‘Sustentabilidade na Prática’ aborda sistemas agroflorestais da Embrapa

Agência Assembleia/ Foto: Kristiano Simas

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O programa ‘Sustentabilidade na Prática’, da Rádio Assembleia (96,9 FM), recebeu, na manhã desta segunda-feira (18), o engenheiro agrônomo Carlos Eugênio Vitoriano Lopes, analista da Embrapa Cocais. Ele discorreu sobre sistemas de produção de referência em territórios indígenas e em assentamentos rurais no combate à fome e diminuição dos impactos ambientais.

Entrevistado pela radialista Maria Regina Telles, Carlos Vitoriano fez um relato sobre tecnologias desenvolvidas pela Empesa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que permitem que famílias de baixa renda se alimentem do que produzem e ainda possibilitam a comercialização do que sobra dessa produção.

Carlos Vitoriano informou que uma das iniciativas mais importantes da Embrapa é o projeto “Sistemas Agroflorestais para mitigação do clima e da fome”, que tem o objetivo de construir, de forma conjunta, sistemas produtivos de referência em terras indígenas – especificamente no Território Indígena Araribóia – de 413 mil hectares e cerca de 251 aldeias – com foco na produção de alimentos com qualidade nutricional e na conservação ambiental.

Segundo Vitoriano, o projeto é coordenado pela Embrapa Florestas com ações que vão subsidiar o Plano de Gestão Territorial (PGTA) de terras indígenas no Maranhão, que está sendo planejado de forma participativa com os indígenas e parceiros diversos.

Para prospectar demandas, identificar os principais desafios de produção no território indígena e construir conjuntamente as ações, a Embrapa tem realizado encontros periódicos em que são também conhecidas as experiências locais em sistemas agropecuários e conservação florestal, considerando o conhecimento indígena tradicional para implantação de sistemas de referência em produção de alimentos sustentáveis.

Demandas

De acordo com Carlos Vitoriano, as principais demandas das comunidades indígenas são por sistemas agroflorestais envolvendo espécies frutíferas (açaí, cupuaçu, banana) com adaptação climática e crescimento na região, devido ao potencial na alimentação e comercialização. Também por sistemas com plantas de lavoura, como milho, arroz, feijão e mandioca, sendo o cultivo de mandioca o principal destaque, além da apicultura e piscicultura como atividades complementares.

Questões ambientais em relação à proteção do território e à importância da conservação de matas ciliares e nascentes e ainda reflorestamento de áreas degradadas também são temas presentes, assim como a proteção da floresta e a valorização da tradição e da cultura indígena.

“O nosso objetivo agora é o de referendar sistemas de produção de referência possíveis para o Território Indígena Araribóia. Buscamos dialogar, mostrar alternativas e indicar sistemas sustentáveis mais apropriados para amenizar as mudanças climáticas e a fome, e apresentar tecnologias alternativas contra o uso do fogo”, frisou. Para ele, entender o processo de produção indígena nesse território com a participação deles é o que vai garantir resultados promissores.

“No primeiro momento da nossa chegada na comunidade indígena, entendemos como eles produzem, suas práticas culturais, colheita, consumo familiar, comercialização etc, de acordo com a descrição feita por eles, e pudemos identificar gargalos e pontos de melhoria. Temos muitas tecnologias e formas de manejo que podem contribuir para minimizar ou eliminar a fome da comunidade com a possibilidade de manter as características ambientais. Para o futuro, a partir dos sistemas melhorados para as condições locais das comunidades indígenas, vamos pôr em prática a produção de alimentos por meio de Unidades e medir os efeitos ao longo do tempo”.

Carlos Vitoriano acrescentou que considera muito bom e produtivo esse planejamento da agricultura familiar do território Arariboia. O projeto tem a iniciativa da Embrapa, Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Instituto Tukàn, Comissão de Cacique e Liderança do Território Aribóia (Cocalitia), Funai e Fundo Vale.

Vitoriano explicou que sistemas agroflorestais são tecnologias desenvolvidas na Embrapa no Maranhão que otimizam o uso da terra com produção diversificada de alimentos numa mesma área. Integram árvores, culturas agrícolas, como milho, macaxeira e banana nos primeiros anos, e cupuaçu, açaí, acerola e taperebá (cajá) nos anos seguintes. Também compõem o sistema plantas forrageiras e, às vezes, animais, de maneira simultânea ou sequencial. Para Vitoriano, os impactos sociais, econômicos e ambientais da tecnologia são bastante positivos.

‘Sustentabilidade na Prática’ aborda sistemas agroflorestais com potencial inovador

Agência Assembleia

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A superintendente de Recursos Florestais da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais, Scarleth Karolyne, concedeu entrevista, na manhã desta segunda-feira (25), ao programa “Sustentabilidade na Prática”, da Rádio Assembleia (96.9 FM). A gestora fez um relato sobre a visita técnica realizada para conhecer sistemas agroflorestais de referência no estado do Pará. A expedição aconteceu no período de 11 a 14 de março no município de Tomé-Açu (PA).

Durante o programa, apresentado pelas radialistas Maria Regina Telles e Marina Sousa, Scarleth Karolyne explicou que o uso de sistemas agroflorestais tem atraído a atenção dos estados por ser uma estratégia que compatibiliza preservação ambiental e desenvolvimento econômico. Dentro dessa perspectiva, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema) enviou uma equipe de técnicos numa expedição ao estado do Pará junto com profissionais da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Scarleth Karolyne destacou a importância de investir no conhecimento de novos métodos de produção e recuperação de áreas alteradas. “Os resultados dessa nossa expedição irão complementar o projeto que visa fortalecer a cadeia produtiva no estado em conformidade com o propósito do governador Carlos Brandão de diversificar e ampliar a produção para gerar mais emprego e renda no campo”, assinalou.

De acordo com informações de Scarleth Karolyne, os técnicos da Superintendência de Recursos Florestais e da Superintendência de Economia Verde da Sema visitaram no Pará imóveis rurais que utilizam Sistemas Agroflorestais (SAFs), nas quais foram apresentados os consórcios entre culturas agrícolas como o cultivo de arroz, mandioca, abóbora, maxixe e pimenta-do-reino, com o plantio de árvores, como o dendezeiro, castanheira, cupuaçuzeiro, cacaueiro, andirobeira e açaizeiro.

Scarleth Karolyne disse que foi realizada visita à Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (CAMTA), uma agricultura sustentável existente no município há mais de 90 anos, onde puderam obter informações sobre os mercados local e internacional, configurando-se o Japão como o principal país de destino das exportações, especialmente de cacau e açaí. 

Produtos secos

A equipe também conheceu a Agroindústria de Polpas, Óleos e Produtos Secos da CAMTA, agroindústria voltada à separação e seleção de produtos secos, tais como amêndoas de cacau, pimenta-do-reino, e óleos de maracujá e andiroba. Outra experiência de sucesso foi a produção de polpas, onde são produzidos 15 sabores diferentes, como o açaí, cajá, pitaya, cupuaçu e acerola.

Após a expedição, a Sema e a Embrapa reuniram-se para discutir os resultados sobre a expedição e alinhar ações para a continuidade de atividades voltadas à implantação de projetos que envolvam manejo florestal e recuperação de áreas degradadas com técnicas como SAFs.

Scarleth Karolyne frisou que sistema agroflorestal é uma forma de uso do solo que combina o cultivo de elementos perenes, elementos semiperenes, elementos de ciclo curto e elemento eventual, proporcionando equilíbrio entre a produção de alimento e o desenvolvimento sustentável.