23 de novembro de 2025
‘Mais Saúde’ destaca desafios das famílias e defesa de direitos de pessoas com autismo
Em entrevista ao programa, Alcione do Socorro Costa, representante da Associação de Usuários de Planos de Saúde, fala sobre lutos maternos, preconceito social, diagnóstico tardio e a luta por tratamento digno
Agência Assembleia / Foto: J.R. Lisboa
A edição do programa ‘Mais Saúde’, exibido pela TV Assembleia neste domingo (23), recebeu Alcione do Socorro Costa, integrante da Associação de Usuários de Planos de Saúde, para uma conversa sobre o direito à saúde, os desafios vividos por famílias de pessoas com autismo e o impacto emocional dos diagnósticos.
Logo no início da entrevista, Alcione do Socorro explicou que a atuação da associação nasce da vivência concreta das famílias. Ao relatar sua história, Alcione contou que seu primeiro contato com o tema do autismo não foi por meio de uma busca própria, mas pela necessidade de compreender e cuidar do filho. “Meu filho é autista, foi diagnosticado com um ano e dois meses. Na época, eu recebi o diagnóstico dele como um diagnóstico de incapacidade”, disse.
O impacto emocional, segundo ela, foi intenso e difícil. Com dedicação, acompanhamento e intervenções, o filho evoluiu do nível 3 para o nível 1 de suporte, mas a jornada trouxe reflexões profundas. Foi nesse processo que Alcione também recebeu, já adulta, o próprio diagnóstico de autismo. “Para mim foi, em parte, sofrimento, porque eu tive que lembrar todas as dificuldades que a minha mãe passou”, relembrou.
Lutos
A entrevistada abordou um tema sensível: o luto materno diante do diagnóstico. Ela explicou que existe um primeiro luto – o da quebra da expectativa do “filho idealizado” – e um segundo, mais tardio, que ocorre quando se percebe que algumas limitações podem não ser superadas.
“Quando esse filho real nasce, a gente entra num luto em relação a esse filho simbólico. E eu diria que ainda temos um segundo luto, quando o autismo vem acompanhado de deficiência intelectual e outras comorbidades”, destacou.
Segundo Alcione, a sociedade ainda impõe um pesado julgamento. “A maioria das pessoas tem a concepção de que receber um filho com deficiência é uma maldição, como se elas tivessem feito algo errado. É um pensamento da idade média que ainda está presente”, criticou.
Cuidadora
Alcione também relatou como a carga emocional e social recai, majoritariamente, sobre as mulheres. “Eu deixei meu primeiro doutorado, faltando seis meses para concluir a tese, por causa do meu filho. A responsabilidade da maternidade leva a esse sentimento de culpa e de esquecer de si”, afirmou.
Ela reforça que muitas mães chegam a se anular, por acreditar que isso trará melhores condições ao filho. “Por ela não ter suporte, acaba construindo essa anulação”, completou.
Recompensas
Na associação, ela relata que o trabalho traz recompensas profundas. Um dos casos marcantes envolve uma mãe em tratamento contra o câncer que lutava para manter a terapia do filho. “Toda vez que chego na clínica e vejo o olhar dela sorrindo e o filho tendo o tratamento, essa é a recompensa que eu tenho”, contou.
Apesar das dificuldades de comunicação em grandes grupos – algo que ela atribui ao próprio diagnóstico – Alcione afirma que a meta da associação é descentralizar e fortalecer a atuação em todo o estado.
“Nós não temos ainda essa capilaridade, mas a ideia é fomentar lideranças em cada lugar, para que as mães tenham esse empoderamento e possam fazer essa luta conosco”, reforçou.
O programa Mais Saúde é apresentado pelo jornalista Ismael Gama e vai ao ar todos os domingos, às 9h, pela TV Assembleia (canal 9.2, TV aberta; canal 309.2, Sky; e canal 17, Maxx TV).
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