio Dino. Na verdade, eu diria que o Governo Flávio Dino, ele foi um sortudo, porque ele não teve um Vice-Governador como, hoje, Brandão tem, que é o Camarão, que passa o tempo todinho, no mandato do Governador Carlos Brandão, tramando com ele, contra ele, se juntando aqui também com os colegas dele, com os amigos dele, batendo no Governador todos os dias. Então, no Governo Flávio Dino, não houve isso. Foi um governo que ele levou com tranquilidade, onde não existia essa perseguição em nível levando até à esfera judiciária como acontece com o Governador. Tanto aqui, por exemplo, nesta Casa, Presidente Iracema Vale, qualquer situação leva também na justiça. Então, eu diria que hoje nós estamos vivendo, no Estado do Maranhão, um estado onde as coisas não estão sendo resolvidas com diálogo. Aí quando perde, querem levar tudo à justiça. Então, o Governador Flávio Dino foi um homem de sorte por isso, porque não tinha um inimigo. Brandão muito pacífico, um cara que não ofende ninguém, um cara que não persegue ninguém e por isso que deu certo. Por isso que deu certo ele, depois, indicar o nome do Governador Carlos Brandão para o Governo. Ainda bem que ele indicou. E sobre essa questão aí que V. Exa. sempre fala que eu era da base, eu já deixei claro para Vossa Excelência que na política para se chegar a algum lugar existem estratégias. E o PTB, ao qual eu me filiei, era o partido que estava no grupo do Governo Flávio Dino, comandado pelo hoje prefeito Pedro Fernandes. Era uma aliança e que se Flávio Dino entendesse de eu não me filiar nesse partido para não sair filiada nesse partido, ele poderia muito bem orientar o Pedro Fernandes para eu não sair. Então, nem tudo é do nosso jeito. E para nós, eu quero levantar a minha voz para os conservadores, para os patriotas, entender que como nós estamos em um Estado de Esquerda, nem tudo vai ser do nosso jeito, porque tem hora que o partido que a gente dá para se eleger está aliado a um partido, a um grupo que a gente não queria, e a gente tem que engolir banana atravessada, para a gente alcançar. Aí, depois de eleita, é outra história. Eu estou aqui, eu tenho um diálogo, uma aliança com o Governo Brandão. Mas ele respeita as minhas convicções, ele respeita, porque ele vê a forma como eu defendo, porque eu defendo aquilo que eu acredito, porque eu estou aqui representando o segmento evangélico, representando os conservadores. Então, para eu chegar aqui, eu tive que fazer alguma estratégia para a gente alcançar. Então, eu digo aqui para os conservadores que tem a ideia, que tem vontade de se lançar para as próximas eleições entendam bem, para nós alcançarmos, que um dia nós vamos alcançar lugares mais altos, porque a gente sabe que o Estado do Maranhão é dominado ainda…

O SENHOR DEPUTADO RODRIGO LAGO – Deputada Mical, eu pediria que Vossa Excelência concluísse, porque senão eu não concluirei o meu discurso.

A SENHORA DEPUTADA MICAL DAMASCENO – Eu vou concluir. Eu só quero dizer para V. Exa. que quem votou comigo, os meus votos não são comprados. Os meus votos são de pessoas convictas. Os meus votos são de conservadores. V. Exa. sempre gosta de dizer: “A minha base…” Sempre gosta de dizer: Não, que V. Exa. era da base de Flávio Dino. Eu quero dizer mais uma vez, porque a esquerda tem essa mania de querer repetir mentira para que depois ela se torne verdade. Isso daí é uma inverdade. A minha base é a igreja, a minha base é o segmento evangélico. A minha base, os meus votos são dos cristãos. Os meus votos são dos conservadores, os meus votos não são comprados. É só isso que eu quero dizer para V. Exas. Então, nem tudo é do nosso jeito, nós temos que chegar, ter estratégia para poder alcançarmos o nosso objetivo, e tem horas que a gente tem que engolir banana atravessada, para a gente alcançar o objetivo. Somente isso. Muito obrigada, Deputado Rodrigo.

O SENHOR DEPUTADO RODRIGO LAGO – Deputada Mical, eu agradeço a sua intervenção e me faz lembrar a energia que V. Exa. consumia, defendendo o Governo Flávio Dino. Defendeu durante toda a gestão do Governador Flávio Dino, praticamente toda. V. Exa. ainda teve pelo menos a honradez de ter saído no finalzinho do Governo Flávio Dino para, a partir daquele momento, fazer Oposição ao Governador Flávio Dino. Alguns colegas seus nem isso fizeram, só fizeram Oposição depois de eleitos. Aliás, no dia da eleição, anunciaram que era contra o Ex-Governador Flávio Dino, depois de ter enganado seus eleitores. Mas citei Pedro, citei Judas, Judas que traiu Jesus, Pedro que chegou a negá-lo três vezes, mas depois, colocando a mão na consciência, reconheceu os seus erros. Eu vou citar, agora fora da Bíblia, quando, pelo menos é uma passagem que imputam a ele, quando do assassinato de Júlio César, ele teria dito ao seu então dileto amigo e companheiro, Marco Bruto: “Até tu, Brutus?” Pois o que é mais grave foi o que ocorreu. O então Vice-Governador Carlos Brandão, durante sete anos e nove meses, não digo três, porque, até ele conquistar a eleição no primeiro turno, fazia juras de amor ao Flávio Dino. Usava o Governador Flávio Dino na sua campanha eleitoral para ganhar a eleição, para ganhar a aprovação popular. Era o melhor governo do Brasil. E depois de eleito, puxou a mão de trás, onde tinha escondido uma faca, e agora esfaqueia o seu antecessor, o hoje Ministro Flávio Dino, sem dó e nem piedade, usando dos mais vis instrumentos, usando os porões do Palácio dos Leões para atacar aquele que o fez Governador, num gesto de ingratidão. Essa é a leitura, hoje, real e verdadeira do Maranhão. Muito obrigado.