‘Pautas Femininas’ aborda depressão pós-parto

Agência Assembleia

O programa ‘Pautas Femininas’, da Rádio Assembleia (96,9 FM), recebeu, nesta segunda-feira (26), a psicóloga perinatal Hildata Dourado, que falou sobre depressão pós-parto. Entre outras coisas, a convidada revelou que a doença atinge mais de 25% das mulheres, índice considerado muito alto.

A convidada disse que não existe uma única causa conhecida para depressão pós-parto, mas que a patologia também pode estar relacionada a um histórico de outros problemas e transtornos mentais.

“De repente, a mulher se encontra em um cenário que não é aquele que ela idealizou. Envolve muita frustação, desespero e tristeza. Saber dessa possibilidade e se preparar para isso é o ideal. É preciso educar as pessoas sobre essas questões da maternidade”, disse a psicóloga.

Hildata Dourado disse que a mãe, nem sempre, está preparada para estar junto ao bebê, e precisa de uma rede de apoio da família. “São vários os sintomas de depressão pós-parto. A mulher sente, por exemplo, uma tristeza profunda, uma dor no coração muito forte, sendo que muitas recolhem até do convívio social”, frisou, acrescentando que os sintomas típicos são melancolia intensa, desmotivação profunda diante da vida, ausência de forças para lidar com a rotina e muita tristeza, acompanhada de desespero constante. 

Ela frisou que é muito importante a questão preventiva, ou seja, desde a consulta pré-natal, quando se deve cuidar da mãe, do pai e até dos irmãos. “É preciso cuidar da família inteira e supri-la de informações sobre aquele momento da vida dos pais”, ressaltou.

Hildata Dourado explicou que há pacientes que carregam um sentimento de culpa por estar sentindo alguns sintomas da depressão pós-parto, não sabendo explicar o porquê estão sentindo. Ela também falou sobre alguns fatores que podem levar à depressão pós-parto, a exemplo da alimentação e privação do sono.

Dourado também abordou a questão da gravidez não desejada, o que geralmente está relacionada a adolescentes, o que envolve, inclusive, julgamento social. “É super importante falar sobre esse assunto, uma vez que é também uma questão de acolhimento e aceitação”, disse.

Plenário aprova PL que cria políticas para diagnóstico e tratamento da depressão pós-parto

O Maranhão poderá ter uma política estadual para diagnóstico e tratamento da depressão pós-parto. É o que prevê o Projeto de Lei 128/2024, de autoria da deputada estadual Cláudia Coutinho (PDT), aprovado em segundo turno, na sessão plenária desta quarta-feira, 29, e encaminhado à sanção governamental.

Entre as diretrizes da política estão a detecção da doença ou evidências de que ela possa vir a ocorrer, visando obstar seu desenvolvimento; a constituição de pesquisas visando aprimorar o diagnóstico da depressão pós-parto; a criação de campanhas de esclarecimentos sobre a depressão pós-parto; o estabelecimento de medidas destinadas a diminuição das complicações decorrentes do desconhecimento da doença; e a promoção da conscientização acerca do problema, estimulando que pessoas e pacientes desenvolvam atividades junto às unidades de saúde para disseminar informação sobre sintomas e gravidade da doença.

Segundo o projeto, as ações devem ser estabelecidas em unidades de saúde das redes pública e privada. “Essa medida proporciona uma padronização nos cuidados de saúde, garantindo uma abordagem consistente e baseada em evidências por parte dos profissionais de saúde. Além disso, diretrizes claras asseguram o acesso equitativo aos cuidados de saúde para todas as mulheres, independentemente de sua localização geográfica, status socioeconômico ou etnia”, destacou a deputada na justificativa do projeto.

Depressão

De acordo com o Ministério da Saúde, a depressão pós-parto é uma condição de profunda tristeza, desespero e falta de esperança que acontece logo após o parto. Ela traz inúmeras consequências ao vínculo da mãe com o bebê, sobretudo no que se refere ao aspecto afetivo.

A literatura cita efeitos no desenvolvimento social, afetivo e cognitivo da criança, além de sequelas prolongadas na infância e adolescência. Raramente, a situação pode se complicar e evoluir para uma forma mais agressiva e extrema da depressão pós-parto, conhecida como psicose pós-parto.

No caso dos homens, a depressão pós-parto pode surgir por conta da preocupação com sua própria capacidade de educar um recém-nascido. A ansiedade em prover uma boa vida para a criança, o aumento das responsabilidades e o suporte que se deve dar ao parceiro(a) estão entre as causas do problema.