Agência Assembleia
O programa “Diário da Manhã”, da Rádio Assembleia, entrevistou, nesta sexta-feira (25), o vice-presidente para assuntos de economia da Associação Comercial do Maranhão (ACM), Fernando Duailibe Mendonça. Dentre outros assuntos, ele abordou sobre os impactos do tarifaço imposto ao Brasil pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na economia do Maranhão.
Na conversa com o apresentador do programa, jornalista Ronald Segundo, Fernando Mendonça disse que é preciso se analisar o impacto do tarifaço de Donald Trump em toda a cadeia que está envolvida na economia maranhense.
“O Maranhão tem uma economia muito voltada para exportação. Trabalhamos com as commodities (o minério, a soja etc.). E quando a gente fala de tarifa de importação de um país que é o segundo comprador do Brasil, esse tarifaço, num primeiro momento, dá um impacto muito grande. Qual a repercussão disso dentro das grandes empresas que atuam no Maranhão? Afetando essas grandes empresas, automaticamente, os pequenos negócios também são afetados. Sem dúvida é um choque grande sair de uma taxa de 10% para 50%. O momento exige cautela e análise”, esclareceu.
Negociação
Segundo Mendonça, diante do anúncio do tarifaço, o empresariado pisou no freio e se dispôs a analisar o novo cenário da economia e como primeira medida buscou abrir canais de negociação.
“Por enquanto, o empresariado aguarda os resultados das negociações e procura analisar onde vão ser as perdas e quais as oportunidades. Todo mundo olha a crise só pelo lado ruim, mas, nesses momentos de crise, também surgem oportunidades. Não podemos olhar o cenário só pelo lado negativo. A concorrência também está sendo taxada. Então, é preciso muita cautela e uma análise profunda do cenário econômico atual”, destacou.
Novos mercados
Fernando Mendonça ressaltou que o momento exige que se busque novos mercados e identificar onde somos competitivos e como podemos diversificar a nossa pauta de exportações e importações.
“Não adianta deixar um mercado que nos cobra uma tarifa muita alta e passar a ser dependente de outro mercado. Com a taxação, alguns produtos vão chegar mais caros aqui e vamos ter que repassar à população de forma mais cara, o que, provavelmente, vai levar a uma queda de venda. Então, quais são os produtos substitutos que eu posso ter como oportunidade nesse momento? Que ajustes precisamos fazer nos nossos negócios para suportar esse momento difícil?”, analisou.
Consequências
Mendonça ressaltou ainda que a economia não é só o momento estanque, mas um processo dinâmico, e analisou algumas possíveis consequências do tarifaço de Donal Trump na economia do Maranhão.
“Seremos afetados no setor de carne e atingidos pela questão do minério. Mas, até agora, o valor das ações da Vale não está caindo. Temos impacto também na comercialização da celulose, com a Suzano. Mas, no geral, o impacto em nossa economia não é um dos maiores. O momento exige que o Brasil comece a pensar em outros mercados. Os Estados Unidos buscam melhorar sua balança comercial e está negociando com todos os países para aumentar suas vantagens comerciais. Vivemos um processo de reorganização geopolítica”, frisou.
Diálogo
Por fim, Fernando Mendonça disse que o empresariado maranhense está dialogando, por intermédio da agência de investimentos, buscando identificar os entraves e tentar superá-los e encontrar as oportunidades.
“Momentos como esse são bons para quem tem visão de futuro. Temos um movimento muito grande dentro do estado pensando em como saímos desta situação que nós ficamos nos últimos anos. Nos últimos quatro anos, estamos vendo o Maranhão avançar, se estrutura melhor. E o empresariado está conversando com o poder público, buscando tirar esses entraves. Estamos no caminho certo, mas temos muito ainda o que caminhar”, finalizou.